O pior atentado contra americanos antes do 11/9

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A vítima mais velha tinha 82 anos, a mais nova dois meses. Naquele 21 de Dezembro de 1988, na Escócia, morreram 270 pessoas, 11 das quais atingidas no solo por destroços do boeing que voava de Londres para Nova Iorque ao serviço da Pan Am (nome de código: voo 103). Entre os mortos estavam representadas 21 nacionalidades, com destaque para os cidadãos dos Estados Unidos: 180 mortos, incluindo 35 estudantes da Universidade de Syracuse, no estado de Nova Iorque. Até aos atentados de 11 de Setembro de 2001 contra Nova Iorque e Washington, em que morreram quase 3000 pessoas, nunca antes o terrorismo matara tantos americanos de uma só vez. As suspeitas, desde o início, recaíram sobre a Líbia, liderada por um Muammar Kadhafi, então espécie de pária internacional.

Passados 20 anos sobre o atentado de Lockerbie, cerca de 350 familiares das vítimas (e representantes das autoridades) reuniram-se na pequena localidade escocesa, onde um memorial relembra aqueles que morreram a bordo do avião, mas também as vítimas no solo.

Decidida a ser aceite pela comunidade internacional, a Líbia entregou à justiça britânica dois suspeitos do atentado (um dos quais foi condenado a prisão perpétua, Abdelbaset Ali Mohmed al-Megrahi) e concordou em pagar uma impressionante indemnização de 1,5 mil milhões de dólares (cerca de mil milhões de euros) aos familiares das vítimas de Lockerbie e também aos das vítimas de um atentado bombista ocorrido numa discoteca de Berlim em 1986.

Al-Megrahi, que sofre de um cancro em fase terminal, viu ser-lhe recusada no início de Novembro uma libertação condicional, mas entre aqueles que defendem a sua inocência está Jim Swire, pai de Flora, uma das passageiras do voo 103 da Pan Am. Este médico, que em 2005 se encontrou com o líbio Al-Megrahi, duvida das provas que serviram para a condenação do antigo responsável pela segurança das linhas aéreas líbias e ex-agente secreto de Kadhafi. O próprio Al-Megrahi sempre reivindicou a sua inocência.

Swire, um médico, tem em curso uma petição ao primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, para que apoie uma investigação da ONU aos atentados de Lockerbie. Mas as suas hipóteses de sucesso são escassas. Lorde Fraser, que na época da explosão liderava o sistema judicial escocês, disse ao jornal The Guardian que Swire parece sofrer de uma espécie de síndroma de Estocolmo - simpatia pela causa dos raptores ou, neste caso, dos agressores.

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