7 dias, 7 propostas pelo artista Vasco Águas

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1. Exposição
Um Cento de Cestos
no Museu de Arte Popular, em Belém.
Domingo, 10 de outubro

Com curadoria exímia da Passa ao Futuro, esta exposição teve como ponto de partida o estudo de materiais e técnicas usadas nas coleções de cestaria portuguesa do Museu de Arte Popular e do Museu Nacional de Etnologia. Parte de uma pesquisa que está em processo sobre as tecnologias de cestaria portuguesa, esta exposição é também um apelo à ação, através de instrumentos que permitem uma melhor compreensão deste ofício e a sua releitura através de um novo design regenerativo, utilitário, sustentável e a sua adaptabilidade às exigências contemporâneas. Como complemento à exposição, aconselho vivamente uma visita ao site da Passa ao Futuro para ficar a conhecer a importância do trabalho que esta associação tem vindo a desenvolver desde 2016. A missão da PAF, uma iniciativa cultural baseada em pesquisa, é a documentação para preservação do património imaterial e a herança cultural dos artesãos, artífices e ofícios portugueses, promovendo a colaboração e inovação entre artesãos portugueses e designers locais e globais para a criação e produção de novos produtos utilitários.
E, já que estamos em Belém, vale sempre a pena (re)visitar a pop-up Store Portugal Manual no Centro Cultural de Belém, localizada na loja dentro das bilheteiras. Para quem não conhece, a Portugal Manual é uma plataforma que tem por missão fazer a ligação entre uma rede de artesãos portugueses contemporâneos e o Mundo, com a missão de criar "um ecossistema de negócios e transmissão de saberes apoiada numa lógica de consumo sustentável". Na pop-up Store no CCB estão presentes cerca de 40 marcas da rede Portugal Manual, de áreas tão diversificadas como a cerâmica, joalharia, iluminação, moda e têxtil, entre outras.

2. Música
St. Vincent; Chico Buarque, Madonna, etc.
Começar a semana a ouvir música.
Segunda, 11 de outubro

Para além das escolhas ou sugestões mais ou menos aleatórias que vão surgindo nas plataformas de streaming de música, gosto sempre de ter tempo para regressar aos discos, particularmente aos de vinil, dos quais destaco o álbum Masseducation da St. Vincent, a Ópera do Malandro do Chico Buarque, o Ray of Light da Madonna, o Profana da Gal Costa, entre muitos outros.

3. Leituras
Brit Bennett; Anni & Josef Albers
Livros e biografias visuais
Terça, 12 de outubro

Pelo trabalho que desenvolvo nas minhas atividades profissionais - comunicação, direção criativa e artística - há uma necessidade e curiosidade constantes para estar informado sobre o que está a acontecer em Portugal e no mundo e, para tal, recorro a uma diversidade de publicações periódicas nacionais e internacionais. Destaco A Outra Metade, de Brit Bennett (editora Alfaguara), considerada uma das grandes novas vozes da literatura americana. Uma história que gira em torno do tema central da raça e da identidade, que faz uma importante reflexão sobre o peso do passado e as suas consequências no presente. Estive recentemente em Paris, onde tive oportunidade de ver, no Musée d"Art Moderne de Paris, a exposição retrospectiva inédita e brilhante, e a primeira exposição em França dedicada aos dois artistas enquanto casal. Para além das memórias da exposição, acabei por trazer comigo a biografia visual Anni & Josef Albers, Equal and Unequal, editada pela Phaidon, que, tal como a exposição, é a primeira monografia a celebrar o génio criativo e a relação entre Anni e Josef Albers, desde os anos de formação na Bauhaus ao intensivo período de produção artística no Connecticut. A melhor forma para revisitar o trabalho destes artistas, considerados por muitos como os protagonistas e pioneiros da Arte Moderna e do design.

4. Comer
Jantar com amigos
RESTAURANTE Âmago
Rua da Alegria 41C, Lisboa
Quarta, 13 de outubro


A oferta de restaurantes em Lisboa é imensa e com uma qualidade fantástica, o que torna difícil a escolha quando queremos ir jantar fora. Este ano descobri o restauranteÂmago, dos chefs André Coelho e Marta Caldeirão, uma experiência que recomendo sempre, com a particularidade, dependendo do número de pessoas que compõe o grupo de comensais, do restaurante poder ficar totalmente reservado para nós, uma vez que a capacidade do mesmo é para oito pessoas, sentadas numa única e longa mesa.

5. Doces
Barü.ba Pastry
Calçada da Estrela 5, Lisboa
Das 12h às 17h
Encerra aos domingos e segundas.
Quinta, 14 de outubro


Se a vida te apresentar doces, come-os.
Acusam-me de ser guloso, o que não é mentira. Há uns tempos descobri a Barü.bana na Comida Independente e fiquei fã das doces e inusitadas iguarias criadas pela Juliana Penteado que junta pastelaria e óleos essenciais. Agora a Barü.ba tem espaço próprio na Calçada da Estrela e a "perdição" é proporcional à oferta variada de bolos, bolachas, compotas e Flores de sal aromatizados com óleos essenciais. A sugestão é para quinta feira (no meu caso para ajudar a chegar ao final da semana com aquela energia extra), mas é perfeitamente válida para qualquer outro dia da semana, desde que a pastelaria esteja aberta.

6. Dançar
Matar saudades do Lux
Santa Apolónia, Lisboa
Sexta, 15 de outubro

Com o regresso à quase normalidade de tempos pré-pandemia, nada como fechar uma longa e intensa semana de trabalho a beber um cocktail num dos espaços mais agradáveis de Lisboa, o Javá, situado no Cais do Sodré, no terraço do edifício que em tempos albergou os CTT. A proximidade do rio e a vista sobre Almada e a margem a sul do Tejo fazem desta uma experiência memorável de fim de tarde, principalmente numa altura em que os dias ainda estão longos e amenos.
Terminar a semana a dançar. E que tal regressar ao Lux para recuperar as noites de dança perdidas dos últimos tempos?


7. Bairro
Campo de Ourique
Mercado de Campo de Ourique, Flammetta, Banema Studio e Maria Granel
Sábado, 16 de outubro

Conhecer um bairro de Lisboa: Campo de Ourique. Pela azáfama da semana de trabalho, é ao sábado que consigo ter tempo para organizar a semana seguinte e descobrir a zona onde vivo, Campo de Ourique, um dos mais vibrantes e peculiares bairros lisboetas, com energia e vivências muito próprias. A rotina de sábado começa pelo Mercado de Campo de Ourique - onde destaco, entre outros, a Peixaria da Lúcia e o Talho do Nuno Félix -, com passagens quase obrigatórias pela Maria Granel e pela mercearia do restaurante Fiammetta. Destaco ainda a Banema Studio, uma concept store com uma curadoria e seleção de produto muito especial e diversificada, desde as cerâmicas criadas por artesãs portuguesas aos mais refinados aromas para corpo e interiores, passando por livros incríveis, objetos e mobiliário criados por designers nacionais e internacionais. As lojas Banema - sim, há uma outra loja no Porto, que também recomendo - são também os únicos espaços em Portugal onde tenho o privilégio de expor os meus trabalhos. Para um almoço de comida de conforto de génese alentejana, A Trempe, um dos restaurantes mais antigos de Campo de Ourique, será sempre um lugar seguro para regressar.

Escolhas e sugestões por Vasco Águas, artista têxtil.

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