Surto da Comporta "controlado". 22 testes positivos e 28 negativos
A delegada de saúde de Alcácer do Sal, Tamara Prokopenko, recebeu às 23:35 desta quinta-feira os resultados dos últimos testes realizados no âmbito do surto da Comporta. Eram oito testes à covid-19 e deram negativo.
"Os testes realizados hoje deram todos negativo, o que significa que não vamos fazer rastreio massivo na Comporta. Posso considerar o surto controlado", disse ao DN.
Os delegados de saúde de Grândola e Alcácer do Sal estão a acompanhar com preocupação os casos da covid-19 de trabalhadores de dois restaurantes da Comporta, a Ilha do Arroz e o Museu do Arroz.
Foram realizados 50 testes, dos quais 39 a funcionários dos dois restaurantes e que, por vezes, circulavam entre os dois espaços. Os restantes são familiares e amigos que tiveram "um contacto de alto risco" com os infetados.
Vinte e dois deram positivo, entre estes 18 funcionários e quatro familiares. Vinte e oito deram negativo e, esta sexta-feira, serão testadas mais cinco pessoas. Para já, a médica de saúde pública, não vê necessidade de alargar o âmbito do rastreio. Antes do resultado, sublinhara que bastava um teste positivo para o fazer.
"Testámos todos os trabalhadores dos dois restaurantes e, agora, estamos a testar familiares e amigos, os contactos de alto risco mantidos pelas pessoas infetadas. Estes familiares e amigos trabalham, alguns também em restaurantes, e é essa avaliação que terei de fazer para perceber se é preciso alargar o âmbito dos testes", explicou, então, ao DN a delegada de saúde de Alcácer do Sal, Tamara Prokopenko.
Embora os restaurantes se localizem na freguesia do Carvalhal, no concelho de Grândola, as pessoas infetadas residem em localidades de Alcácer do Sal, nomeadamente nas aldeia de Possanco e da Carrasqueira - na zona do Museu do Arroz - e na freguesia da Comporta, em cuja praia funciona a Ilha do Arroz.
Os restaurantes foram mandados fechar por Ismael Selemane, o delegado de saúde de Alcácer do Sal. O primeiro, a Ilha do Arroz, fechou a 20 de agosto, e o segundo, o Museu do Arroz, esta quarta-feira, dia 26. O DN não conseguiu falar com o proprietário daqueles espaços que integram a Herdade da Comporta, em conjunto com outras quatro unidades de restauração.
"As pessoas contaminadas são do mesmo grupo, trabalhadores sazonais e que vivem em alojamentos proporcionados pelos restaurantes. Além dos funcionários, há familiares infetados, na maioria jovens. Deslocam-se de vários sítios, nomeadamente da Grande Lisboa, mas também do Barreiro, na maioria nepaleses, brasileiros, romenos e portugueses", informou Ismael Selemane.
Acrescentou que os restaurantes só abrirão se conseguirem encontrar outros funcionários, uma vez que as pessoas infetadas só poderão voltar ao trabalho depois de serem consideradas curadas da doença. E as que testaram negativo, mas que tiveram contactos de alto risco com quem está doente, têm de cumprir os 14 dias de quarentena.
O período de férias é sempre uma preocupação acrescida, embora no concelho não tenha havido situações complicadas, além de uma anunciada festa de sexo em julho, mas que não conseguiram localizar.
O presidente da autarquia, Figueira Mendes, disse ao DN que criaram uma comissão para acompanhar a pandemia, onde se incluem as autoridades de saúde, e que reúne três vezes por semana. E que estão a acompanhar a evolução da situação.
Em comunicado, apela "a todos os agentes económicos, entidades e população em geral que continuem a cumprir as medidas de segurança e higiene recomendadas pela Direção Geral de Saúde e se protejam e mantenham o distanciamento social e os cuidados recomendados". Salienta que, até ao momento, não têm casos resultantes deste surto, contudo a autoridade local de saúde continua a acompanhar em permanência a evolução da situação.
Em Alcácer do Sal, registam-se 29 os casos do SARS-Cov-2 ativos, entre os quais os 22 do surto da Comporta. E há 14 pessoas que já recuperaram da doença.
"Trabalhamos sempre em consonância com a autoridade de saúde e a GNR. Estamos muito atentos em relação à situação da Comporta e em contacto permanente com a delegada de saúde, que tem sido excelente", refere Ana Mendes, chefe de gabinete do presidente da autarquia, Vítor Proença.
A delegada de saúde, Tamara Prokopenko, sublinha que estão a viver a situação mais difícil da doença no concelho desde o início da pandemia. Se o cenário evoluir de forma negativa, o rastreio será alargado.
A principal medida tomada é o confinamento obrigatório para as pessoas infetadas e com quem tiveram contactos de alto risco. Estão sujeitas a "uma vigilância ativa", o contacto diário dos médicos dos centros de saúde. Esta lista está, também, na posse da GNR que contacta as pessoas para saber se estão a cumprir o confinamento, sensibilizando-os para a necessidade de cumprirem as regras.