Em conferência de imprensa, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) sublinhou a "profunda" crise económica e financeira que se vive no sector, responsabilizando as reduções de preço dos medicamentos decididas pelo Governo..Segundo o presidente da ANF, João Cordeiro, há já 375 estabelecimentos com fornecimentos suspensos, um crescimento de quase 50 por cento nos últimos seis meses..O número de processos judiciais por regularização de dívidas de farmácias aos grossistas aumentou perto de 40 por cento, bem como o número de estabelecimentos com pagamentos em atraso..A ANF diz que o valor dos processos judiciais e dos acordos para regularizar as dívidas ultrapassa os 150 milhões de euros..Apesar da "situação de emergência" e "devastadora" denunciada pela associação, João Cordeiro admitiu que ainda não houve encerramentos.."As farmácias não fecham. Ficam a dever, tentam resistir, até chegar à altura limite de fechar. Algumas conseguem transferir-se para outros locais. Nos últimos anos mais de 300 farmácias tiveram que abandonar o interior do país. A situação do encerramento é a situação limite à qual se tenta resistir", justificou João Cordeiro..Com fortes críticas à política socialista na área da saúde, o presidente da ANF responsabilizou o Governo pela "crise económica e financeira nas farmácias" e pelo crescimento da despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS)..Segundo as contas da associação, 96 por cento do crescimento da despesa do SNS em 2010 deveu-se a quatro medidas políticas..A não actualização dos preços de referência dos remédios terá custado 12,3 milhões de euros, as novas comparticipações de medicamentos terão ficado em 20,7 milhões de euros, a comparticipação a 100 por cento dos genérico implicou um custo de 26,8 milhões de euros e a nova comparticipação de doenças especiais terá ficado em 5,9 milhões de euros..A ANF referiu ainda que apesar do mercado do medicamento em ambulatório ter diminuído entre Janeiro e Julho deste ano, a despesa do SNS subiu 8,4 por cento.."Nenhum sector de actividade consegue viver nesta anarquia", lamentou João Cordeiro