23 jogos depois Portugal volta a sorrir nos sevens
Desde a vitória sobre a Rússia, nas meias-finais da Shield em Glasgow, em maio passado, que os Lobos não sabiam o que era vencer em etapas do circuito mundial. Mas ao fim 23 jogos e quatro torneios completos sem triunfos (!), Portugal voltou a sorrir hoje, no Allianz Stadium em Sidney.
Num ambiente elétrico e fabuloso, com as bancadas muito compostas e repletas de gente com múltiplos disfarces e disposta a tudo para ir dançando e cantando durante horas e horas, o regresso de Sidney como cidade anfitriã da etapa australiana está a constituir um enorme sucesso.
Os dois jogos iniciais corresponderam a esperadas derrotas diante da equipa da casa (24-7) e depois da Nova Zelândia (40-5), com os Lobos a nunca terem resposta para a velocidade, poder físico e sucessão de magníficos "off-loads" dos adversários.
A única nota positiva veio de Adérito Esteves, que ao marcar um ensaio em cada uma das partidas atingiu a mítica marca dos 100 ensaios obtidos no circuito mundial - é primeiro português a conseguir este número redondo -, algo que seria realçado e valorizado, quer na transmissão televisiva da World Rugby quer no próprio estádio.
Mas no derradeiro jogo e frente a um Canadá que também ainda não se encontrou esta época sob a liderança de Liam Middleton e ainda procura o apuramento para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no torneio final de qualificação que se disputará em junho, os homens de António Aguilar conseguiram por fim materializar a melhoria de rendimento que já se vinha notando nos últimos jogos e conquistaram uma brilhante vitória.
O jogo começou equilibrado e disputado apenas no centro do terreno e sempre longe das duas áreas de 22. Até que uma boa ação canadiana permitiu por fim a Fuailefau abrir o marcador (7-0). Contudo, a um minuto do fim da 1.ª parte, outra soberba e imparável arrancada de 90 metros de Tiago Fernandes - o jogador do Belenenses, 19 anos, está numa forma impressionante, recebeu o prémio do ensaio do etapa de Wellington, há oito dias e continua a impressionar - passava por toda a equipa contrária e colocava Portugal na frente (7-5).
Mas no pontapé de recomeço e já para lá da hora, o ressalto feliz de uma tapinha de Adérito permitia a Sean White pôr o Canadá inesperadamente por cima ao intervalo (12-5).
A 2.ª parte, contudo, seria toda da seleção nacional, que jogando finalmente cheia de moral e transpirando confiança, fez 21pontos sem resposta passando o resultado para 26-12, graças a três ensaios que deixaram atónitos e sem capacidade de resposta os canadianos perante Lobos a todo o gás. Tiago Fernandes voltou a sprintar 90 metros sem ser parado (até cansa vê-lo arrancar!). Depois Miguel Lucas foi esperto a roubar uma bola que lhe apareceu solta de um "ruck" e, sem falta, arrancar para novo ensaio; e finamente Vasco Ribeiro estreava-se a marcar no circuito perfurando uma defesa adversária totalmente esfrangalhada e que já apresentava mais buracos que um queijo gruière.
Phil Mack ainda reduziu para os finais 26-17. Mas já nada evitava o primeiro (e justo) triunfo de Portugal no circuito desta época, ao 18.º jogo realizado.
Portugal alinhou no último jogo com: Adérito Esteves, Vasco Ribeiro, Miguel Lucas; Pedro Leal, João Belo; Pedro Silvério e Tiago Fernandes. Jogaram ainda Vasco Poppe António Ferrador.
Com o 3.º lugar no seu grupo, Portugal vai disputar a Bowl e começa por defrontar, esta madrugada, a equipa convidada, o Japão, num jogo em que tem muita possibilidade de voltar a ganhar. Em caso de vitória irá encontrar na meia-final o vencedor do Samoa-Rússia ou, se for derrotado, enfrentará o perdedor do mesmo confronto entre samoanos e russos para as "meias" da Shield.