200 mil assinalam morte de Benazir Bhutto no Paquistão
Uma multidão deslocou-se ao mausoléu da família em Garhi Dera Bakhsh, na província de Sindh, no sul do Paquistão, onde Bilawal, filho de Bhutto e do presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, vai fazer o seu primeiro grande discurso em público.
Benazir Bhutto, que foi eleita primeira-ministra por duas vezes, foi morta num ataque suicida depois de um comício em Rawalpindi, a 27 de dezembro de 2007. Até hoje, ninguém foi condenado pelo assassínio.
Um forte dispositivo de segurança foi montado em torno do estádio onde Bilawal vai discursar. Segundo a polícia, o dispositivo envolve cerca de 15.000 agentes e 500 militares.
A família Bhutto é uma presença forte na política paquistanesa desde a independência do país, há 65 anos.
O pai de Benazir, Zulfikar Ali Bhutto, fundou o Partido do Povo do Paquistão (PPP) e dirigiu o país entre 1971 e 1977, quando foi afastado por um golpe militar. Em 1979, foi julgado por ter autorizado o assassínio de um opositor e condenado à morte por enforcamento.
Bilawal tinha 19 anos quando a mãe foi morta. Um porta-voz, citado pela agência France Presse, disse que este aniversário da morte de Benazir Bhutto vai marcar o início de um novo capítulo na história política do Paquistão.
O lançamento da carreira política de Bilawal ocorre a meses das eleições gerais, previstas para a primavera.
O pai, eleito presidente cerca de um mês depois do assassínio de Bhutto, está constitucionalmente impedido de liderar a campanha eleitoral do PPP.
Bilawal, de 24 anos, não tem ainda a idade mínima legal para se candidatar, que é de 25 anos, mas analistas políticos consideraram que uma campanha liderada por ele dá mais hipóteses ao PPP, até porque a popularidade do pai é atualmente baixa dadas as várias acusações de corrupção de que tem sido alvo ao longo dos anos.
Numa mensagem a propósito do aniversário da morte de Benazir, o primeiro-ministro paquistanês, Raja Pervez Ashraf, afirmou que os paquistaneses devem "afastar-se de preconceitos e manter a unidade" na homenagem à ex-primeira-ministra.
Em maio passado, Bilawal, que tem copresidido ao PPP com o pai desde a morte da mãe, acusou o ex-presidente Pervez Musharraf, autoexilado em Londres, de ter "assassinado" a mãe ao sabotar deliberadamente a sua segurança.
Já em 2010, um relatório da ONU concluiu que o assassínio de Benazir podia ter sido evitado e acusou o governo de Musharraf de não ter protegido a ex-primeira-ministra devidamente.
O regime de Musharraf atribuiu o assassínio de Bhutto ao líder talibã paquistanês Baitullah Mehsud, que negou qualquer envolvimento e foi morto num ataque com um avião não tripulado ("drone") norte-americano em agosto de 2009.