12 dias de um LEFFEST diferente e maior

O festival de Paulo Branco não baixou os braços face ao recolher obrigatório nos próximos fins-de-semana e prolongou a sua duração. Um evento de cinema que é um anúncio de resistência. O DN deixa cinco sugestões para uma invasão com distância social às salas de Lisboa e Sintra.
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Na diferença pode estar o ganho deste Lisbon & Sintra Film Festival - LEFFEST. Uma diferença que passa por um enfoque maior num jogo com a memória cinéfila e por um reforço de uma consciência de debate. Com prolongamento até dia 25 para suprimir as imposições de confinamento aos fins-de-semana, começa amanhã um festival que celebra uma vontade de todos continuarmos a ir ao cinema. Nesse sentido, quem for ao Nimas, ao Tivoli e ao Olga Cadaval está como que a encetar uma militância de liberdade em tempos em que a cultura está sob forte ameaça.

Como pontos fortes, impossível não destacar o foco ao cineasta Wong kar-wai, cujas cópias das suas obras mais conhecidas têm antestreia europeia no seu novo restauro digital. Um dos muitos luxos de uma edição na qual o cinema de Paul Thomas Anderson é alvo de uma retrospetiva e em que Ana Rocha de Sousa vai estar à conversa com Tiago Alves em sessões do Cinemax, programa da rádio e da televisão. Oportunidade para em Sintra e em Lisboa os festivaleiros ficarem a conhecer o seu trabalho nas curtas-metragens após toda a euforia gerada por Listen, obra que pode surpreender nas nomeações aos Globos de Ouro da Hollywood Foreign Press Association... De recordar que todas as sessões são feitas segundo as recomendações de segurança sanitárias em todos os espaços do festival e que o deplorável Rifkin's Festival, de Woody Allen, já não faz parte das antestreias programadas. O DN destaca cinco momentos imperdíveis para colocar na agenda.

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Um dos bilhetes mais quentes do festival. A estreia na realização do ator Viggo Mortensen e um dos títulos que maior mediatismo teve no último Festival de San Sebastián. A história de um pai a mostrar sinais de demência e a confrontar o seu filho gay com memórias do passado. Retrato de uma América homofóbica, Falling mostra-nos um Lance Henriksen como nunca o vimos, papel que dá justiça a um ator muitas vezes atirado para os papéis de vilão na série B...

dia 20, Tivoli, 19.30

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Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, o filme é um ensaio observacional de uma comunidade de nómadas na América que vive em andamento em caravanas. Simples e funcional, Chloé Zhao filma uma odisseia íntima de uma mulher viúva a confrontar os seus traumas e a solidão numa América onde a vida na estrada pode prenunciar uma possibilidade de liberdade. Uma bela boleia em formato de "road-movie" que nesta altura é já um dos favoritos à próxima temporada de prémios.

Dia 24, Tivoli, 19.00

Ferrara a filmar-se a si próprio num documentário feito durante o último confinamento. Os temas são a arte do realizador e a maneira como o realizador olha para o seu trabalho. São 65 minutos onde o vemos a interagir com os seus colaboradores, em especial o amigo e ator fetiche, Willem Dafoe. A sua última longa-metragem, Siberia, também é abordada, nomeadamente a forma como foi lançada no Festival de Berlim. Um auto-retrato que promete ser um dos filmes mais procurados nesta competição.

Dia 18, Olga Cadaval, 14.00

Dia 20, Nimas, 18.00

A cineasta de O Futuro está de volta com uma comédia sobre uma família disfuncional apostada numa existência de golpes e pequenos esquemas. Descrito como um Ocean's Eleven "arty", Kajillionaire foi estreado no Festival Sundance e tem um elenco de sonho: Gina Rodriguez, Debra Winger, Richard Jenkins e Evan Rachel Wood. Miranda July é um dos nomes subestimados do cinema americano de autor e aqui joga tudo num registo do absurdo. Um acontecimento no LEFFEST...

dia 17, Tivoli, 19.30

O filme mais aguardado do festival está na seleção de filmes fora de competição e marca a primeira vez que o maior cineasta espanhol filma na língua de Shakespeare. The Human Voice é uma curta metragem que terá uma sessão seguida de entrevista filmada a Almodóvar e à protagonista, Tilda Swinton. Baseado na peça homónima de Jean Cocteau, é um conto sobre uma espera angustiante de uma mulher abandonada pelo amante. Há quem fale em obra-prima. O filme tem estreia provável já no começo de dezembro nos cinemas de todo o país.

Dia 20, Olga Cadaval, 19.00

Dia 23, Tivoli, 19.30

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