100 Melhores BD do séc. XX

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A 15.ª edição do FIBDA decorre a partir de hoje na estação de metro Amadora-Este

Para comemorar o seu 15.º aniversário, o Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA), que hoje abre ao grande público e se prolonga até 7 de Novembro, pensou em grande. Não só o espaço do festival surge completamente renovado, situando agora o seu núcleo central no segundo piso da estação de metro Amadora-Este, como foi escolhido como tema e exposição central uma ambiciosa mostra, intitulada 100 BD'sdo Século XX, que percorrerá as personagens mais marcantes produzidas pela Nona Arte praticamente desde a sua origem.

As expectativas são altas, sobretudo depois de o festival ter sido obrigado a três anos de travessia do deserto, na Escola Intercultural da Venda Nova. Desde que a Fábrica da Cultura fechou as suas portas por falta de condições logísticas, o FIBDA teve de se conformar com um espaço acanhado e dividido em pequenas salas, que comprometia a qualidade das exposições. Além disso, a Escola Intercultural estava mal servida de acessos, transportes públicos e estacionamento, o que provocou um decréscimo relevante de público pagante e o consequente desagrado das editoras, que viram cair significativamente os lucros obtidos no espaço comercial.

Todos estes problemas poderão ser resolvidos com a nova localização, dentro de uma estação de metro e com bastante estacionamento exterior. O FIBDA irá ocupar um espaço de 2500 metros quadrados (pouco menos do que aquele que tinha disponível na Fábrica da Cultura), que irá servir no futuro como galeria comercial. Contudo, tal só deverá acontecer após o crescimento da área que circunda a estação de metro, nomeadamente com o desenvolvimento da Quinta da Falagueira, ainda bastante atrasada. Assim sendo, há fortes probabilidades de o festival se manter no local durante mais alguns anos.

núcleo central. Acompanhando este novo impulso logístico, a programação do FIBDA pôs igualmente de pé a sua exposição mais ambiciosa de sempre. 100 BD's do Século XX é o resultado de um vasto inquérito, promovido junto de críticos e investigadores de BD do mundo inteiro (responderam perto de uma centena), e prevê-se que seja realizado um levantamento bastante completo das personagens que marcaram a Nona Arte. Os responsáveis, sem desvendarem totalmente os nomes escolhidos, anunciaram já os dez primeiros classificados: Tintim, Batman, Corto Maltese, Astérix, Maus, Little Nemo, Blueberry, The Spirit, Peanuts e Krazy Kat.

Para além das 100 bandas desenhadas encontradas através do inquérito, os organizadores reservaram-se o direito de introduzir mais dez nomes, para corrigir injustiças geográficas (ou seja, para evitar o absoluto predomínio da BD franco-belga e americana) e incluir três autores portugueses, todos eles escolhidos entre a fornada clássica, o que é uma opção discutível, embora politicamente correcta, tendo em conta a mais-valia de alguma da BD portuguesa actual. Os três autores portugueses que foram incluídos em 100 BD's do Século XX são Eduardo Teixeira Coelho, Fernando Bento e Vítor Péon.

Ocupado por esta mostra, o núcleo central do FIBDA arranja ainda espaço para para dar a conhecer a BD argentina e flamenga, a obra do servo-croata Gradimir Smudja, do americano, sedeado no Japão, Seth Fisher (ver textos na página seguinte) ou do português Luís Louro.

mostras paralelas. De resto, e como é tradição, o FIBDA irá estender-se por outros espaços culturais da cidade. Fora do núcleo central, a exposição mais significativa é dedicada ao argumentista Neil Gaiman, um dos maiores nomes da BD anglo-saxónica. À semelhança da exposição dedicada no ano passado a Alan Moore, ela estará patente no Centro Nacional de BD e Imagem (CNBDI), e será essencialmente composta por pranchas originais de desenhadores que ilustraram argumentos de Gaiman, nomeadamente na importantíssima série Sandman.

Na Galeria Municipal Artur Bual será exibido um pequeno balanço dos 15 anos de FIBDA, com uma mostra intitulada 15 Autores Portugueses/15 Anos de Festival, enquanto o cartoon e a ilustração marcarão presença, como de costume, na Casa Roque Gameiro, nomeadamente através do trabalho da autora canadiana Danuta Wojciechowska.

Tal como é tradição, pelo núcleo central do festival passarão múltiplos autores, para as habituais sessões de autógrafos (ver página ao lado). A lista deste ano é um pouco menos estimulante do que em edições recentes, mas em 2004 o Festival de BD da Amadora parece ter argumentos bastante mais fortes do que as assinaturas nos livros para justificar uma visita.

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Sessões de autógrafos e conferências

hoje.

A partir das 15 horas, autógrafos com Ricardo Liniers, José Carlos Fernandes, Arnaldo Pedro, Esgar Acelerado e Rui Ricardo, Eliseu Gouveia e José Abrantes, Richard Câmara, Geral e Derradé, Bryan Talbot, Gonçalo Garcia e Seth Fisher. Debate com Seth Fisher, David Soares e Mário Freitas, sobre «A Indústria Americana de BD».

amanhã.

A partir das 15, autógrafos com Bryan Talbot, Johan De Moor, Achdé e Gerra, José Abrantes, Gonçalo Garcia, André Carrilho, Ricardo Liniers e Johan De Moor. Debates: «BD Argentina I», com Ricardo Liniers e Pedro Mota (16 horas); conversa com Bryan Talbot sobre a sua colaboração com Neil Gaiman (17); «O Regresso dos Clássicos», com Achdé e Gerra, Johan De Moor e Pedro Mota (18 horas).

Sábado, 30 de outubro.

Autógrafos de Jorge Gonzalez, José Abrantes, Miguel Rocha, Richard Câmara, Pedro Brito, André Carrilho, Seth Fisher.

domingo, 31 de outubro.

Autógrafos de Luís Pinto Coelho, Alvarez Rabo, Geral e Derradé, J. Abrantes, M. Rocha, Carrilho, J. Gonzalez e S. Fisher.

Segunda, 1 de novembro.

Autógrafos com Alvarez Rabo e José Abrantes. Conferências: «A Região de Turismo da Serra da Estrela em BD»; «A nova BD Infantil Portuguesa» e «A Pior Banda: um caso de sucesso».

Sábado, 6 de novembro.

Autógrafos com José Abrantes, Geral e Derradé, Miguel Rep, Juan Sasturain, Esgar Acelerado e Rui Ricardo, Marvano, Lorenzo Gomez, Ziraldo, Pedro Brito, M. Rocha, Marina Palácio. Conferências:

«Superfuzz»; «BD Argentina II»; conversa com Luís Louro.

domingo, 7 de novembro.

Autógrafos de Juan Sasturain, Miguel Rep, Lorenzo Gomez, Luís Pinto Coelho e José Abrantes.

Nesta edição de 2004, o núcleo central do festival da Amadora, situado no segundo piso da estação de metro Amadora-Este, tem um horário fixo: das 10 às 22 horas, todos os dias até 7 de Novembro. O ingresso custa três euros para maiores de 12 anos e dois euros para estudantes, portadores de cartão jovem e pensionistas. Há preços especiais para escolas. Este ano, como forma de comemorar a 15.ª edição do FIBDA, a organização promove várias formas de entrar gratuitamente no núcleo central. Assim, não pagará ingresso quem tiver 15 anos à data do festival, todos os visitantes mascarados de uma personagem de BD (desde que se identifiquem à entrada, por razões de segurança), e, durante os dias de semana, grupos de 15 pessoas que possuam qualquer tipo de afinidade entre si: por exemplo, 15 pessoas da mesma família, que vivam na mesma rua ou trabalhem na mesma empresa, com o mesmo nome ou com a mesma profissão. Como habitualmente, o acesso às exposições patentes nos restantes equipamentos culturais é gratuito para todos.

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