10 hábitos que vão mudar no setor imobiliário
A ComprarCasa, rede imobiliária com mais de 150 escritórios entre Portugal e Espanha, admite que a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus fez disparar os sinais de alarme no setor, mas ressalva que a conjuntura não é igual à da última recessão, em 2008.
Com base nas dezenas de reuniões que tem promovido com os seus agentes para identificar problemas e encontrar soluções para contornar a suspensão da economia e a consequente paragem do movimento de compra e venda de imóveis, a ComprarCasa concluiu que há "10 hábitos que o coronavírus vai mudar e, talvez para melhor, no sector imobiliário".
Se no passado a construção e o imobiliário foram "o pavio que desencadeou a crise económica, neste caso, é um dos afetados", diz a ComprarCasa. A última crise preparou os bancos centrais e o Banco Central Europeu a agir num contexto de incerteza.
Esta crise irá forçar uma redução dos preços das casas. As quebras poderão chegar aos 10%/15%. Nos próximos meses, é certo que o comprador voltará a ter a palavra, diz a ComprarCasa.
A experiência é uma ferramenta preciosa neste período. Por isso, os responsáveis ibéricos da ComprarCasa acreditam que "a extrema volatilidade observada nos mercados financeiros e as baixas taxas de juros" irão ajudar a consolidar o sector imobiliário como "um destino interessante para investimentos".
O período de confinamento que vivemos está a ajudar o setor a dar o salto tecnológico de que necessitava. Muitos profissionais estão a aproveitar esta pausa para ter formação, atualizar as suas ferramentas, fortalecer relações com os clientes graças à tecnologia. Nesta altura, há já mecanismos que permitem que o processo de compra de casa se desenvolva sem presença física dos intervenientes.
O turismo será um dos setores que mais vai sofrer com esta crise tanto em Portugal como em Espanha. É de esperar que muitos dos imóveis que até agora estavam afetos ao Alojamento Local migrem para o arrendamento tradicional de longa duração, "originando um aumento significativo na oferta e um natural ajuste nos preços", lembram os responsáveis da ComprarCasa.
A crise do Covid-19 deverá atrasar para 2023 o incremento da Euribor para taxas positivas, previsto inicialmente para 2022. O índice de referência ao qual a maioria dos empréstimos hipotecários está vinculada não deverá retornar a valores positivos nos próximos três anos. Com base nesta perspetiva, a ComprarCasa acredita que o setor imobiliário continuará a ser "um dos ativos mais interessantes para os investidores" e o impacto no segmento médio e médio/alto não durará muito.
Para a ComprarCasa, "as empresas de construção que tinham as suas obras - e respetivas vendas - já numa fase adiantada, poderão verificar que as entregas das mesmas se irá atrasar" e os seus compradores podem vir a ser afetados pelo desemprego. Porém, adianta, as entidades que poderão ser mais prejudicadas são aquelas que estavam com planos de comercialização ainda em projeto ou início de construção.
A gestão profissional de ativos permite uma resposta mais eficiente do que a dos proprietários privados. Essa tendência, que já se observava, deverá consolidar ainda mais após essa crise.
É muito provável que os vestígios que nos deixarão estas semanas de confinamento, com o fenómeno nacional, ibérico, europeu e até mundial que emergiu e que intitulamos de "As Varandas" e da convivência do "bairro" venham provocar uma profunda reflexão ao nível do planeamento urbano. Para a rede imobiliária, o perfil do consumidor de imobiliário deverá alterar face ao que vivenciou nas últimas semanas. Varandas, pátios e logradouros, mesmo pequenos, deverão ser valorizados pelos consumidores.
O imobiliário irá consolidar-se como uma atividade altamente profissionalizada e na qual apenas os melhores sobreviverão. A tecnologia que os agentes imobiliários possuem, a formação contínua, as operações em rede, os serviços complementares, as ferramentas financeiras e a força da sua marca, reforçarão a diferença entre sobreviver ou não.
jornalista do Dinheiro Vivo