1 centena em Lisboa solidariza-se com 'manif' espanhola
Na maioria foram espanhóis que aderiram a esta concentração, que foi divulgada através das redes sociais. Começaram por estar no passeio frente à embaixada, mas, seguindo uma indicação da polícia, mudaram-se, atravessaram a rua e sentaram-se junto ao monumento aos mortos da Grande Guerra. O dispositivo policial na zona, entretanto reforçado, conta com cerca de uma dúzia de agentes. Didac Moya, um natural de Barcelona que estuda Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, disse à agência Lusa que os agentes da polícia colocados na entrada da embaixada disseram que "é ilegal" a concentração, que não foi comunicada ao Governo Civil.
"Estamos aqui a dizer que é preciso dar cabo do bipartidarismo, que não representa realmente as pessoas, porque PP e PSOE são duas faces da mesma moeda", disse à Lusa Alba Soeiro, natural de Sandander, a estudar jornalismo em Lisboa. Didac Moya acrescentou que "um diz-se de esquerda, outro de direita, mas não há diferenças, nem nas políticas sociais, é só retórica". Alba afirmou que, a três dias das eleições municipais e regionais em Espanha, os políticos só estão preocupados com as dezenas de manifestações em cidades espanholas, no sentido de saber "como se vão refletir nos votos, não com o que querem ou por que lutam as pessoas".
Savina Lafita, uma catalã que trabalha como investigadora em Lisboa, afirmou que se deslocou à Avenida da Liberdade para "aproveitar a energia da rua" e solidarizar-se com os seus compatriotas que protestam em Espanha. "Portugueses e espanhóis estão, de certa forma, a viver uma realidade que é a mesma. Já ouvi pessoas em Espanha a dizerem que o protesto da Geração à Rasca as inspirou. Há um contágio de ideias e uma energia, uma garra, que tem que sair", afirmou. O namorado, o português Tiago Oliveira, trabalha num "call center" e esteva na Avenida da Liberdade a 12 de Março, no protesto da Geração à Rasca: "O país é diferente, mas o barco é o mesmo, os problemas também".
Alba Soeiro referiu que as pessoas que se concentraram frente à embaixada espanhola são pacíficas e não pertencem a nenhum sindicato ou partido. Sem uma organização centralizada, os manifestantes realizam uma espécie de comício em que vários intervieram, procurando debater como deve seguir esse processo.