Na praia de Apúlia tudo é rebuliço: as gentes que enchem o generoso areal; o sargaço que se enreda nas águas agitadas; o vento que impede o voo para norte das gaivotas estridentes. Mas há uma paz antiga entre a agitação desta pequena vila do concelho de Esposende (distrito de Braga), que pode advir dos vigilantes moinhos sobre as dunas.
Pode ter sido esse toque de quietude que levou Paula, personagem do primeiro romance de Rodrigo Guedes de Carvalho Daqui a Nada (1992), a sentar-se no paredão a ver o seu futuro. Ali ao lado, o pequeno porto de mar, com as cores dos barcos ancorados, faz promessas: peixe fresco, saltitante. Uma porta aberta à gastronomia - é o extremo Sul/Oeste do Minho, abrindo-se ao Douro Litoral, mas mantém a consistência da cozinha da região, polvilhada pelo óbvio cheiro de mar.
Os domingos de Verão e Agosto são momentos de rebuliço puro; noutras épocas, a força da antiguidade, aliada ao iodo do sargaço (alga marinha acastanhada que fertiliza os campos hortícolas), é certeza de novo fôlego. E o vento que trava as gaivotas empurra para o mar tudo o que vento e mar conjugam.