Zelensky convida cidadãos estrangeiros a lutarem ao lado de ucranianos

O presidente ucraniano disse que a noite passada foi "dura" e disse que negoceia com os russos, como estes propuseram, mas não em território bielorrusso.
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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou este domingo aos cidadãos de países estrangeiros amigos da Ucrânia para se juntarem à luta contra a agressão russa, integrando uma espécie de nova Legião Estrangeira.

Através de uma mensagem de vídeo, Zelensky assinala que todos aqueles que queiram juntar-se "à defesa da segurança na Europa e no mundo" podem ir para a Ucrânia e lutar "lado a lado com os ucranianos contra os invasores do século XXI".

A agência noticiosa Efe adianta que, segundo as normas o serviço militar nas Forças Armadas, os cidadãos estrangeiros podem aderir voluntariamente a unidades como as forças de defesa territorial.

A mensagem do Presidente ucraniano refere que os cidadãos estrangeiros que se desejem voluntariar-se podem entrar em contacto com o conselheiro de Defesa das embaixadas da Ucrânia nos vários países.

Ao mesmo tempo, Volodymyr Zelensky saudou a formação de uma "coligação" internacional de países fornecedores de ajuda à Ucrânia.

"Nós recebemos armas, medicamentos, alimentos, combustível, dinheiro. Uma coligação internacional forte formou-se para apoiar a Ucrânia, uma coligação anti-guerra", disse Volodymyr Zelensky num vídeo difundido nas redes sociais, citado pela agência France-Presse (AFP).

O Presidente ucraniano saudou concretamente o envio de armas pela Alemanha e Bélgica, bem como o acordo europeu para a exclusão de bancos russos da plataforma internacional de pagamentos SWIFT, engrenagem essencial das finanças mundiais.

Zelensky agradeceu ainda particularmente ao Presidente polaco, Andrzej Duda, pelos seus esforços com vista à integração da Ucrânia na União Europeia.

Denunciando as "ações criminosas" da Rússia contra a Ucrânia, estimou que estas tenham "as características de um genocídio" e exortou a comunidade internacional a privar Moscovo do seu direito de voto no Conselho de Segurança da ONU.

Em permanente comunicação com o exterior, sobretudo através das redes sociais, o presidente ucraniano disse ainda que a noite "foi dura" no país, com bombardeamentos russos a atingirem zonas habitadas.

"A noite passada foi dura, de novo tiros, de novo bombardeamentos de bairros habitacionais, de infraestruturas civis. Não há nada hoje que o ocupante não considere um alvo legítimo", afirmou o chefe de Estado ucraniano num vídeo divulgado nas redes sociais.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades.

"Vassylkiv, Kiev, Cherniguiv, Soumi, Kharkiv e muitas outras cidades, vivem em condições que não víamos na nossa terra (...) desde a Segunda Guerra Mundial", sublinhou o Presidente ucraniano.

Zelensky dirigiu-se aos bielorrussos, cujo país serve de base aérea às forças russas que invadiram na quinta-feira a Ucrânia para atacar Kiev.

"Do vosso território, são as nossas crianças que são mortas", disse, acrescentando: "Como vão conseguir olhar as vossas crianças nos olhos, uns aos outros?, como vão conseguir olhar os vossos vizinhos nos olhos? Os vossos vizinhos somos nós".

Zelensky admitiu ainda este domingo negociar com russos mas recusa que seja na Bielorrússia.

Zelensky reagia, através de uma mensagem de vídeo, às informações avançadas pelo Kremlin, segundo aos quais uma delegação russa chegou hoje à cidade bielorrussa de Gomel para conversações com responsáveis do governo ucraniano.

Volodymyr Zelensky indicou Varsóvia, Bratislava, Istambul, Budapeste ou Baku como locais alternativos para decorrerem as negociações.

O Presidente ucraniano considerou ainda que há outros locais possíveis para que delegações de ambos os países se possam sentar à mesa de negociações, mas deixou claro que a Ucrânia não aceita a escolha feita pela Rússia -- de que decorram na Bielorrússia.

Entretanto, a Rússia anunciou que vai aguardar até às 15:00 locais (12:00 em Lisboa ou GMT) por uma resposta da Ucrânia sobre a realização de negociações.

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