Sexton foi o melhor de um ano em que a Irlanda tudo levou
Premiando um 2018 de grandes feitos individuais e coletivos, a World Rugby atribuiu no domingo, na cerimónia realizada em Monte Carlo e que contou com o alto patrocínio dos Príncipes do Mónaco, ao médio de abertura da província do Leinster e da Irlanda Jonathan Sexton, 33 anos, o galardão de melhor jogador do ano, naquela que foi apenas a sexta vitória de um europeu face a 12 triunfos de atletas do hemisfério sul.
Sexton é tão-só o segundo irlandês a recolher este afamado prémio, depois do ex-talonador Ketih Wood, na edição inaugural em 2001. E o primeiro não neozelandês desde 2011 (!) quando o vencedor foi o francês Thierry Dusautoir.
Ao longo destes 12 meses, o n.º 10 e maestro da seleção irlandesa - pela qual se estreou em 2009 tendo já efetuado 78 jogos e alcançado um total de 743 pontos internacionais - marcou 99 pontos (todos com os pés, pois curiosamente não fez qualquer ensaio, convertendo 39 dos 50 pontapés tentados, numa média de concretização de apenas 78%) e nos 10 "test-matches" realizados alcançou nove vitórias e sofreu apenas uma derrota, precisamente no único jogo em que começou no banco de suplentes, em Brisbane, diante da Austrália.
Teve um papel fundamental nos vários títulos conquistados, começando pelo Torneio das Seis Nações que a Irlanda venceu com um "grand slam" (triunfos sobre todos os adversários) - e a sua influência foi logo decisiva na 1.ª jornada, em Pais, quando a perder e já para lá dos 80 minutos, conseguiu, sem tremer nem hesitar, um fantástico pontapé de ressalto de 30 metros só ao alcance de grandes campeões após uma sequência de 41 fases montadas à mão (!), virando o resultado para um suado triunfo por 15-13 que daria o tom para a cavalgada triunfante que se seguiria.
Esteve também na vitória por 2-1 nas "series" de junho na Austrália (primeiro triunfo irlandês ali em 39 anos!) e foi ainda essencial nesta janela internacional de novembro na qual a Irlanda venceu os quatro jogos, em especial no histórico triunfo diante dos All Blacks, o primeiro conseguido em casa em 113 anos de duelos.
A nível da província do Leinster (pela qual só perdeu um jogo em 2018), Sexton conquistou ainda este ano tudo. Ou seja, a competição doméstica (Guiness Pro14 que reúne as principais equipas irlandesas, galesas, escocesas, italianas e ainda duas franquias sul-africanas) e sua quarta Taça dos Campeões Europeus, que em maio ergueu em Bilbao diante dos franceses do Racing 92.
Sempre equilibrado e pouco impressionável mesmo nos momentos mais decisivos e quentes dos encontros, Jonny Sexton (1,89m e 92 kg) - com grau de bacharel em comércio pela universidade de Dublin - gere na perfeição a manobra atacante das suas equipas e, nas palavras do antigo selecionador nacional João Paulo Bessa, é mesmo "o rei das dobras, a maneira mais eficaz de atacar as defesas contrárias". Além disso, "a sua qualidade de serviço acaba por fazer sobressair os companheiros, em especial os três-quartos centro, como se viu na digressão do ano passado dos British and Irish Lions à Nova Zelândia na qual Jonathan Davies foi o melhor jogador, ao contrário das frouxas exibições que vem fazendo ao serviço do País de Gales. Falta-lhe um abertura como Sexton", remata.
O irlandês era o mais velho da lista de cinco nomeados que incluía os neozelandeses Beauden Barrett (melhor jogador em 2016 e 2017, que falhou assim um inédito terceiro triunfo consecutivo) e Rieko Ioane, e ainda os sul-africanos Faf de Klerk e Malcolm Marx.
Ao receber o prémio, e numa declaração lida pelo capitão da Irlanda Rory Best dado ter perdido a voz (...), Sexton elogiou os adversários pois "qualquer deles poderia ter ganho" e agradeceu aos companheiros e treinadores. "Se um n.º 10 ganha este incrível prémio é porque a equipa à sua volta e as equipas técnicas tornam o trabalho mais fácil. Temos alguns dos melhores treinadores do mundo e somos soberbamente liderados pelo Rory". E terminou agradecendo à mulher Laura: "Temos três filhos pequenos e desde o princípio a sua dedicação e trabalho permitem que eu me concentre diariamente no râguebi. Eu não conseguiria ter tido um ano com todo este sucesso sem ela."
Nos restantes prémios destaque para a vitória da Irlanda como equipa do ano, sucedendo a oito anos seguidos de triunfos da Nova Zelândia, com o selecionador irlandês, o neozelandês Joe Schmidt, a conquistar o título de treinador de 2018 ao levar a sua seleção ao 2.º lugar do ranking mundial (ainda atrás, mas pressionando os All Blacks, que ocupam o trono desde novembro de 2009).
Entretanto, esta manhã, Schmidt anunciou publicamente que irá deixar a seleção da Irlanda no final do Mundial do Japão do próximo ano (em novembro de 2019), mas nas suas palavras para descansar e dedicar-se à família "que tão sacrificada tem sido" e não para assumir o cargo de selecionador "all black", ao qual o seu nome vem sendo associado nos últimos tempos, em especial depois da fantástica vitória conseguida, há 10 dias em Dublin, sobre os bicampeões do mundo.
Jogador do ano - Johnny Sexton (Irlanda)
Jogadora do ano - Jessy Trémoulière (França)
Equipa do ano - Irlanda
Treinador do ano - Joe Schmidt (Irlanda)
Revelação - Aphiwe Dyantyi (África do Sul)
Jogador de sevens do ano - Perry Baker (EUA)
Jogadora de sevens do ano - Michaela Blyde (Nova Zelândia)
Árbitro do ano - Angus Gardner (Austrália)
Ensaio do ano - Brodie Retallick (Nova Zelândia) frente à Austrália
2017 - Beauden Barrett (N. Zelândia)
2016 - Beauden Barrett (N. Zelândia)
2015 - Dan Carter (N. Zelândia)
2014 - Brodie Retallick (N. Zelândia)
2013 - Kieran Read (N. Zelândia)
2012 - Dan Carter (N. Zelândia)
2011 - Thierry Dusautoir (França)
2010 - Richie McCaw (N. Zelândia)
2009 - Richie McCaw (N. Zelândia)
2008 - Shane Williams (Gales)
2007 - Bryan Habana (África do Sul)
2006 - Richie McCaw (N. Zelândia)
2005 - Dan Carter (N. Zelândia)
2004 - Schalk Burger (África do Sul)
2003 - Jonny Wilkinson (Inglaterra)
2002 - Fabien Galthié (França)
2001 - Keith Wood (Irlanda)
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