PCP fala em decisão "confrangedora". Chega pede debate com governo

Depois do anúncio de um princípio de consenso, oposição começa a reagir e critica decisão tomada a dois.
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O PCP considerou esta sexta-feira que os recentes encontros entre o primeiro-ministro e o presidente social-democrata para decidir sobre a solução aeroportuária para Lisboa são na realidade uma convergência na submissão à multinacional Vinci.

Em comunicado, a direção comunista sustenta que os encontros entre António Costa e Luís Montenegro, "incluindo o de hoje [sexta-feira]", têm como propósito, "na verdade, discutir o caminho para impor ao povo português a solução que melhor serve os interesses da multinacional Vinci, a quem foi entregue, em 2013, a concessão das infraestruturas aeroportuárias por 50 anos".

Em causa está, na ótica do PCP, a "submissão do poder político português aos interesses do grande capital", que é o verdadeiro decisor sem que "sequer necessite de estar presente" nas reuniões.

As conclusões anunciadas por Costa e Montenegro "apontam para um novo adiamento da necessária resolução do problema" que, para para os comunistas, surgiu quando PSD e CDS-PP "entregaram a ANA à multinacional Vinci" e quando esta "se recusou a avançar com a construção do novo aeroporto de Lisboa" no Campo de Tiro de Alcochete - solução que é defendida pelo PCP com a mais viável e que o partido sustenta na avaliação feita pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

O "significado político da convergência" entre o primeiro-ministro e Luís Montenegro é para o PCP o de adiamento dos "investimentos estratégicos", enquanto continuam os "problemas e riscos" associados à existência de um aeroporto no interior da cidade de Lisboa.

"É confrangedor a forma como PS e PSD encaram o processo de Avaliação Ambiental Estratégica e a escolha da entidade que a vai elaborar para impor, na prática, a opção que já escolherem sem terem coragem política para a assumir [...]. Que tal não seja o que melhor serve os interesses da Vinci é o verdadeiro problema que, quer PS, quer PSD, se têm revelado incapazes de resolver", completa a direção comunista.

O Chega requereu ainda a marcação de um debate de urgência sobre o novo aeroporto da região de Lisboa e indicou que se realizará na quarta-feira, defendendo que todos os partidos devem ser envolvidos no processo.

"O Chega entregou hoje [sexta-feira] na Assembleia da República um pedido de debate de urgência que se realizará obrigatoriamente na próxima quarta-feira, precisamente sobre o novo aeroporto, a sua localização, os motivos que levaram às decisões que o Governo tenha tomado e as razões pelas quais o PS não quer partilhar essas decisões com os outros partidos e apenas com o PSD", anunciou o presidente do Chega.

Num vídeo enviado às redações, André Ventura indicou que o objetivo é que o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, dê "a todos os partidos, a todos os portugueses, a explicação do que sucedeu naquele lamentável episódio, a explicação das razões do Governo para as decisões que tenha tomado sobre o aeroporto de Lisboa e o que está de facto em cima da mesa".

O Chega quer que todos os partidos "possam analisar, escrutinar" e o tema possa ser debatido.

Apontando que apelou "ao Governo que não se fechasse nos gabinetes de São Bento ou não se escondesse atrás de um único partido", André Ventura lamentou que o executivo "não ouviu nenhum dos apelos do Chega, assim como aparentemente o Presidente da República também não o fez".

E salientou que "esta é uma decisão que afeta gerações, afetará múltiplos governos e múltiplos ciclos parlamentares".

Ao DN, fonte próxima do gabinete parlamentar do Livre saudou a "abertura à sociedade civil, como é o caso das outras entidades" e relembrou que "o partido sempre defendeu a avaliação de impacto ambiental sem pré localizações e esse parece ser um passo próximo daquele que foi acordado entre as partes", mas "a decisão não tem de ficar limitada a estes dois partidos e deve ser alargada às outras forças políticas."

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