Estamos os dois a meio de um café quando Mário Roque, que além de colecionador e antiquário sei ser médico imagiologista, me diz que participou "no primeiro transplante cardíaco em Portugal, em 1983, feito pelo Queiroz e Melo". Não escondo a surpresa, mesmo que seja verdade que este brunch em Lisboa, numa Delidelux, é o nosso primeiro encontro e que Mário, aos 63 anos, conta já com uma daquelas vidas muito, muito vividas. Aliás, a prova é quando me diz que começou "nisto das antiguidades quando tinha 10 anos".."A minha mãe foi toda a vida uma grande colecionadora, porque tinha já bases familiares no domínio das antiguidades. E, desde os meus 10 anos, começou a introduzir-me nesse mundo. Comecei a acompanhá-la a antiquários, a feiras, primeiro nacionais e depois internacionais. Incutiu-me este gosto e o desejo da procura e da descoberta, ir descobrir a peça ao fim do mundo se possível. Andava sempre à procura e com uma grande preocupação de atualização, de se informar. Transmitiu três pontos essenciais: rigor nas atividades, preocupação com a qualidade e com a autenticidade das peças. Eram três pontos que para ela eram imprescindíveis", relembra Mário..Fico a saber também que foi devido a problemas de coluna que os seis anos a preparar-se para cirurgião cardíaco não tiveram o resultado previsto. "Eram demasiadas horas de pé, a operar", explica Mário. Como na época não era possível fazer duas especialidades, o pragmatismo do jovem médico levou-o a optar pela imagiologia, que praticou até 2006 no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide (de onde saiu com licença sem vencimento), e até há oito meses em clínicas privadas..Tempo inteiro agora, pois, dedicado a ser colecionador e antiquário, uma dualidade que me tenta explicar, pressentindo um leigo na matéria: "Só compro para venda aquilo que me agrada pessoalmente. Por exemplo, gosto muito da Luísa Correia Pereira, uma pintora que tenho exposta numa das minhas galerias, a Roque Too. Colecionei umas cem obras dela , agora estão expostas para venda até fevereiro, mas algumas que são da minha coleção estão lá mas nesse caso só para serem vistas.".Confessa que ao colecionador por vezes custa separar-se de algo que o antiquário conseguiu vender. Mas é a sina de quem decidiu viver do que gosta e sobretudo a fazer o que gosta: "Quando vejo algo e tenho de decidir se é para mim colecionador ou para mim antiquário tudo depende. Se é uma peça de que tenho já algo similar é para a loja, para a galeria. É muito difícil para mim separar as duas águas, e mesmo quando compro e decido ficar com a peça para a loja compro sempre como colecionador. Isto é: tento comprar peças que tenham qualidade para qualquer consumidor. Temos de sentir a peça, só conseguimos vender a peça se conseguirmos transmitir ao cliente o que a peça é.".O brunch, que na verdade é para nós um lanche a meio da manhã, decorre na Delidelux junto à Avenida da Liberdade. Café expresso duplo e um pastel de nata para Mário, menu pequeno-almoço para mim (sumo de laranja, croissant e café). Tive a ideia desta entrevista/perfil depois de ler aqui no DN uma crónica sua intitulada "O que move um colecionador de arte"..Pela qualidade da escrita, também pela riqueza do pensamento, adivinhava um homem cultíssimo, o que se confirma, alguém capaz de conversar sobre os descobrimentos, tema em que me sinto à vontade, ou sobre arte contemporânea, matéria que não arrisco..Mário fala-me um pouco da infância angolana. Nasceu no Luso, atual Luena, e viveu em África até aos 7 anos. Regressaram em 1964, por motivo de doença do pai - lúpus. O pai era engenheiro, a mãe professora, e foi uma missão de serviço paterna que o fez ter o antigo Luso como berço. As raízes familiares são Águeda, por um lado, e Alvaiázere por outro, mas em Portugal, depois de virem de Angola, fixaram-se em Coimbra durante um ano e, finalmente, em Lisboa.."A minha mãe chamava-se Maria Helena Roque e era professora de Físico-Química, mas também grande amante de arte. Quando se reformou, com 60 anos, montou um antiquário também na Rua de São Bento, onde estão hoje as duas São Roque. É a época em que a rua deixa de ser das velharias e passa a ser dos antiquários", conta Mário, lisboeta adotivo. Entre os pioneiros na rua onde vivia Amália e hoje está a casa-museu da fadista estavam também, acrescenta, Cabral Moncada Filhos e Miguel Arruda..A ida para a Bélgica, para se formar em Medicina numa altura em que Portugal vivia o pós-25 de Abril, reforçou em Mário o cosmopolitismo que a mãe tinha começado a incutir-lhe. "Bruxelas é uma cidade quase universal, tudo conflui lá. É uma cidade muito abrangente, tanto no ponto de vista das antiguidades como da arte contemporânea. A experiência de viver e estudar na Bélgica permitiu-me não só aprofundar os meus conhecimentos nas antiguidades como de ganhar o gosto pela arte contemporânea", diz..Peço uma garrafa de água com gás e o meu convidado imita-me. Fico ainda a saber que, sem filhos, Mário tenta agora passar a sua paixão para os sobrinhos, e, sublinha com um sorriso divertido," ainda não desisti"..Da mais famosa avenida lisboeta à Rua de São Bento, ali perto da Assembleia da República, são uns 15 minutos. Desafiado a conhecer a São Roque e a São Roque Too não hesito. E durante o caminho fico a saber da personalidade irreverente de Luísa Correia Pereira, pintora que Mário considera injustiçada em termos de reconhecimento, talvez culpa das manias que tinha, como aquela vez, conta o antiquário, em que "recebeu a visita de uns estudantes de Artes aos quais fechou a porta da rua à chave por dentro e disse que da casa não saíam enquanto não a limpassem de cima abaixo"..Também há tempo, durante a caminhada, para falarmos de recordes de venda ao longo da carreira: "Um cofre guzarate, mas já foi há uns anos", diz Mário, que percebo que não gosta de falar de dinheiro. Mas voltaremos ao assunto..Entro na São Roque Too (sim, too de "também" em inglês, a brincar com o two de "segunda") e a conjugação de peças antigas com outras contemporâneas parece funcionar bem. Existem expostos exemplos de arte indo-portuguesa, como um paramenteiro que em tempos esteve no Convento de Santo Agostinho em Goa, cujo preço anda nos 300 mil euros. E lá estão nas paredes, convivendo em harmonia com o mobiliário do século XVII e XVIII, várias pinturas de Luísa Correia Pereira, nascida em 1945 e que morreu em 2009, artista muito representada na coleção da Gulbenkian e que foi alvo de uma retrospetiva há cerca de 20 anos nessa instituição. A exposição atual, oficialmente denominada Pum, Pum, Catrapum Luísa Correia Pereira - Coleção São Roque, exibe 117 obras (exibia, muitas foram já vendidas, e um colecionador espanhol comprou oito). "Tal como nas antiguidades, a ideia é chamar a atenção para grandes artistas que por múltiplos fatores caíram no esquecimento", sublinha..O catálogo da exposição é bem cuidado graficamente, mas gosto ainda mais de um livro que Mário me oferece, O Primeiro Império Global. Serviu de apresentação para a participação na Bienal de Paris, realizada no Grand Palais, na qual o português mostrou peças de vários pontos do mundo que em tempos estiveram sob influência portuguesa. O impacto foi grande. "Uma salva em cobre e esmalte com as armas de D. Sebastião e motivos africanos foi considerada a melhor peça da Bienal de Paris em 2018, reputada feira com alguns dos maiores antiquários mundiais", destaca. Outro livro editado por Mário é Lisboa na Origem da Chinoiserie. A Faiança Portuguesa do Século XVII, sobre como fomos pioneiros a aproveitar o novo gosto europeu pelas coisas do Oriente. "Uma das finalidades da minha participação é a promoção da história e da cultura portuguesa, muito pouco conhecida, falando das peças, e contextualizando-as no tempo dos Descobrimentos, e publicando livros. Tem acontecido entrarem aqui na loja estrangeiros e dizerem-me: "Estive consigo em Paris, ouvi as suas explicações e li os seus livros, e fiquei com muita vontade de vir a Portugal conhecer o país e a arte portuguesa."".Na São Roque original, uns poucos metros a seguir à Too, nota-se mais acumulação de peças, um pouco mais loja e menos galeria. Chama-me a atenção Menino Jesus Bom Pastor, uma peça de marfim, feita de uma presa enorme de elefante indiano, com figuras do catolicismo esculpidas, mas com um Jesus no topo com um rosto e posição a lembrar talvez Buda. "E a montanha do Calvário que remete para o monte Meru e os seus templos, local habitado pelos deuses hindus", explica Mário..Volto à carga, antes de me despedir, insistindo na pergunta sobre a tal peça mais cara. E resposta é toda uma história. Aqui fica nas palavras de Mário: "A peça mais cara que já vendi foi um cofre guzerate, portanto da Índia, em madrepérola e tartaruga. Na altura foram 350 mil euros. Estamos a falar de uma peça do século XVI, de arte portuguesa. Já vendi outras de valores superiores, mas esta foi há 17 anos e destaca-se. Se fosse vendida agora seria por um milhão. Essa peça tem uma história engraçada. Eu ia muitas vezes à Índia com a minha mãe. Um dia recebo um fax com informação de uma peça que parecia um cofre guzarate. A imagem via-se muito mal e havia sempre a hipótese de aquilo ser falso. Metemo-nos no avião para a Índia e quando chegámos ao comerciante em Goa já lá estava outro antiquário escondido a ver se nós desistíamos da peça para ficar com ela. Acabámos por comprá-la. Peças desse género eram feitas em Guzarate, em Diu, mas vinham para Goa, onde era feita a montagem das pratas."
Estamos os dois a meio de um café quando Mário Roque, que além de colecionador e antiquário sei ser médico imagiologista, me diz que participou "no primeiro transplante cardíaco em Portugal, em 1983, feito pelo Queiroz e Melo". Não escondo a surpresa, mesmo que seja verdade que este brunch em Lisboa, numa Delidelux, é o nosso primeiro encontro e que Mário, aos 63 anos, conta já com uma daquelas vidas muito, muito vividas. Aliás, a prova é quando me diz que começou "nisto das antiguidades quando tinha 10 anos".."A minha mãe foi toda a vida uma grande colecionadora, porque tinha já bases familiares no domínio das antiguidades. E, desde os meus 10 anos, começou a introduzir-me nesse mundo. Comecei a acompanhá-la a antiquários, a feiras, primeiro nacionais e depois internacionais. Incutiu-me este gosto e o desejo da procura e da descoberta, ir descobrir a peça ao fim do mundo se possível. Andava sempre à procura e com uma grande preocupação de atualização, de se informar. Transmitiu três pontos essenciais: rigor nas atividades, preocupação com a qualidade e com a autenticidade das peças. Eram três pontos que para ela eram imprescindíveis", relembra Mário..Fico a saber também que foi devido a problemas de coluna que os seis anos a preparar-se para cirurgião cardíaco não tiveram o resultado previsto. "Eram demasiadas horas de pé, a operar", explica Mário. Como na época não era possível fazer duas especialidades, o pragmatismo do jovem médico levou-o a optar pela imagiologia, que praticou até 2006 no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide (de onde saiu com licença sem vencimento), e até há oito meses em clínicas privadas..Tempo inteiro agora, pois, dedicado a ser colecionador e antiquário, uma dualidade que me tenta explicar, pressentindo um leigo na matéria: "Só compro para venda aquilo que me agrada pessoalmente. Por exemplo, gosto muito da Luísa Correia Pereira, uma pintora que tenho exposta numa das minhas galerias, a Roque Too. Colecionei umas cem obras dela , agora estão expostas para venda até fevereiro, mas algumas que são da minha coleção estão lá mas nesse caso só para serem vistas.".Confessa que ao colecionador por vezes custa separar-se de algo que o antiquário conseguiu vender. Mas é a sina de quem decidiu viver do que gosta e sobretudo a fazer o que gosta: "Quando vejo algo e tenho de decidir se é para mim colecionador ou para mim antiquário tudo depende. Se é uma peça de que tenho já algo similar é para a loja, para a galeria. É muito difícil para mim separar as duas águas, e mesmo quando compro e decido ficar com a peça para a loja compro sempre como colecionador. Isto é: tento comprar peças que tenham qualidade para qualquer consumidor. Temos de sentir a peça, só conseguimos vender a peça se conseguirmos transmitir ao cliente o que a peça é.".O brunch, que na verdade é para nós um lanche a meio da manhã, decorre na Delidelux junto à Avenida da Liberdade. Café expresso duplo e um pastel de nata para Mário, menu pequeno-almoço para mim (sumo de laranja, croissant e café). Tive a ideia desta entrevista/perfil depois de ler aqui no DN uma crónica sua intitulada "O que move um colecionador de arte"..Pela qualidade da escrita, também pela riqueza do pensamento, adivinhava um homem cultíssimo, o que se confirma, alguém capaz de conversar sobre os descobrimentos, tema em que me sinto à vontade, ou sobre arte contemporânea, matéria que não arrisco..Mário fala-me um pouco da infância angolana. Nasceu no Luso, atual Luena, e viveu em África até aos 7 anos. Regressaram em 1964, por motivo de doença do pai - lúpus. O pai era engenheiro, a mãe professora, e foi uma missão de serviço paterna que o fez ter o antigo Luso como berço. As raízes familiares são Águeda, por um lado, e Alvaiázere por outro, mas em Portugal, depois de virem de Angola, fixaram-se em Coimbra durante um ano e, finalmente, em Lisboa.."A minha mãe chamava-se Maria Helena Roque e era professora de Físico-Química, mas também grande amante de arte. Quando se reformou, com 60 anos, montou um antiquário também na Rua de São Bento, onde estão hoje as duas São Roque. É a época em que a rua deixa de ser das velharias e passa a ser dos antiquários", conta Mário, lisboeta adotivo. Entre os pioneiros na rua onde vivia Amália e hoje está a casa-museu da fadista estavam também, acrescenta, Cabral Moncada Filhos e Miguel Arruda..A ida para a Bélgica, para se formar em Medicina numa altura em que Portugal vivia o pós-25 de Abril, reforçou em Mário o cosmopolitismo que a mãe tinha começado a incutir-lhe. "Bruxelas é uma cidade quase universal, tudo conflui lá. É uma cidade muito abrangente, tanto no ponto de vista das antiguidades como da arte contemporânea. A experiência de viver e estudar na Bélgica permitiu-me não só aprofundar os meus conhecimentos nas antiguidades como de ganhar o gosto pela arte contemporânea", diz..Peço uma garrafa de água com gás e o meu convidado imita-me. Fico ainda a saber que, sem filhos, Mário tenta agora passar a sua paixão para os sobrinhos, e, sublinha com um sorriso divertido," ainda não desisti"..Da mais famosa avenida lisboeta à Rua de São Bento, ali perto da Assembleia da República, são uns 15 minutos. Desafiado a conhecer a São Roque e a São Roque Too não hesito. E durante o caminho fico a saber da personalidade irreverente de Luísa Correia Pereira, pintora que Mário considera injustiçada em termos de reconhecimento, talvez culpa das manias que tinha, como aquela vez, conta o antiquário, em que "recebeu a visita de uns estudantes de Artes aos quais fechou a porta da rua à chave por dentro e disse que da casa não saíam enquanto não a limpassem de cima abaixo"..Também há tempo, durante a caminhada, para falarmos de recordes de venda ao longo da carreira: "Um cofre guzarate, mas já foi há uns anos", diz Mário, que percebo que não gosta de falar de dinheiro. Mas voltaremos ao assunto..Entro na São Roque Too (sim, too de "também" em inglês, a brincar com o two de "segunda") e a conjugação de peças antigas com outras contemporâneas parece funcionar bem. Existem expostos exemplos de arte indo-portuguesa, como um paramenteiro que em tempos esteve no Convento de Santo Agostinho em Goa, cujo preço anda nos 300 mil euros. E lá estão nas paredes, convivendo em harmonia com o mobiliário do século XVII e XVIII, várias pinturas de Luísa Correia Pereira, nascida em 1945 e que morreu em 2009, artista muito representada na coleção da Gulbenkian e que foi alvo de uma retrospetiva há cerca de 20 anos nessa instituição. A exposição atual, oficialmente denominada Pum, Pum, Catrapum Luísa Correia Pereira - Coleção São Roque, exibe 117 obras (exibia, muitas foram já vendidas, e um colecionador espanhol comprou oito). "Tal como nas antiguidades, a ideia é chamar a atenção para grandes artistas que por múltiplos fatores caíram no esquecimento", sublinha..O catálogo da exposição é bem cuidado graficamente, mas gosto ainda mais de um livro que Mário me oferece, O Primeiro Império Global. Serviu de apresentação para a participação na Bienal de Paris, realizada no Grand Palais, na qual o português mostrou peças de vários pontos do mundo que em tempos estiveram sob influência portuguesa. O impacto foi grande. "Uma salva em cobre e esmalte com as armas de D. Sebastião e motivos africanos foi considerada a melhor peça da Bienal de Paris em 2018, reputada feira com alguns dos maiores antiquários mundiais", destaca. Outro livro editado por Mário é Lisboa na Origem da Chinoiserie. A Faiança Portuguesa do Século XVII, sobre como fomos pioneiros a aproveitar o novo gosto europeu pelas coisas do Oriente. "Uma das finalidades da minha participação é a promoção da história e da cultura portuguesa, muito pouco conhecida, falando das peças, e contextualizando-as no tempo dos Descobrimentos, e publicando livros. Tem acontecido entrarem aqui na loja estrangeiros e dizerem-me: "Estive consigo em Paris, ouvi as suas explicações e li os seus livros, e fiquei com muita vontade de vir a Portugal conhecer o país e a arte portuguesa."".Na São Roque original, uns poucos metros a seguir à Too, nota-se mais acumulação de peças, um pouco mais loja e menos galeria. Chama-me a atenção Menino Jesus Bom Pastor, uma peça de marfim, feita de uma presa enorme de elefante indiano, com figuras do catolicismo esculpidas, mas com um Jesus no topo com um rosto e posição a lembrar talvez Buda. "E a montanha do Calvário que remete para o monte Meru e os seus templos, local habitado pelos deuses hindus", explica Mário..Volto à carga, antes de me despedir, insistindo na pergunta sobre a tal peça mais cara. E resposta é toda uma história. Aqui fica nas palavras de Mário: "A peça mais cara que já vendi foi um cofre guzerate, portanto da Índia, em madrepérola e tartaruga. Na altura foram 350 mil euros. Estamos a falar de uma peça do século XVI, de arte portuguesa. Já vendi outras de valores superiores, mas esta foi há 17 anos e destaca-se. Se fosse vendida agora seria por um milhão. Essa peça tem uma história engraçada. Eu ia muitas vezes à Índia com a minha mãe. Um dia recebo um fax com informação de uma peça que parecia um cofre guzarate. A imagem via-se muito mal e havia sempre a hipótese de aquilo ser falso. Metemo-nos no avião para a Índia e quando chegámos ao comerciante em Goa já lá estava outro antiquário escondido a ver se nós desistíamos da peça para ficar com ela. Acabámos por comprá-la. Peças desse género eram feitas em Guzarate, em Diu, mas vinham para Goa, onde era feita a montagem das pratas."