Os alemães vão votar num chanceler?.Não. Como nas legislativas em Portugal, na Alemanha o chefe do governo é escolhido após o apuramento do resultado das eleições parlamentares federais. As semelhanças ficam por aí: aos eleitores portugueses é pedido para optar por um partido ou coligação; já os teutónicos têm um sistema misto de escrutínio uninominal e de proporcionalidade..Como funciona o sistema?.Metade dos assentos do Bundestag estão reservados para o candidato (e não o partido)mais votado em cada um dos 299 círculos eleitorais. A outra metade (o chamado segundo voto) é para os deputados eleitos na outra parte do boletim de voto, na qual o cidadão elege um partido ou coligação (com a lista dos cinco primeiros candidatos). O objetivo é o de alcançar um equilíbrio entre a barreira dos 5% de votos para os partidos entrarem na câmara baixa do Parlamento e ainda assim possibilitar que partidos mais pequenos ou candidatos independentes possam ter representação..Então como se explica que a atual legislatura tenha 709 deputados?.Em teoria, são eleitos 598 parlamentares. No entanto, o método complexo de apuramento dos segundos votos, que é feito de acordo com o peso demográfico de cada região, implica que, na prática, quanto maior a pluralidade de votos em percentagem relevante, maior o número de deputados eleitos. Na legislatura que agora cessa a Alternativa para a Alemanha (AfD) elegeu apenas três deputados nos círculos uninominais, mas os 12,6% do segundo voto garantiram mais 91 assentos. Como esta força de extrema-direita não tinha representação anterior, foram criados 111 lugares suplementares. E não vale legislar para contrariar esta particularidade alemã: o Tribunal Constitucional decidiu em 2012 que os lugares suplementares não podem ser limitados..Quando é que se sabe quem vai suceder a Angela Merkel?.As projeções são reveladas assim que encerram as urnas, às 18.00 locais (menos uma hora em Portugal continental). Os resultados provisórios devem ser conhecidos nas primeiras horas de segunda-feira e dão uma indicação de quem irá ser o próximo líder, mas não é um dado adquirido. Angela Merkel pode continuar a liderar um governo de gestão durante vários meses..Como assim?.O sistema eleitoral alemão não admite a formação de governos apoiados por uma minoria de deputados, o que obriga à formação de coligações pós-eleitorais. Em teoria, as discussões podem arrastar-se por semanas ou meses. Nas últimas eleições as negociações para uma inédita coligação CDU-Verdes-Liberais acabaram por falhar e a grande coligação (CDU-SPD) foi reeditada, o que custou a liderança ao então líder social-democrata, Martin Schulz..Quais são as principais preocupações dos alemães?.Apesar das cheias calamitosas no verão terem recentrado o debate para as alterações climáticas, um estudo recente indica que os três principais receios dos alemães são económicos e o quarto são os refugiados..Quem é o favorito?.Em maio, os Verdes estavam na frente na média das sondagens. Depois a CDU de Armin Laschet liderou até meados de agosto, e de então para cá o SPD ficou em primeiro. Mas os partidos só se afastaram cinco pontos percentuais e acabaram a campanha com três pontos de diferença..Ainda que fiquem em terceiro os Verdes serão os vencedores?.Não porque, como é óbvio, não terão o mandato para prosseguir todas as políticas do seu programa. Mas sob a liderança da jovem Annalena Baerbock irão ter o melhor resultado de sempre e do ponto de vista pós-eleitoral os Verdes são quem se apresenta como a força presente em quase todos os cenários. Se eleger 140 deputados num total de 762, como a última sondagem Forza aponta, tem o tapete estendido para o governo..Se o SPD vencer qual é a coligação mais provável?.Perante as projeções das sondagens, ao partido de Olaf Scholz não chega aliar-se aos Verdes. A opção mais expectável é a coligação semáforo, assim chamada pelas cores dos partidos referidos e o amarelo dos liberais (FDP). Não descartado por Scholz seria um acordo com A Esquerda, mas é menos provável dada a aparente inflexibilidade dos pós-comunistas no que respeita à continuidade na NATO e na presença de tropas alemãs no estrangeiro.