"Manada de Bilbau". Quatro suspeitos ficam em liberdade e festejam para as câmaras

"Liberdade! Haxixe, droga não é má. Boa festa", celebraram. Associações feministas e de vizinhos criticam decisão do tribunal de deixar quatro dos seis suspeitos de violação de uma jovem em liberdade.
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Quatro dos seis jovens detidos por suspeita de terem violado uma jovem de 18 anos num parque em Bilbau, Espanha, ficaram em liberdade depois de serem ouvidos por um juiz. Três deles celebraram o facto diante das câmaras de televisão, negando a acusação e não hesitando em mostrar um charro e dizer que a droga "não é má".

A celebração "surrealista", como intitulam os media espanhóis, está a criar ainda mais mal-estar na cidade basca, onde associações feministas e de vizinhos criticam a decisão do juiz de deixar os suspeitos em liberdade. "Mais uma vez a justiça virou as costas às mulheres", disse a presidente da Associação Clara Campoamor, Blanca Estrella Ruiz, citada pelo jornal basco Deia.

Na sexta-feira, uma jovem de 18 anos foi ao hospital e denunciou ter sido violada em grupo no parque Etxebarria, em Bilbau. A polícia acabaria por prender, nesse mesmo dia, seis homens magrebinos de idades entre os 18 e os 36 anos. Presentes ao juiz, só dois ficaram em prisão preventiva e os outros quatro saíram em liberdade.

"A rapariga disse que o marroquino foi o problema e disse que estes quatro rapazes não", disse um deles, diante das câmaras do programa Espejo Público, da La Sexta. "Com o marroquino não falamos, não somos amigos", acrescentaram à saída do tribunal onde têm que se apresentar diariamente por decisão do juiz.

"Seis pessoas estávamos no rio e [a polícia] disse todos, seis pessoas. O juiz [diz que] não são seis pessoas", indicaram, num espanhol básico.

"Liberdade! Argélia. Não temos problemas com as miúdas... não fod***s agressivo. Fala com ela e se não, não fo**!, disse um dos homens. "Liberdade! Haxixe, droga não é má. Boa festa", acrescentam para as câmaras, mostrando um charro.

O grupo já está a ser apelidado de "manada" de Bilbau, numa comparação com o caso da violação de uma jovem nas festas de Pamplona, no verão de 2016.

A decisão de libertar os quatro homens não foi bem recebida na cidade. Num comunicado divulgado no domingo, a Federação de Associações de Vizinhos de Bilbau, manifestou que "a cidadania amanheceu com a noticia de que só dois dos seis indivíduos detidos esta sexta-feira em Bilbau, como alegados autores de uma agressão sexual em grupo por uma mulher de 18 anos foram enviados para a prisão de Basauri por ordem judicial, enquanto os outros quatro ficaram em liberdade com a condição de apresentar-se todos os dias em tribunal".

Após alertar que a vítima "vai poder cruzar-se na rua com os seus agressores", a federação pergunta "que se passa com os tribunais".

Também a organização feminista Associação Clara Campoamor criticou o juiz. "Estes quatro são iguais aos dois que ficaram presos, os seis violaram-na. Isso é claro porque foram acusados. Agora o juiz diz-lhes que vão todos os dias ao tribunal. Pois bem, vão ao tribunal todos os dias, mas e à tarde, e à noite. O que acontece? Estes homens estão na rua. O que vai acontecer a outras mulheres de Bilbau ou de outros sítios do País Basco. Que segurança nos está a dar este tribunal? Nenhuma", disse a presidente, Blanca Estrella Ruiz.

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