'SÃO TÃO BOAS COMO AS NOVELAS DO BRASIL'

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Telenovelas da TVI. A gala de hoje comemora uma década de ficção nacional, mas a primeira produção industrial de telenovelas começou em 1999. Guionistas explicam o sucesso com esgotamento das histórias que chegam do Brasil

A TVI comemora hoje uma década de ficção nacional. À partida pode parecer uma injustiça, já que a ficção nacional existe praticamente desde que há televisão no nosso país. Mesmo falando apenas em telenovelas, elas existiam muito antes de ter aparecido a TVI - recorde-se que a primeira telenovela foi transmitida em 1982 (Vila Faia). E a produção industrial de ficção portuguesa nem sequer tem dez anos, mas sim nove, já que a primeira telenovela da TVI, que alavancou a produção em série de telenovelas da produtora NBP, surgiu em 1999 com Todo o Tempo do Mundo. Ainda assim, logo à noite a estação de Moniz, esse sim completou dez anos esta semana à frente da TVI, vai realizar, e exibir, uma grande gala da ficção nacional.

Haverá razões para fazer uma festa? À primeira vista sim, e o autores confirmam-no. "As telenovelas que se fazem em Portugal são tão boas ou melhores das que se fazem no Brasil", afirma Rui Vilhena, autor de telenovelas como Ninguém Como Tu, Tempo de Viver e que está a escrever Olhos nos Olhos, que vai estrear-se em Outubro na TVI. "No Brasil existe um desgaste de ideias e há uma fuga da classe média para programas da televisão por cabo. As pessoas já não querem estar agarradas tanto tempo a uma história", afirma o autor nascido em Moçambique, mas que viveu e estudou comunicação social no Rio de Janeiro. "Caso o género telenovela esgote em Portugal, poderemos sempre fazer séries ou formatos mais pequenos que a telenovela, como as low cost, com poucos décors e poucos actores", explicou.

Tozé Martinho, outro autor (e também actor) de telenovelas, sublinha que as diferenças entre a ficção portuguesa de há dez anos e a que se faz actualmente é abissal. "Hoje podemos ser muito mais ambiciosos. Há muito mais dinheiro e podemos escrever coisas que não podíamos antes", esclareceu ao DN. E as telenovelas brasileiras? "Perderam muita qualidade", responde peremptoriamente. "Tanto ao nível do enredo, como de actores. Nunca mais apareceu ninguém com a qualidade de um Paulo Gracindo, por exemplo. Aliás basta rever a Gabriela (1975) para perceber como a qualidade de actores baixou no Brasil".

"As telenovelas portuguesas ganharam muita qualidade", afirma a autora Maria João Mira. E acrescenta: "As audiências das brasileiras baixaram porque os portugueses já não se identificam com aqueles costumes". |

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