'Pai' de Mafalda vence prémio Príncipe das Astúrias
Quino, nascido Joaquín Lavado, há 81 anos em Mendoza, recebe este galardão, no valor de 50.000 euros, no ano em que a personagem Mafalda, protagonista de centenas de tiras de banda desenhada, celebra cinquenta anos de existência.
Apesar de ter desenhado e publicado vários livros de desenho gráfico para um público mais adulto, nos quais predomina um humor corrosivo e negro sobre a realidade social e política, Quino fica célebre por uma personagem que se tornou numa das mais improváveis comentadoras políticas da actualidade.
Quino imaginou Mafalda para um anúncio publicitário a uma marca de electrodomésticos, para o qual lhe pediram que desenhasse a história de uma família típica da classe média.
A banda desenhada não chegou a ser publicada, mas Quino recuperou a personagem Mafalda quando o convidaram para publicar no Primera Plana, na altura um jornal que procurava fazer uma reflexão crítica da actualidade argentina e internacional.
Foi a 29 de setembro de 1964 que Mafalda surgiu. Uma menina de seis anos, de traços simples, cabelo negro farto e muito opinativa, que detestava sopa, adorava Beatles e tinha monólogos preocupados em frente a um globo terrestre.
Das tiras de Quino saíam comentários sobre a ordem do mundo, a luta de classes, o capitalismo e o comunismo, mas também, de forma mais subtil, sobre a situação política e social argentina.
Quino deixou de desenhar Mafalda em 1973, mas o interesse pela personagem perdura até hoje.
No ano passado, o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades foi atribuído à fotógrafa Annie Leibovitz.