'Fiel ou Infiel' com regras apertadas no Brasil
A justiça brasileira suspendeu na segunda-feira a emissão da estação de televisão Rede TV!. Na origem da decisão está um programa de João Kléber. A estação, de cobertura nacional, deverá retomar hoje as emissões, depois de assinado um acordo com regras estritas que envolvem, entre outros, o programa Teste de Fidelidade - que a TVI exibe com o nome de Fiel ou Infiel - também de João Kléber.
Na base da decisão judicial está um processo avançado por seis organizações não governamentais (ONG) brasileiras, segundo as quais os "apanhados" ("pegadinhas") incluídos no programa Tarde Quente, com autoria e apresentação do actor, violam os direitos humanos e estimulam a homofobia. O Ministério Público (MP) brasileiro determinou a suspensão do Tarde Quente e a sua substituição por conteúdos de "contra programação", produzidos pelas seis ONG e financiados, em 500 mil reais, pela Rede TV!. O Tarde Quente foi suspenso há uma semana. Os programas educativos deveriam ter começado na segunda-feira mas, perante a recusa da estação brasileira em cumprir a lei, a emissão da Rede TV! foi suspensa.
O DN apurou junto da emissora que ontem, ao fim da noite, foi assinado um acordo entre o Ministério Público, as seis ONG's e a Rede TV!. O acordo prevê o fim dos sketches de "apanhados" no Tarde Quente e o programa Teste de Fidelidade terá novas regras não poderão ser feitos "testes" a mulheres e será interdita qualquer mensagem que incite à violência ou humilhação.
Diogo Moysés, coordenador executivo da Intervozes, uma associação civil que "luta contra a violação dos direitos humanos nos media" e uma das que interpôs a acção judicial, disse ao DN que no Brasil "nunca uma acção teve tanto sucesso, porque poucos programas podem descer tão baixo".
A advogada do actor João Kléber, Taís Lasso, disse ao DN não conhecer este acordo e frisou "não aceitaremos qualquer censura imposta a programas de humor". Sobre o Teste de Fidelidade, lembrou que passa em horário nocturno. Taís Lasso disse ainda que Kléber, que está actualmente em Portugal, deixou gravados programas até Janeiro de 2006. O actor vai recorrer da decisão judicial (que implica uma multa pesada), alega "preconceito" por parte do MP e rejeita qualquer responsabilidade no corte de emissão da Rede TV!.