'Duas Caras' termina no Brasil sem beijo 'gay'

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Com elevada audiência (51 pontos no penúltimo capítulo), a novela Duas Caras da TV Globo - transmitida em Portugal pela SIC - terminou no sábado, no Brasil. No final brasileiro - há hipótese de mudança noutros mercados, embora exista uma tendência para manter a opção original - foi descartado o beijo gay e o casal composto por dois homens trocou um singelo aperto de mão.

Como o autor Aguinaldo Silva chamou de " hipócritas" os contrários ao beijo gay, supõe-se que esteja aborrecido com os responsáveis da emissora. Aguinaldo Silva foi editor do jornal gayLampião e sempre apareceu publicamente como defensor dos homossexuais.

No casamento colectivo da favela Portelinha, nada menos do que 11 casais dão o nó - mas sem o polémico beijo gay entre Bernardinho (Thiago Mendonça) e Carlão (Luigui Palhares). O autor Aguinaldo Silva teve de ceder à pressão da TV Globo - que optou por seguir um final mais conservador, de acordo com a visão das famílias -, possivelmente após consulta aos grupos de opinião que em parte guiam os destinos de muitos factos e personagens nas novelas.

O mesmo já tinha acontecido na novela América, de Glória Perez. "O que o telespectador viu foi uma cena de muito mau gosto. O juiz de paz fez um comentário homofóbico: 'Ai, meu Deus, nunca vi tanta frescura'", diz o jornal Estado de São Paulo.

Outros finais

No último capítulo, Ferraço (Dalton Vigh) e Maria Paula (Marjorie Estiano) ficam juntos. No entanto, a fortuna que Ferraço lhe havia tirado no início da ficção voltou para Maria Paula, e o empresário teve de cumprir dois anos de cadeia. Sem dinheiro e sozinho, Ferraço lamenta a situação, até que recebe um telefonema de Maria Paula. Finalmente vingada e satisfeita, a nova milionária pede ao marido que vá ter com ela e com Renato até uma praia paradisíaca.

Também a vilã, Sílvia ( Alinne Moraes), não foi punida. Ela é atropelada ao fugir da polícia e é ajudada por um motorista, que a socorre e a convida para fugir com ele, rumando até Paris. Como que a insinuar um triângulo amoroso, o motorista João Baptista ( Júlio Rocha) torna-se empregado do novo casal.

O triângulo amoroso formado por Bernardinho, Dália (Leona Cavali) e Heraldo (Alexandre Slaviero) ganha, judicialmente, o direito de adoptar uma criança. Amara ( Mara Manzan), que deixou a novela devido a um cancro, aparece no final, para reatar o seu casamento com Bernardo (Nuno Leal Maia).

Já o líder da Portelinha, Juvenal Antena (António Fagundes), ficou sozinho: Alzira (Flávia Alessandra) vai morar em Ibiza, em Espanha, onde conseguiu um emprego como dançarina. Já Evilásio (Lázaro Ramos) é eleito vereador e casa-se oficialmente com Júlia (Débora Falabella). E enquanto Gioconda (Marília Pera) é nomeada senadora, Branca (Suzana Vieira) e Célia Mara (Renata Sorrah) tornam-se amigas. O último capítulo revelou ainda a identidade do sufocador: Geraldo Peixeiro (Wolf Maya, o director da novela) era a personagem que perseguia as raparigas da discoteca.

Apesar de um final feliz, Duas Caras teve alguns percalços desde o início. Após os primeiros capítulos, o autor anunciou férias antecipadas, que não foram confirmadas, por interferência da TV Globo. As cenas de nudismo de Alzira (Flávia Alessandra) foram cortadas pelas autoridades. Mas Aguinaldo Silva "vingou-se" do Ministério da Justiça. Num dos últimos capítulos, a polícia interrompe a dança de Alzira, facto criticado pelas personagens da novela.| Com M.J.E.

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