Foi numa tarde de novembro de 2001 que Mohamedou Ould Slahi saiu da sua casa em Nouakchott para prestar depoimento no Ministério do Interior. De volta a casa em 2000 depois de 12 anos passados no Canadá e na Alemanha, esta não era a primeira vez que o mauritano era interrogado - ou não encaixasse o seu perfil no do suspeito de terrorismo que os EUA procuravam naquelas semanas que se seguiram aos atentados de 11 de Setembro, que fizeram quase 3000 mortos em solo americano.."Leva o teu carro. Esperamos que possas voltar hoje", disseram-lhe os dois responsáveis do ministério, enquanto Slahi, um engenheiro de telecomunicações então com 30 anos se despedia da mãe e da tia. Não voltou. E, passados quase 14 anos, continua detido em Guantánamo, sem ter sido julgado ou acusado formalmente de qualquer crime. É esse percurso da casa de família em Nouakchott até à prisão americana em Cuba e o que aí viveu que Slahi conta agora em Diário de Guantánamo. O primeiro relato na primeira pessoa de um prisioneiros de Guantánamo ainda encarcerado - com a descrição das torturas, privações e humilhações a que foi sujeito - surge num momento em que o presidente Barack Obama reafirmou, terça-feira no discurso do Estado da União, a intenção de encerrar a prisão. Um desejo que os republicanos prometem travar, tal como o têm feito nos últimos anos..Leia mais pormenores no epaper do DN