Protesto frente ao EPL, em Lisboa.
Protesto frente ao EPL, em Lisboa.Leonardo Negrão / Global Imagens

Adesão a greve de guardas prisionais rondou os 95%

A principal reivindicação é a equiparação ao suplemento de missão atribuído à Polícia Judiciária, exigência que tem motivado também os protestos da PSP e da GNR.
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 A adesão dos guardas prisionais à greve geral desta quinta-feira rondou os 95%, estimou o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), que convocou a paralisação.

"A greve de hoje encontra-se nos 95% de adesão a nível nacional. Estamos a falar de cerca de 1.200 guardas", disse à Lusa Frederico Morais, dirigente do SNCGP, adiantando que os profissionais exigem melhores condições salariais, dando o seu caso como exemplo por auferir pouco mais que o salário mínimo, apesar dos 20 anos de serviço, e pedem justiça na progressão na carreira, com um sistema de avaliação semelhante ao da PSP.

Outra das principais reivindicações é a equiparação ao suplemento de missão atribuído à Polícia Judiciária (PJ), exigência que tem motivado também os protestos da PSP e da GNR, que decorrem há mais de um mês.

"Infelizmente, o Ministério da Justiça, mais uma vez, esqueceu-se do corpo da guarda prisional, algo que a senhora ministra fez com muita habilidade ao longo de 18 meses", lamentou o dirigente sindical.

Além desta greve, centenas de guardas prisionais concentraram-se em frente ao Estabelecimento Prisional de Lisboa para exigir melhores condições e a equiparação ao suplemento de missão atribuído à Polícia Judiciária.

Guardas prisionais frente o EPL, em Lisboa, levaram uma urna simbólica do que dizem ser a sua carreira. Foto: Leonardo Negrão / Global Imagens

À hora marcada, pelas 14:00, mais de 100 guardas, vestidos de negro, ocupavam o passeio em frente ao Estabelecimento Prisional de Lisboa, um número que continuou a crescer, apesar da chuva, até às 15:00, hora a que estava previsto os manifestantes começarem a deslocar-se até à Praça do Rossio.

Estimando que o número de manifestantes possa ultrapassar os mil, Frederico Morais, que também participou na marcha, elogiou a adesão dos guardas, que diz "demonstrar a quem está no Governo e a quem poderá vir a seguir" que os guardas prisionais irão "exigir o respeito que nenhum governo teve até hoje".

Foto: Leonardo Negrão / Global Imagens

Durante mais de uma hora, os guardas carregaram um caixão por várias ruas de Lisboa, para "simbolizar o enterro da guarda prisional, que é o que a tutela tem feito há bastante tempo", explicou um porta-voz do movimento.

O protesto foi promovido por um movimento não sindicalizado de guardas, apesar de ter o apoio do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) e da Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional (ASCCGP).

"A senhora ministra da Justiça achou que era penoso o trabalho da PJ. Nós gostávamos de saber se há algo mais penoso do que trabalhar num estabelecimento prisional sem condições de trabalho e enclausurados", justificou Fábio Valente. 

A menos de um mês das eleições legislativas de 10 de março, Fábio Valente diz que os profissionais estão "fartos de promessas".

"Com o passar dos anos, têm-nos feito promessas, promessas e promessas. O que queremos é coisas concretas, queremos atitudes e que fique já definido o que é que o novo governo irá fazer em relação às forças de segurança", sublinhou.

Os guardas prisionais têm participado em várias ações de protesto nas últimas semanas, estando em curso uma greve às diligências até dia 25, além de uma greve geral marcada para hoje, que foi convocada pelo SNCGP.

À saída do Ministério, Fábio Valente disse que espera respostas às reivindicações do atual Governo demissionário e assegurou que os protestos não vão parar até às eleições.

"Vamos fazer um compasso de espera para obtermos uma resposta, mas o caminho faz-se caminhando e nós temos esse caminho bem traçado. Até dia 10 de março ainda falta algum tempo e até lá vamos ter novidades", disse.

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