Jair Bolsonaro, antigo presidente brasileiro.
Jair Bolsonaro, antigo presidente brasileiro.EPA

Polícia indicia Bolsonaro pelo crime de golpe contra Lula

Relatório de 700 páginas acusa ainda dois ministros do governo brasileiro anterior e mais 34 pessoas. Penas de prisão podem chegar a 28 anos.
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A Polícia Federal brasileira (PF) concluiu que Jair Bolsonaro participou de uma trama para tentar um golpe de estado e impedir a posse de Lula da Silva, em 2022 e 2023. Além do ex-presidente, dois ex-ministros, os generais Braga Netto, que era candidato a vice de Bolsonaro naquelas eleições, e Augusto Heleno, e mais 34 pessoas foram indiciados, isto é, considerados suspeitos.

“O relatório final foi encaminhado para o Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa”, diz a PF no relatório com 700 páginas.

Segundo a PF, as provas foram obtidas “por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefónico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder judiciário”.

As investigações apontam, de acordo com o comunicado, uma estrutura “dividida em grupos”: “O Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral, o Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado, o Núcleo Jurídico, o Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas, o Núcleo de Inteligência Paralela e o Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas”.

Também integram a lista de indiciados Valdemar Costa Neto, o presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência.

Os crimes apontados pela PF no relatório somam penas que vão de 12 a 28 anos, sem contar agravantes.

Jair Bolsonaro reagiu ao relatório numa nota à imprensa: “O juiz Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, atacou.

Já o atual presidente, Lula da Silva, referiu-se pela primeira vez ao plano arquitetado por militares para dar um golpe de Estado em 2022 e assassinar, por tiro ou envenenamento, os dois membros da lista vencedora, composta pelo então presidente eleito e pelo seu vice, Geraldo Alckmin, além do juiz Alexandre de Moraes, revelado pela PF.

“Eu sou um cara que tenho que agradecer agora, muito mais, porque eu estou vivo. A tentativa de me envenenar e ao [Geraldo] Alckmin não deu certo, nós estamos aqui”, disse, sob alguns risos, em evento no Palácio do Planalto para divulgar planos do governo para a concessão de rodovias ao setor privado.

“Eu não quero envenenar ninguém. A única coisa que eu quero é, quando terminar o meu mandato, que a gente desmoralize, com números, aqueles que governaram antes de nós, medir com números, quem fez mais escolas, cuidou dos pobres, fez estradas e pontes, e mais pagou salário-mínimo, é isso que eu quero medir porque é isso que conta no resultado da governança”.

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