Ministra ordena auditoria aos sistemas de segurança de todas as prisões do país
Gerardo Santos

Ministra ordena auditoria aos sistemas de segurança de todas as prisões do país

Isabel Leitão, subdiretora Geral da DGRSP, substititui Rui Abrunhosa Gonçalves, que se demitiu do cargo. Rita Júdice diz que fuga é de uma gravidade extrema que não se pode desculpar. E fala em "cadeia sucessiva de erros e falhas muito graves, grosseiras, inaceitáveis".
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"Aceitei o pedido de demissão apresentado pelo Senhor Diretor-Geral da DGRSP e pelo Subdiretor Geral com o pelouro dos EP. Assumirá funções, em regime de substituição, a Dra. Isabel Leitão, até aqui subdiretora Geral da DGRSP.

Mandatei a Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça para dar início urgente a uma auditoria aos sistemas de segurança de todos os 49 estabelecimentos prisionais do país. Temos de ter confiança nos equipamentos, nos sistemas de segurança e de vigilância. O Senhor Inspetor-Geral, aqui ao meu lado, compromete-se a entregar o resultado dessa auditoria até ao final do ano.

Decidi também ordenar uma “auditoria de gestão” ao sistema prisional, que avalie a organização e afetação de recursos da DGRSP e de todos os Estabelecimentos Prisionais do país. Esta auditoria, necessariamente mais demorada, vai ajudar-nos na tomada de decisões para uma melhor utilização de recursos e para efetuarmos as mudanças que se imponham.Aguardo o desfecho de outras investigações em curso e do processo de auditoria que está a ser levado a cabo pelo Serviço de Auditoria e Inspeção, da DGRSP, cujo trabalho deverá estar concluído dentro de um mês.Não hesitarei em dar impulso aos processos disciplinares ou penais que se revelem necessários.

1) Aceitei o pedido de demissão apresentado pelo Senhor Diretor-Geral da DGRSP e pelo Subdiretor Geral com o pelouro dos EP. Assumirá funções, em regime de substituição, a Dra. Isabel Leitão, até aqui subdiretora Geral da DGRSP.

2) Mandatei a Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça para dar início urgente a uma auditoria aos sistemas de segurança de todos os 49 estabelecimentos prisionais do país. Temos de ter confiança nos equipamentos, nos sistemas de segurança e de vigilância. O Senhor Inspetor-Geral, aqui ao meu lado, compromete-se a entregar o resultado dessa auditoria até ao final do ano.

3) Decidi também ordenar uma “auditoria de gestão” ao sistema prisional, que avalie a organização e afetação de recursos da DGRSP e de todos os Estabelecimentos Prisionais do país. Esta auditoria, necessariamente mais demorada, vai ajudar-nos na tomada de decisões para uma melhor utilização de recursos e para efetuarmos as mudanças que se imponham. Aguardo o desfecho de outras investigações em curso e do processo de auditoria que está a ser levado a cabo pelo Serviço de Auditoria e Inspeção, da DGRSP, cujo trabalho deverá estar concluído dentro de um mês.Não hesitarei em dar impulso aos processos disciplinares ou penais que se revelem necessários.

"Temos fundamento para concluir que a fuga de cinco reclusos resultou de uma cadeia sucessiva de erros e falhas muito graves, grosseiras, inaceitáveis que queremos irrepetíveis. Esta é a minha primeira conclusão: este episódio não traduz uma cultura de segurança e de exigência.

A segunda é a de que esta fuga foi orquestrada: não resultou do aproveitamento de uma distração, não foi uma fuga oportunista. Foi, como garantem os peritos de segurança, um plano preparado com tempo, com método e com ajuda de terceiros.

A terceira conclusão é a de que a recuperação da confiança no sistema prisional vai exigir a responsabilização a vários níveis e o reforço da fiscalização ao sistema prisional".

"Comecemos, então, pelos factos que resultam deste Relatório, e cuja divulgação não é suscetível de pôr em causa outras investigações em curso:

- A operação de fuga de cinco reclusos começou às 9h55 com a intrusão de três indivíduos no perímetro externo do EP.
- A evasão dos reclusos teve início às 9h57. O último recluso a evadir-se ultrapassou a vedação exterior do EP, às 10 horas e 1 minuto.
- Assim, segundo este Relatório, a evasão demorou seis minutos e foram usados recursos (como duas escadas) que não existiam no interior do EP.
- A fuga é detetada por dois guardas, quase em simultâneo, pelas 11h00. Um dos guardas encontrava-se no Pavilhão do EP, o segundo Guarda circulava de viatura no perímetro interior quando se depara com uma escada.
- O alerta dado a toda a corporação ocorre entre as 11h04 e as 11h08.
- Ainda segundo este Relatório, a cronologia dos factos segue a seguinte ordem:
- O Diretor do EP de Vale de Judeus é informado às 11h10
- Alerta a GNR às 11h18
- Informa a DGRSP às 11h19
- Às 12h o Diretor do EP confirma à DGRSP a fuga e a identidade dos cinco
reclusos
- Entre as manobras de aproximação dos cúmplices externos, às 9h55, e a deteção da
fuga, às 11h, decorreram 65 minutos.
- Entre o início da fuga e a comunicação ao órgão de polícia criminal competente (no
caso, a GNR) mediaram 83 minutos"

"Recebi hoje o relatório à atuação dos serviços. Este relatório resulta de um inquérito instaurado sábado na cadeia de Vale de Judeus. A fuga de cinco reclusos em plena luz do dia com ajuda extrena, saltando dois muros é de uma gravidade extrema que não podemos desculpar. Em nome da segurança da população, na confiança nas nossas prisões e pela reputação do nosso país" começou por dizer a ministra.

Antes da conferência de imprensa de Rita Júdice, já era conhecida a notícia da demissão do diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Rui Abrunhosa Gonçalves. A informação foi avançada à RTP por fonte ligada ao processo e, acordo com a Lusa, foi o próprio que apresentou a demissão à ministra, que foi aceite.

A demissão do diretor-geral dos serviços prisionais surge na sequência da fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus no sábado e horas antes da primeira intervenção pública de Rita Alarcão Júdice sobre este caso, numa conferência de imprensa no Ministério da Justiça, em Lisboa.

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