Mário centeno, governador do Banco de Portiugal. Foto: Leonardo Negrão/GI
Mário centeno, governador do Banco de Portiugal. Foto: Leonardo Negrão/GI

Progresso do país desde a troika não deve ser "convite à complacência", avisa Banco de Portugal

A instituição liderada por Mário Centeno admite como riscos à estabilidade "o ressurgimento de pressões sobre a dívida pública de países europeus e a eventualidade de novos choques inflacionistas que limitem o alívio da restritividade da política monetária".
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Atualmente, o banco central diz que "embora se observem alguns sinais de abrandamento", a economia portuguesa está numa "trajetória de redução das vulnerabilidades" que deverá continuar. A redução do endividamento é disso sinal, com a dívida pública a cair em 35 pontos percentuais entrre 2014 e 2023 para 97,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Também o endividamento de empresas e famílias está "abaixo da referência comunitária". "No final do primeiro semestre de 2024, o rácio de endividamento das famílias atingiu 82% do rendimento disponível, quase 50 pontos percentuais (pp) abaixo do máximo de 2009. O endividamento das empresas diminuiu para 76% do PIB, uma redução de 50 pp face ao máximo de 2012", destaca o Banco de Portugal.

Os principais riscos para as famílias seria a subida do desemprego e das taxas de juro, mas este cenário não é provável, na análise da instituição liderada por Mário Centeno, que também prevê uma subida da taxa de poupança das famílias. 

Em relação a setor bancário, o Banco de Portugal destaca as "melhorias assinaláveis em termos de liquidez, qualidade de ativos, eficiência e capital" nos últimos anos. As instituições financeiras beneficiaram do período de subida das taxas de juro, com o aumento da margem financeira (diferença entre lucros recebidos no crédito e juros pagos nos depósitos) a impulsionar os lucros da banca nacional. Contudo, lembra o banco central, entre 2011 e 2021 a rendibilidade dos capitais próprios dos bancos era negativa (-3,1%).

O Banco de Portugal considera que "não se tem assistido a uma deterioração da qualidade creditícia dos ativos bancários", tanto das  das empresas como das famílias. A redução do risco de incumprimento das famílias, defende a instituição que supervisiona o setor financeiro, em muito se deve ao aprofundamento da "recomendação macroprudencial" desde 2018, que "tem reforçado a resiliência do setor financeiro e dos mutuários". 

No entanto, tal como o resto da economia, a banca está exposta aos mesmos riscos  referidos anteriormente, e por isso o banco central recomenda que "as instituições devem ser prudentes na constituição de imparidades e na conservação de capital, reforçando a sua resiliência e a capacidade de financiar a economia perante choques adversos".

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