O Governo faz-se representar, na Assembleia, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.
O Governo faz-se representar, na Assembleia, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.JOSE SENA GOULAO / Lusa

Tudo que foi dito no debate de urgência sobre a redução do IRS

Menos de uma semana depois da polémica sobre as medidas anunciadas para o IRS, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, substituiu Joaquim Miranda Sarmento (Finanças) no plenário, onde deu explicações à oposição sobre a polémica relativa à redução de IRS.
Publicado a
Atualizado a

Após a leitura do expediente -- feita pelos secretários Jorge Paulo Oliveira e Joana Lima, durou vários minutos --, o debate inicia-se.

A primeira intervenção da tarde cabe ao PS.

Alexandra Leitão, líder parlamentar, é a primeira deputada a falar esta tarde.

O debate de urgência termina no Parlamento. 

Obrigado por ter estado desse lado.

Até breve.

O encerramento do debate cabe a António Mendonça Mendes, do PS, que fez parte do Governo de António Costa. 

Fecha dizendo que é claro que, "além da mentira", o Governo "quer descer impostos às empresas e não às famílias". "Sempre àqueles que menos precisam", atira.

Nos pedidos de esclarecimento à intervenção de Pedro Duarte, é o PS o primeiro a falar.

Pela voz de Miguel Cabrita, os socialistas dizem que o Governo ludibriou as pessoas de propósitos, e fala num "logro". "Há um logo. A parte esmagadora da redução fiscal vai mesmo para as empresas. Vai ou não pedir desculpa aos portugueses?", pergunta.

Depois, é Mariana Mortágua a atacar o Governo nesta matéria. "A descida generalizada de IRS é uma mentira, é o truque dos truques. O engano vai colar à pele não vai soltar. O único choque fiscal é a brutal redução do IRS e das grandes empresas", atira.

Depois, Hugo Soares sai em defesa do executivo e pede a Pedro Duarte para esclarcer o que ganharia o Governo em insistir numa mentira para logo depois mudar de ideias. 

Em resposta, o ministro dos Assuntos Parlamentares começa por dizer que o "Governo está a ser atacado por querer cumprir o seu programa".

Ao PS, responde com ironia, dizendo que pensava que Miguel Cabrita faria um mea culpa para reconhecer os erros do Governo anterior.

A Mariana Mortágua deixa uma sugestão: "Leia os documentos da próxima vez."

Fala pela primeira vez o Governo.

Na intervenção, Pedro Duarte começa por dizer que o "debate é um embuste", resultado "de uma tática" de quem "anunciou que o tempo das táticas tinha acabado" (uma referência ao discurso de Pedro Nuno Santos na noite eleitoral).

A oposição transformou "uma notícia boa em notíci a má". "Os portugueses terão a segunda descida no mesmo ano", aponta.

Assumindo que o Governo não se enganou no valor, não mentiu nem fez de conta, o ministro dos Assuntos Parlamentares relembra que sempre se prometeu a redução no IRS e nas isenções dos prémios de produtividade. 

"É cristalino", diz. Respondendo a Mariana Mortágua, reitera que o Governo "não mentiu aos jornalistas. Só um jornal escreveu que a redução iria somar aos 1,1 mil milhões inscritos no OE". E também não foi quebrada "a relação de confiança com o país".

Já na reta final do debate, é agora Hugo Carneiro, do PSD, a intervir.

Depois de justificar a ausência do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, recorda várias propostas que o partido fez em relação à redução de impostos. Diz que o governo PS é responsável por ter aumentado em "33 mil milhões de euros" em impostos.

"Querem ou não reduzir o IRS?", pergunta aos outros partidos. "Era importante que dissessem se vão ou não votar a favor da medida", diz, terminando: a reforma fiscal do Governo vai "envergonhar" os socialistas.

Fala Paulo Núncio, líder parlamentar do CDS, e sai em defesa do Governo e do primeiro-ministro. 

"O senhor primeiro-ministro disse sempre a verdade" sobre as medidas do IRS, diz, e enquadra temporalmente as intervenções (agosto, setembro e outubro de 2023).

"Disse sempre a verdade sobre a redução do IRS. O Governo vai precisamente aprovar a medida de redução apresentada em agosto/setembro". Isto, diz, prova a "coerência e consistência" do executivo, que deve ser "saudado".

"O Governo está a cumprir o programa, as famílias portuguesas verão o IRS aliviado já em 2024".

É agora Inês Sousa Real quem tem a palavra no debate.

Com apenas um minuto para falar, a deputada única do PAN pergunta se o Governo está disponível a rever escalões do IRS e pergunta se também há planos para falar do IVA, de que se tem de falar para se poder usar o termo "alteração fiscal", diz. 

Fala André Ventura.

Aborda primeiro o "equívoco" do Governo de Montenegro, atira depois à Iniciativa Liberal, que acusa de ser só "conversa de café, ou conversa de brunch, uma coisa meio liberalóide".

Dizendo que "devia estar aqui o ministro das Finanças", André Ventura afirma que "o PSD tem no seu programa a maior redução fiscal de que há memóra" e que essa "não pode ser 170 milhões de IRS".

Termina dizendo que, se a direita se quer mesmo distanciar do que foi feito pelo PS, não se "podem propor descidas que aqueles senhores [o PS] já fizeram".

Fala a líder parlamentar do PCP, Paula Santos.

Acusando o Governo e o seu "choque fiscal" de "beneficiar os mesmos" e de ser "vergar perante a CIP [Conferência Empresarial de Portugal]", a deputada comunista diz que o executivo esconde a "profunda desigualdade" entre os trabalhadores e os detentores de grandes fortunas.

No entender da líder da bancada do PCP, o Governo quer "substituir o salário por prémios", "desviar a discussão da necessidade do aumento dos salários" e, diz, "nem sobre isso conseguem ser claros". 

"Com as reduções dos impostos para as empresas, o Governo não se engana", atira.

Intervém em plenário o deputado do Livre, Jorge Pinto. 

Acusa o Governo de ter um programa "omisso" e pergunta: "Onde vai aplicar o excedente orçamental?"

Recorda que Rui Tavares, porta-voz do partido, avisou para o "salto de fé" que era o programa eleitoral em matéria de impostos, lamenta que se insista na redução do IRS Jovem e na redução do IRC. 

E exige depois ao Governo que diga se vai ou não apresentar um Orçamento Retificativo.

Fala Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal (IL). 

Dizendo que as ausências de Montenegro e de Miranda Sarmento é "indiferente", porque quando estiveram no Parlamento não responderam sobre o tema, o liberal diz que "ninguém percebeu". "O senhor deputado André Ventura não percebeu, e nem as forças vivas do PSD lhe disseram. No PS também ninguém percebeu", acusa. "A IL era o único partido que queria reduzir impostos", diz.

No final, solta um aviso: "O crescimento macroeconómico anunciado no programa eleitoral da AD não vai acontecer."

Na resposta a Hugo Soares (e depois de um pequeno contratempo com o microfone), Alexandra Leitão diz que o primeiro-ministro tem dito o que defendia na campanha eleitoral. "Com a mesma ambiguidade e dissimulação", critica.

Recorda também que o anterior Governo aplicou uma redução de IRS de 1,3 mil milhões, Alexandra Leitão aponta ainda a André Ventura, que a deputada considera ter vindo em "auxílio" do Governo. "Não me surpreende".

O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, deixa duas perguntas a Alexandra Leitão. Pergunta se é capaz de dizer que o primeiro-ministro mentiu no Parlamento ou se disse aquilo que defendeu durante a campanha.

"Confiando na sua lisura e verdade, é capaz de dizer que o senhor primeiro-ministro disse coisa diferente do que disse em campanha e o que estava escrito na página 35 do programa do Governo?"

Na primeira intervenção que faz, André Ventura atira, primeiro, ao PS. "Quem ouvisse Alexandra Leitão", diz, "parecia que o PS chegou de outro país qualquer".

E, depois, aponta ao agora deputado Fernando Medina (e ex-ministro das Finanças), utilizando uma notícia do jornal Eco, que diz que Medina utilizou dinheiro das pensões do futuro para financiar a queda da dívida. "Falta de vergonha", acusa o líder do Chega.

A intervenção de Mariana Mortágua causa alguma confusão relativamente ao regimento, porque Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, não percebe qual a "figura regimental" utilizada para intervir.

Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República, clarifica e pede que não se use a figura do pedido de esclarecimento para "outros efeitos", como declarações políticas.

A coordenadora do Bloco de Esquerda faz um pedido de esclarecimento, depois da intervenção de Alexandra Leitão.

Classificando a descida de impostos da AD como sendo "a mãe de todas as promessas", a líder bloquista recorda várias notícias sobre o tema e diz que "o Governo criou a ficção e deixou que se criasse". "Estamos perante um exercício de manipulação e um insulto, porque quer tomar o país por parvo", diz.

Fala em "propaganda" e diz que o executivo utilizou a descida do IRS (que disse ser uma "mentira") para "ganhar eleições".

Começando por lamentar a ausência "de quem tem explicações por dar" (Joaquim Miranda Sarmento e Luís Montenegro), a líder parlamentar do PS acusa também o Governo de "arrogância" para disfarçar a "incompetência".

Relembrando que este é o Governo que, na campanha, disse que ia fazer uma descida de impostos, Alexandra Leitão diz que a "grande medida eleitoral" é, afinal, de 200 milhões. "Feitas as contas, 88% da medida do PSD é, afinal, do PS", atira. "Em política, como na vida, é grave mentir", diz, endereçando um pedido a Miranda Sarmento, ministro das Finanças: "Diga qual é o valor real desta medida? Em que se traduzem os 2 mil milhões que a AD propunha entre 2024 e 2026?" 

Falando numa "nebulosa", Alexandra Leitão diz que "quando a palavra que melhor caracteriza um governo é 'ambiguidade', estamos conversados quanto ao futuro".

Também no passado sábado -- e minutos antes da declaração de Alexandra Leitão --, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, veio a público defender o Governo.

Abertura:

PS - 6 minutos

Pedidos de esclarecimento e debate:

PSD - 6 minutos;
PS - 6 minutos;
Chega - 5 minutos e 30 segundos;
Iniciativa Liberal - 4 minutos;
Bloco de Esquerda - 4 minutos;
PCP - 4 minutos;
Livre - 4 minutos;
CDS-PP - 4 minutos;
PAN - 1 minuto;
Governo - 6 minutos

O deputado afirmou que "o primeiro-ministro foi cristalino" sobre o tema, que "a proposta está clara na página 35" do programa eleitoral de Governo.

Deixando farpas à oposição, afirmou que "tem de se habituar" ao facto de haver políticos "cristalinos". "É preciso saber o que se diz, não vale a pena vir a reboque, tentar fazer política da má-fé. Este Governo anunciou de forma clara, e o primeiro-ministro não mentiu aos portugueses", diz.

O ministro dos Assuntos Parlamentares vai representar o Governo na quarta-feira no debate de urgência pedido pelo PS sobre a descida do IRS anunciada pelo primeiro-ministro, que gerou uma troca de acusações entre oposição e executivo.

Fonte do gabinete dos Assuntos Parlamentares disse à Lusa que o ministro das Finanças, que os socialistas tinham dito querer ver no parlamento a esclarecer o tema, viajou para Washington para participar numa reunião do Fundo Monetário Internacional já agendada.

Na ausência de Joaquim Miranda Sarmento, será o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que intervirá no debate em nome do Governo, devendo estar acompanhado pela secretária de Estados dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, segundo a mesma fonte.

No passado sábado, pela voz de Alexandra Leitão, líder da bancada, o PS criticou as medidas do IRS propostas pelo Governo.

A proposta do Governo, disse, "é um embuste, uma desfaçatez e a prova da falta de credibilidade" do executivo.

Considerando que "todo o país foi enganado", Alexandra Leitão afirmou que "a AD andou a propor aquilo que, afinal, estava no programa do PS". "É muito, muito grave", disse, lembrando que os socialistas alertaram "para o irrealismo do cenário macroeconómico".

"É mais vitimização e má-fé do Governo. Não se podem enganar todos, todos, todos", diz."Na verdade, o Governo não desmentiu. Só o fez quando perguntado sobre isso. Não houve um comunicado", diz.

Boa tarde.

O polémico pacote de medidas do IRS vai hoje ser debatido na Assembleia da República.

O debate, com caráter de urgência, foi pedido pelo grupo parlamentar do PS.

Uma das grandes bandeiras do programa eleitoral da AD e, depois, do programa de Governo, era a descida de impostos.

Segundo, o Governo de Luís Montenegro, a redução do IRS permitiria um alívio de 1,5 mil milhões de euros.

Mas, numa entrevista à RTP na passada sexta-feira, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, explicou que esse valor já incluía a redução em vigor com o Orçamento de António Costa, no valor total de 1327 milhões de euros.

A redução diz respeito às tabelas de 2023 e não é cumulativa com as de 2024. Algo que o ministro justificou com o facto de o imposto ter um princípio de anuidade. 

Segundo a grelha de tempos divulgada no site do Parlamento, o debate deverá durar 50 minutos e 30 segundos.

Eis a ordem (e o tempo) das intervenções:

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt