Igor Martins / Global Imagens
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Os trunfos de André Villas-Boas para destronar Pinto da Costa 

Com o lema “Só há um Porto”, o antigo treinador de 46 anos apresenta na quarta-feira a sua candidatura às eleições dos dragões, que estão previstas para abril. As primeiras ideias para um novo ciclo no clube assentam na recuperação financeira, na formação de talentos e na clarificação da relação com as claques. 
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Só há um Porto.” É este o lema da candidatura de André Villas-Boas à presidência dos dragões, que será apresentada na próxima quarta-feira, às 19.00 horas, na Alfândega do Porto. Há muito que o ex-treinador de 46 anos revelou o desejo de ser o sucessor do longo reinado de Pinto da Costa à frente dos dragões, que se iniciou em 1982, quando Villas-Boas tinha apenas quatro anos de idade. Contudo, quando expressou pela primeira vez essa vontade dizendo que era o seu destino, não admitia a possibilidade de ir às urnas contra o “eterno” líder do FC Porto. 

Só que, entretanto, tudo mudou. As dificuldades financeiras por que passa o clube fizeram-no mudar de ideias. E é por isso que esta candidatura tem causado alguma tensão entre os defensores do atual presidente, que ainda não anunciou se vai recandidatar-se, e aqueles que defendem a necessidade de um novo rumo para o FC Porto, cujo grupo se encontra com capitais próprios negativos na ordem dos 191,5 milhões de euros, sendo que os capitais próprios da SAD atingem os 175,98 milhões de euros negativos. 

André Villas-Boas apresenta-se na corrida eleitoral alavancado com o enorme sucesso que teve como treinador do FC Porto, em 2010/11, quando conquistou I Liga, Liga Europa, Taça de Portugal e Supertaça. Os desafios são agora diferentes, mas já fez saber nos últimos meses que se propõe inverter o ciclo mais negativo da era Pinto da Costa, tendo inclusive já lançado algumas ideias para o alcançar. 

Numa recente entrevista ao JN, André Villas-Boas definiu ser seu propósito fazer “uma gestão financeira responsável”, que diz ser “fundamental para o sucesso a longo prazo”. Nesse sentido, deixou a certeza que irá adotar medidas para reduzir a dívida e garantir o equilíbrio das finanças. É certo que, para já, ainda não disse como o irá fazer, mas deixou claro que conta para essa tarefa com Angelino Ferreira, antigo administrador da SAD portistas, que deixou o clube por divergências com a atual gestão, e que mereceu de Villas-Boas o crédito de ser o rosto de “uma década” de “uma gestão eficaz, qualificada e rigorosa” nos dragões.  

Sérgio Conceição é o treinador eleito

Outro dos temas que mais tem sido debatido no FC Porto é a continuidade de Sérgio Conceição como treinador principal, uma vez que termina contrato no final de junho. Em outubro, numa entrevista ao Expresso, André Villas-Boas criticou o facto de Pinto da Costa ainda não ter renovado contrato com o técnico que vai na sétima época no comando da equipa, aludindo inclusive a uma “relação tão amorosa” entre ambos. O candidato à presidência dos dragões já por várias vezes elogiou a competência de Conceição, a quem reconhece capacidade para projetar os valores do clube como ninguém, mas as suas declarações recentes são mais comedidas sob pretexto de a época estar a decorrer. “Quando formos eleitos, sentamo-nos com o treinador imediatamente ou no fim da época, nos timings que ambos entendermos, para saber o interesse que tem na continuidade”, assegurou na recente entrevista ao JN.  

No campo das infraestruturas, André Villas-Boas propõe-se fazer melhoramentos no Estádio do Dragão e no que diz respeito à academia de formação rejeita a ideia de ela ser edificada na Maia, assumindo que não faz sentido estar longe do plantel principal. Nesse sentido, defende uma solução junto ao atual centro de treinos do Olival, para a qual diz já ter um acordo para criar um centro de alto rendimento, onde além do futebol estará contemplado um pavilhão para as modalidades. Uma das grandes  promessas do candidato tem a ver com a aposta na formação de jovens talentos no futebol, defendendo que ela é “o futuro do clube”, pelo que pretende um centro de formação de excelência para preparar jovens para a equipa principal. Ainda no campo desportivo, propõe-se criar o futebol feminino e o futsal no FC Porto. 

Uma novidade no seu leque de ideias conhecidas até ao momento é a criação de parcerias estratégicas com clubes internacionais, com o objetivo de trocar conhecimentos e realizar estágios em grandes clubes europeus, pois considera que a internacionalização “é uma oportunidade de crescimento para o clube”.  

A comunicação é outro dos aspetos que Villas-Boas tem criticado, acusando-a de estar perdida e muito em cima do treinador principal, algo que pretende ver alterado com a implementação de novas estratégias, extensíveis ainda aos meios digitais do FC Porto. 

Mais polémicas são as suas ideias para o relacionamento do clube com as suas claques, que na era de Pinto da Costa assumiram uma importância crescente. André Villas-Boas já avisou que pretende maior clareza no que diz respeito à cedência de bilhetes a estes grupos de adeptos, assumindo que irá “intervir” se verificar a existência de “perda de valor que não sirva à instituição FC Porto da melhor forma”. Este será, aliás, um dos motivos pelos quais as claques se têm mantido ao lado do atual presidente, até ao momento. 

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