EUA e Reino Unido confirmam uso de novo míssil balístico pela Rússia
Kirill KUDRYAVTSEV / AFP

EUA e Reino Unido confirmam uso de novo míssil balístico pela Rússia

Depois de terem dado luz verde a Kiev para atacar o território russo com mísseis de longo alcance, de fabrico norte-americano, os EUA decidiram fornecer minas antipessoais à Ucrânia.
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O porta-voz do presidência russa (Kremlin) afirmou hoje que Moscovo alertou os Estados Unidos 30 minutos antes de ter disparado um míssil balístico hipersónico contra a Ucrânia.

"O aviso foi enviado automaticamente 30 minutos antes do lançamento", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pelas agências noticiosas russas, acrescentando que Moscovo mantém uma "comunicação constante" com os Estados Unidos sobre a questão das armas nucleares.

O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou hoje que as suas forças atacaram a Ucrânia com um novo míssil balístico hipersónico de médio alcance, sem carga nuclear, num ataque à cidade de Dnipro.

Em Washington, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, acusou a Rússia de estar "a provocar a escalada" na Ucrânia, ao mesmo tempo que Moscovo responsabiliza Washington pelo agravamento do conflito por permitir que o exército ucraniano usem mísseis norte-americanos em ataques contra território russo.

Rússia apontou hoje uma base de defesa antimísseis situada na Polónia como "mais uma provocação desestabilizadora dos Estados Unidos e dos seus aliados da NATO" e avisou que a infraestrutura está na mira das Forças Armadas russas.

"É mais um passo extremamente provocador numa série de ações profundamente desestabilizadoras por parte dos norte-americanos e dos seus aliados da NATO", comunicou a porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros russo, Maria Zakharova, em uma conferência de imprensa.

Maria Zakharova acrescentou que "dada a natureza do nível de ameaça das instalações militares ocidentais, a base de defesa antimísseis de Redzikowo, na Polónia, há muito que foi incluída na lista de alvos prioritários para possível destruição".

De acordo com a porta-voz, a base militar norte-americana, que o presidente polaco Andrzej Duda inaugurou oficialmente no dia 13 de novembro, "enquadra-se na prática destrutiva de longa data de aproximar as infraestruturas militares da NATO das fronteiras da Rússia".

"Isto leva naturalmente a um aumento dos riscos estratégicos e, consequentemente, a um aumento do nível global de risco nuclear", alertou a diplomata.

 uso por Moscovo de um novo míssil balístico de médio alcance para atacar a Ucrânia é um "novo desenvolvimento preocupante", avaliou hoje o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas (ONU).

"Este é um novo desenvolvimento inquietante e preocupante, está tudo a avançar na direção errada", afirmou Stéphane Dujarric, em declarações à imprensa.

O porta-voz de António Guterres apelou às partes para que tomem "medidas urgentes no sentido da desescalada para garantir a proteção dos civis e das infraestruturas civis críticas", renovando mais uma vez o apelo do secretário-geral da ONU, e em conformidade com o direito internacional, para o fim desta guerra iniciada em fevereiro de 2022.

O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou hoje que as suas forças atacaram a Ucrânia com um novo míssil balístico hipersónico de médio alcance, sem carga nuclear, num ataque à cidade de Dnipro.

"Os nossos engenheiros chamaram-lhe 'Orechnik'", disse Putin num breve discurso à nação, adicionando que o ataque foi executado com um novo míssil de alcance intermédio e teve como alvo "um local do complexo militar-industrial ucraniano".

Questionado sobre o anúncio da decisão dos Estados Unidos de fornecer minas antipessoal à Ucrânia, Stéphane Dujarric observou que a posição da ONU "contra a utilização de minas em qualquer parte do mundo permanece inalterada".

Os Estados Unidos e o Reino Unido confirmaram hoje a utilização pela Rússia, contra a Ucrânia, de um novo tipo míssil balístico, num ato que interpretam como uma tentativa de intimidação.

Um alto responsável do Governo norte-americano, citado pelas agências internacionais, afirmou tratar-se de um "míssil de médio alcance" disparado contra a cidade de Dnipro e não de um míssil intercontinental, como foi inicialmente avançado pelas autoridades ucranianas.

Segundo Washington, este "míssil balístico experimental de médio alcance" foi disparado pela Rússia com o objetivo de "intimidar a Ucrânia e os países que a apoiam".

Contudo, para o Governo norte-americano, esta estratégia de Moscovo "não vai mudar a situação neste conflito".

Segundo um porta-voz do chefe de Governo britânico, Keir Starmer, a Rússia utilizou "pela primeira vez" na Ucrânia "um míssil balístico com um alcance de vários milhares de quilómetros".

"Isto é obviamente muito preocupante e constitui um novo exemplo do comportamento irresponsável da Rússia, que apenas reforça a nossa determinação em apoiar a Ucrânia durante o tempo que for necessário", comentou o porta-voz do primeiro-ministro do Reino Unido.

Londres não clarificou se o míssil disparado era "intercontinental", como foi reivindicado por Kiev.

O Governo norte-americano anunciou hoje uma série de sanções contra cerca de 50 instituições bancárias russas, com o objetivo de limitar "o acesso ao sistema financeiro internacional" e reduzir o financiamento do esforço de guerra russo na Ucrânia.

As sanções, que visam em particular o braço financeiro do gigante do gás Gazprom, o Gazprombank, afetam também cerca de 40 gabinetes de registos financeiros e 15 diretores de instituições financeiras russas.

"Esta decisão tornará mais difícil ao Kremlin [presidência russa] ter capacidade para contornar as sanções dos Estados Unidos para financiar e equipar o seu Exército", declarou a secretária do Tesouro, Janet Yellen, num comunicado.

"Continuaremos a tomar medidas contra qualquer canal de financiamento que a Rússia possa utilizar para apoiar a sua guerra ilegal e não provocada na Ucrânia", acrescentou.

Noutro comunicado, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca (presidência norte-americana), Jake Sullivan, recordou que "em setembro, o Presidente [Joe] Biden anunciou um aumento da ajuda e de outras ações para apoiar a Ucrânia na sua resistência à agressão russa".

"Hoje, os Estados Unidos impõem sanções significativas a mais de 50 instituições financeiras para reduzir a sua capacidade de prosseguir a sua violenta guerra contra o povo ucraniano", sublinhou Sullivan.

As sanções afetam o Gazprombank, mas também todas as suas filiais no estrangeiro, instaladas no Luxemburgo, em Hong Kong, na Suíça, em Chipre e na África do Sul.

Elas têm também como alvo mais de 50 instituições bancárias de pequena e média dimensão que se suspeita que Moscovo utiliza para canalizar pagamentos de equipamento e tecnologias que a Rússia está a adquirir.

O Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu hoje que o uso de armas ocidentais pelas forças ucranianas para atingir o seu país transformou a guerra na Ucrânia num "conflito global" e admitiu atacar os aliados de Kiev envolvidos.

"A partir deste momento, como sublinhámos repetidamente, o conflito na Ucrânia, anteriormente provocado pelo Ocidente, adquiriu elementos de caráter global", defendeu Vladimir Putin num breve discurso à nação.

O líder do Kremlin afirmou que o seu país está preparado para "qualquer cenário", após a utilização esta semana de mísseis de longo alcance fornecidos por Estados Unidos e Reino Unido em solo russo e da revisão da doutrina nuclear russa, que aumenta as possibilidades do Kremlin sobre o recurso a este tipo de armamento.

"Sempre estivemos prontos, e ainda estamos, para resolver todos os problemas por meios pacíficos, mas também estamos prontos para lidar com quaisquer desenvolvimentos", alertou Putin no discurso transmitido pela televisão russa, acrescentando: "Se alguém ainda duvida, é inútil".

Nesse sentido, advogou o direito de Moscovo "utilizar armas contra as instalações militares dos países que autorizam o uso do seu armamento" contra instalações russas.

O discurso do Presidente russo acontece no mesmo dia em que as autoridades ucranianas registaram um ataque, sem precedentes no conflito, de um míssil balístico sem carga nuclear contra Dnipro, no centro do país, e que foi confirmado por Putin.

"Os nossos engenheiros chamaram-lhe 'Orechnik'", disse Putin no seu discurso, adicionando que o ataque foi executado com um novo míssil de alcance intermédio e teve como alvo "um local do complexo militar-industrial ucraniano".

A Ucrânia já informou os seus aliados e vai ativar mecanismos na ONU, na NATO e na OSCE sobre a utilização de um novo tipo de arma intercontinental russa e pediu ações internacionais imediatas e sistemas de defesa antiaérea.

"O Ministério dos Negócios Estrangeiros já tomou uma série de medidas políticas e diplomáticas, incluindo contactar os nossos parceiros para os informar sobre o que aconteceu e o que sabemos neste momento", indicou à imprensa o porta-voz da diplomacia de Kiev, Georhii Tykhyi, citado pela agência Ukrinform, a propósito da alegada utilização pela Rússia de um míssil intercontinental, hoje em Dnipro, no centro do país.

O porta-voz informou que a Ucrânia "já está a ativar mecanismos da ONU e mecanismos da NATO" e planeia ainda envolver a OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa).

Tykhyi acrescentou que, além dos apelos e notas formais, a Ucrânia espera a convocação de formatos separados para "acordar o mundo e chamar a atenção" para esta escalada russa do conflito.

"Se a utilização de um míssil balístico intercontinental se confirmar, acreditamos que será possível afirmar que a Rússia se degradou ao nível da Coreia do Norte, que lança regularmente tais mísseis, assustando os seus vizinhos e aterrorizando o mundo", observou.

Segundo a Ukrinform, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano instou a comunidade global e todos os líderes que respeitam a Carta da ONU a responderem imediatamente ao uso deste novo tipo de arma pela Rússia, sem esperar por conclusões detalhadas de especialistas, e a mostrarem a rejeição destas ações.

"Além de declarações, precisamos de ações concretas por parte dos nossos parceiros e aliados para proteger vidas humanas, fortalecendo especificamente o escudo aéreo sobre a Ucrânia, dotando a Ucrânia de sistemas capazes de intercetar este tipo de mísseis. Estes sistemas existem no mundo, e é tempo de os transferir para a Ucrânia", apelou Tykhyi.

Um responsável norte-americano disse à Reuters que o míssil balístico utilizado pela Rússia para atingir a cidade de Dnipro não é intercontinental (ICBM), mas sim um míssil balístico de alcance intermédio.

Refira-se que Zelensky que afirmou esta quinta-feira que a Rússia utilizou um “novo tipo” de míssil e que “tem todas as características – velocidade e altitude – de um ICBM”.

O comentário do diplomata sobre o envolvimento britânico na guerra foi feito depois de os mísseis Storm Shadow, fornecidos pelos Reino Unido, terem sido aparentemente utilizados em solo russo pela primeira vez durante esta semana.

O embaixador russo no Reino Unido disse à Sky News que a “Grã-Bretanha está agora diretamente envolvida” na guerra na Ucrânia.

Questionado sobre a utilização de tecnologia chinesa, drones iranianos e tropas norte-coreanas pela Rússia, Andrei Kelin desvalorizou, referindo que há “muitos mercenários de diferentes países que estão a combater neste momento ao lado da Ucrânia”.

A Duma, ou câmara dos deputados da Rússia, aprovou hoje o orçamento do Estado para o próximo triénio (2025-2027), que prevê despesas com a defesa de 13,5 biliões de rublos (126,84 mil milhões de euros) em 2025.

Este valor representa um aumento de 24,4% no orçamento dedicado a satisfazer as necessidades do Exército na guerra na Ucrânia, em comparação com 2024 (105,47 mil milhões de euros), e representa 6,31% do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para o próximo ano, quando no atual exercício representa 6,7%.

O montante dedicado à defesa e à segurança nacional da Rússia representa cerca de 40% da despesa total do Orçamento do Estado russo e excederá as verbas destinadas conjuntamente a educação, saúde, economia e política social.

O presidente da Duma, Viacheslav Volodin, destacou o aumento da despesa com a política social - pensões, subsídios e apoio à família -, que ascenderá em 2025 a 66,47 mil milhões de euros.

Isto contradiz os planos anunciados pelo Governo de reduzir no próximo ano a despesa com a defesa dos atuais 105,47 mil milhões de euros para 86,38 mil milhões de euros, ao câmbio atual.

A despesa militar será ligeiramente reduzida em 2026 e 2027, segundo o Orçamento do Estado, que ainda tem de ser aprovado pelo Senado (câmara alta do parlamento russo) e promulgado pelo Presidente, Vladimir Putin.

No entanto, os números previstos no orçamento militar para este ano também não incluem os itens classificados como secretos, que também se destinam a financiar o esforço de guerra.

Putin sustentou que o desenvolvimento futuro do país está diretamente ligado ao resultado do conflito na Ucrânia, ou seja, à vitória no campo de batalha.

Para tal, a economia de guerra terá de garantir todas as necessidades das Forças Armadas, o que inclui armamento e equipamento militar, mas também assistência às famílias dos combatentes e investimento na indústria militar.

Embora se tenha declarado disposto a negociar uma solução pacífica para o conflito na Ucrânia com o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Putin também afirmou que Kiev deve aceitar a realidade no terreno - a anexação russa de quatro regiões ucranianas - e desistir da adesão à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Quase a cumprir três anos de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da recente autorização do Presidente norte-americano, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu hoje a Rússia como "o vizinho louco" que está a usar a Ucrânia como "campo de testes", depois de Kiev ter denunciado um ataque russo com um alegado míssil balístico intercontinental.

"Todas as suas características - velocidade e altitude - são as de um míssil balístico intercontinental. A perícia está em curso", disse Zelensky num vídeo publicado nas redes sociais, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

"O nosso vizinho louco (...) está a usar a Ucrânia como um campo de testes", afirmou Zelensky.

Para o líder ucraniano, o ataque sem precedentes que Kiev atribuiu a Moscovo mostra "o quão assustado está" o Presidente russo, Vladimir Putin.

Sem especificar o modelo, a Ucrânia acusou hoje a Rússia de ter disparado um míssil intercontinental contra a cidade de Dnipro (centro-leste), no que terá sido a primeira utilização deste tipo de arma num conflito.

A União Europeia (UE) defendeu esta quinta-feira que a eventual utilização de mísseis balísticos intercontinentais pela Rússia contra o território ucraniano é uma "clara escalada" do conflito, aumentando as tensões de maneira "quantitativa e qualificativa". 

"Há uma vontade [por parte da Rússia] de escalar o conflito, ao contrário de procurar maneiras de alcançar a paz. Se utilizassem mísseis balísticos intercontinentais, isso seria uma alteração quantitativa e qualificativa e uma clara escalada", disse o porta-voz do serviço diplomático da UE Peter Stano em conferência de imprensa, em Bruxelas.

No entanto, o porta-voz foi cauteloso em relação a uma escalada nuclear da invasão russa.

O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, "está a fazer o jogo nuclear desde o princípio" (24 de fevereiro de 2022) e Peter Stano observou que o perigo existe, uma vez que a central nuclear de Zaporijia continua sob ocupação militar russa e é alvo de bombardeamentos e conflitos entre militares dos dois lados.

"Mas é impossível dizer se [Vladimir Putin] está a falar a sério [sobre uma escalada nuclear]", comentou. 

A Ucrânia acusou a Rússia de ter disparado hoje um míssil intercontinental, concebido para transportar ogivas nucleares mas que pode usado como arma convencional, num ataque à cidade de Dnipro, no centro-leste do país.

A presidência russa (Kremlin) recusou-se esta quinta-feira a comentar a acusação da Ucrânia de que disparou pela primeira vez um míssil intercontinental contra território ucraniano, mas reafirmou que tudo fará para evitar uma guerra nuclear.

A Ucrânia acusou a Rússia de ter disparado hoje um míssil intercontinental, concebido para transportar ogivas nucleares mas que pode usado como arma convencional, num ataque à cidade de Dnipro, no centro-leste do país.

"Não tenho nada a dizer sobre o assunto", respondeu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, quando questionado sobre a acusação, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

Peskov afirmou que a Rússia vai fazer "todos os esforços" para evitar uma guerra nuclear, após uma revisão da doutrina russa que alarga a possibilidade de utilização de armas atómicas se o país for atacado com armas convencionais.

"Sublinhámos que, de acordo com a nossa doutrina, a Rússia está a adotar uma postura responsável para fazer todos os esforços para não permitir que surja um conflito deste tipo", afirmou.

Peskov acrescentou esperar que "outros países" adotem a mesma "postura responsável"

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, citada pela Sky News, disse esta quinta-feira que Moscovo está disponível para conversações de paz "realistas". 

“Estamos abertos a negociações, estamos prontos a considerar qualquer iniciativa realista e não politizada, claro”, referiu Zakharova.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo diz-se preparado para conversações de paz “baseadas na tomada em consideração" dos interesses de Moscovo.

“Gostaria de sublinhar mais uma vez: a palavra-chave é ter em conta os interesses do nosso país, a situação atual no terreno e as garantias de cumprimento dos acordos relevantes”, declarou Maria Zakharova. 

A embaixada dos Estados Unidos na Ucrânia reabriu hoje depois de ter encerrado na sequência da recolha de informações sobre a possibilidade de um ataque aéreo russo de grande envergadura na quarta-feira contra território ucraniano.

"A embaixada dos Estados Unidos em Kiev retomou o funcionamento", disse a embaixadora norte-americana em Kiev, Bridget Brink. 

Através de uma mensagem difundida hoje através das redes sociais, a diplomata pede aos cidadãos norte-americanos residentes na Ucrânia se mantenham atentos e que procurem abrigo sempre que sejam acionados os alertas de bombardeamento. 

A força aérea da Ucrânia fez saber que Moscovo lançou esta quinta-feira um míssil intercontinental contra território ucraniano, segundo avança a Reuters.

As autoridades ucranianas indicaram que o míssil foi lançado a partir da região sul de Astrakhan. Terá sido a primeira vez que a Rússia usou um míssil intercontinental, que tem um alcance de milhares de quilómetros e pode ser usado para o lançamento de ogivas nucleares. 

De acordo com a agência de notícias, o ataque russo teve como objetivo atacar empresas e infraestrutura crítica em Dnipro. Ainda não é claro se o ataque causou danos ou vítimas.  

A Ucrânia não perdeu tempo a fazer uso do levantamento de restrições não anunciado oficialmente por Washington, Londres e Paris em relação ao uso das suas armas. Depois dos mísseis balísticos norte-americanos atingirem um depósito de armamento na região russa de Briansk, mísseis de cruzeiro britânicos destruíram um posto de comando na região de Kursk, um alvo que teria também oficiais da Coreia do Norte.

Os ucranianos criticaram a decisão do encerramento de algumas embaixadas - entre as quais a portuguesa - em Kiev, por contribuírem para a “tensão” e agradeceram pelo facto de os EUA terem sinalizado que irão transferir minas antipessoais.

Os governos de Brasil, Chile, Colômbia e México fizeram na quarta-feira, em comunicado conjunto, um apelo "urgente" para que se "evitem sanções que escalem a carreira armamentista e agravem o conflito" entre a Federação Russa e a Ucrânia.

Antes, vários ex-presidentes da Espanha e América Latina tinham condenado a invasão russa da Ucrânia, uma "ação criminosa e de lesa-humanidade", que "afetou severamente os principais fundacionais das Nações Unidas", como escreveram, também em um comunicado conjunto.  

Na primeira destas declarações, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Gabriel Boric, Gustavo Petro e Claudia Sheinbaum instam as pastes envolvidas "a cumprir com os compromissos internacionais e privilegiar o diálogo".

A decisão dos Estados Unidos de fornecer minas antipessoais à Ucrânia reflete uma mudança táticas no campo de batalha por parte da Rússia, com Moscovo a favorecer cada vez mais a infantaria, destacou na quarta-feira o secretário da Defesa norte-americano.

"As suas forças mecanizadas já não estão na liderança. Estão a avançar a pé de uma forma que se estão a aproximar e a fazer coisas para abrir caminho às forças mecanizadas", frisou Lloyd Austin, em declarações aos jornalistas durante uma visita a Laos, país há muito devastado por este tipo de armamento.

Os ucranianos "precisam de coisas que possam ajudar a abrandar este esforço por parte dos russos", acrescentou, à medida que o avanço das tropas russas acelera no leste da Ucrânia.

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