Ucrânia vai receber da Suécia olhos para os F-16
Horas depois de o presidente ucraniano ter assinado um acordo de cooperação de segurança bilateral com o primeiro-ministro português, e no qual o governo se compromete em nova assistência no valor de 26 milhões de euros, a Suécia anunciou um pacote de ajuda militar no valor de 1,16 mil milhões de euros. Destaca-se o envio de dois aviões de vigilância e reconhecimento, o que dará maior capacidade operacional aos F-16.
O décimo sexto pacote de assistência militar da Suécia - o maior até agora - inclui duas aeronaves de alerta aéreo antecipado e controlo (AEW&C, na sigla inglesa), de produção sueca, ASC 890. Equipado com um sistema de radar avançado, este avião pode detetar e monitorizar objetos até 400 quilómetros de distância, de caças a helicópteros, de mísseis de cruzeiro a alvos navais.
Ao anunciar o novo pacote de assistência, o ministro da Defesa sueco Pal Jonson disse que os ASC 890 fornecerão à Ucrânia “uma nova capacidade contra alvos aéreos e marítimos” e que “atuará como um multiplicador de forças com a introdução do F-16”. O primeiro-ministro Ulf Kristersson, citado pela Associated Press, lembrou que os dois aparelhos são os únicos do género que a Suécia tem. “Por conseguinte, assumimos também um risco deliberado e calculado. Penso que se trata de uma contribuição incrivelmente forte.”
Entrevistado há um mês no canal de TV ucraniano Freedom, o presidente da associação de pilotos ucranianos Gennady Khazan realçava o facto de os aviões de fabrico norte-americano só ganharem “plena operacionalidade no momento em que um avião de reconhecimento com radar de longo alcance está presente no ar”.
O governo sueco preparava-se para o envio dos aviões de combate JAS 39 Gripen - de quarta geração como os F-16 -, mas a pedido de aliados esse plano ficou em suspenso. A justificação é a de que não deve haver uma introdução de dois modelos em simultâneo. No entanto, Jonson não afasta a entrega no futuro dos Gripen, de que tem ao dispor 90 unidades. Em 2022, o grupo de reflexão britânico Royal United Services Intitute aconselhava “de longe” o Gripen em relação aos outros caças ocidentais.
O pacote de assistência da Suécia inclui a totalidade dos veículos blindados de transporte PBV 302, e mísseis ar-ar AMRAAM, que servirão os F-16. Estocolmo não impõe limites à utilização de armas em solo russo - o mais recente debate entre aliados. Através do secretário de Estado Antony Blinken, de visita à Moldávia, os Estados Unidos reafirmaram que “não encorajam nem compactuam com ataques fora da Ucrânia”, mas o presidente francês e a ministra dos Negócios Estrangeiros da Finlândia juntaram as suas vozes à do secretário-geral da NATO, que defende o direito de Kiev atacar alvos militares em solo russo com armas ocidentais.
“Se dissermos [aos ucranianos] que não têm o direito de atingir o ponto de onde os mísseis são disparados, estamos de facto a dizer-lhes que estamos a entregar armas, mas que não se podem defender”, disse Emmanuel Macron. Britânicos, neerlandeses ou polacos já afirmaram que os ucranianos têm o direito de atacar em solo russo, desde que sejam alvos militares.