Benny Gantz
Benny GantzEPA/ABIR SULTAN

Gantz abandona Governo de emergência e pede eleições

Ao comunicar a saída, o popular general instou o ministro da Defesa a seguir o mesmo caminho. Netanyahu tem posto de parte decisões estratégicas por cálculo político, acusa.
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Benny Gantz cancelou a conferência de imprensa marcada para sábado devido à operação de resgate de reféns que decorreu no mesmo dia, só para acabar por realizá-la na noite de domingo e anunciar o que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu temia: a sua demissão do Governo de emergência e o pedido de eleições antecipadas. 

“Netanyahu está a impedir-nos de avançar para uma verdadeira vitória. Por esta razão, deixamos hoje o Governo de emergência, com o coração pesado, mas de todo o coração”, afirmou o centrista Gantz. Para o antigo general a “verdadeira vitória” significa o regresso dos reféns, a substituição do Hamas na governação da Faixa de Gaza e a criação de uma aliança regional contra o Irão.

Apesar de saber “que se tratava de um mau Governo”, o líder do partido Unidade Nacional explicou ter aderido à coligação na sequência dos ataques terroristas de 7 de outubro a bem do país. Mas, lamenta que desde então as decisões estratégicas foram postas de parte devido a cálculos políticos e apenas se sucedem “promessas vãs”. 

Em contraste, Gantz deixou palavras elogiosas para com o ministro da Defesa, Yoav Gallant, “um líder corajoso e determinado e, acima de tudo, um patriota numa altura em que a liderança e a coragem não são apenas dizer o que está certo, mas fazer o que está certo”. Como tal pediu-lhe, bem como aos deputados do Knesset, para “obedecerem ao comando da consciência” e seguirem-no. A saída do seu partido não deixa a coligação do Likud com os partidos de extrema-direita e ultraortodoxos em minoria: têm 64 lugares em 120 do Parlamento.

 Para “não deixar o povo dividido”, Benny Gantz - que pediu perdão às famílias dos reféns pela sua quota-parte de responsabilidade em não ter conseguido libertar os 120 reféns - deixou um apelo a Netanyahu: “Para garantir uma verdadeira vitória, é conveniente que no outono, um ano após a catástrofe, se realizem eleições que, por fim, estabeleçam um Governo que ganhe a confiança do povo e seja capaz de enfrentar os desafios.”

Netanyahu respondeu na hora, através do X, tendo apelado para que Gantz reconsidere. “Israel está numa guerra existencial em várias frentes. Benny, este não é o momento de abandonar a campanha, este é o momento de unir forças”, escreveu. Além disso, o primeiro-ministro disse ter a porta aberta a qualquer partido sionista disposto a “partilhar o fardo”.

Já o líder da oposição saudou Gantz. “A decisão de abandonar o Governo é justificada e importante”, considerou Yair Lapid num comunicado. “É tempo de substituir este Governo extremista e falhado por um Governo que restabeleça a segurança do povo de Israel, traga os reféns para casa, reconstrua a economia e recupere a posição internacional de Israel.”

À extrema-direita, o ministro da Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir pediu a Netanyahu para que o lugar vago no Gabinete de Guerra até agora formado por Netanyahu, Gallant e Gantz seja ocupado pelo próprio. “É altura de tomar decisões corajosas”, disse Ben-Gvir numa carta enviada ao primeiro-ministro. No entanto, segundo o Haaretz, Netanyahu está a ponderar acabar com o Gabinete de Guerra.

O dia ficou ainda marcado por outra demissão, a do comandante da 143.ª Divisão do Exército israelita. Na sua carta de demissão, o brigadeiro-general Avi Rosenfeld afirma ter falhado na missão de proteger as populações do sul de Israel no dia 7 de outubro. Em abril, o chefe dos Serviços de Informações Militares Aharon Haliva, foi o primeiro a demitir-se pelo mesmo motivo.

Um dia depois da operação de libertação de quatro reféns, o Hamas - que contou 274 mortos e 700 feridos - publicou um vídeo no qual diz mostrar três cativos que teriam sido mortos pelo Exército israelita.

cesar.avo@dn.pt

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