Mais de 90% dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tiveram ruturas de medicamentos em 2023, mas conseguiram ultrapassar as dificuldades recorrendo a outras unidades de saúde, alternativas terapêuticas ou pedidos de utilização excecional..O Índex Nacional de Acesso ao Medicamento Hospitalar 2024, promovido pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) e que é hoje divulgado, indica que 93,1% dos hospitais considera que as ruturas são "um problema grave que afeta todo o tipo de medicamentos", mas a maioria tem medidas que mitigam o efeito destas falhas..Entre as medidas estão a procura de medicamentos em outras instituições hospitalares, os pedidos de Autorização de Utilização Excecional (AUE) para outros fármacos, a solicitação de parecer sobre alternativas terapêuticas à Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica, a elaboração de novos pedidos aos distribuidores e a comunicação com o Infarmed.."Sempre tivemos uma enorme percentagem de hospitais com ruturas (...) por razões diversas: ou porque há quedas na produção, ou porque há interrupções temporárias da produção de algum medicamento", disse à Lusa o presidente da APAH, Xavier Barreto, acrescentando que "sempre foram resolvidas"..Os dados recolhidos dizem que para 37,9% as ruturas afetam essencialmente os medicamentos genéricos e mais de metade (55,1%) diz que abrangem todos os fármacos..Em quase metade dos hospitais que responderam a rutura acontece diariamente, em 24,1% todas as semanas e em 13,8% é mensal..Xavier Barreto chamou ainda a atenção para a importância de explicar que as ruturas são resolvidas pelos hospitais para não terem consequências para os doentes.."Preferíamos não ter [ruturas], pois quando temos obrigamos os profissionais a trabalho adicional, têm de telefonar para colegas de outros hospitais e perguntar se lhes podem emprestar um determinado medicamento até conseguirem comprar, têm que muitas vezes recorrer a alternativas terapêuticas ou outros medicamentos para suprir aquela falha. Mas isto sempre aconteceu", acrescentou..O Índex Nacional de Acesso ao Medicamento Hospitalar 2024 foi elaborado com dados recolhidos entre 15 de julho e 30 de setembro nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e teve 69% de taxa de resposta.