Tiago Flores: “2024 tem sido fantástico para a Xiaomi”
A Xiaomi mantém-se em Portugal como segunda maior marca de smartphones e está a ser notícia permanente a nível mundial, com resultados a subir. A que se deveu isso?
Sim, sem dúvida, 2024 tem sido fantástico para a Xiaomi. A marca continua há 16 trimestres consecutivos, a nível global, na 3.ª posição a nível mundial no mercado de mobile e de smartphones, mas tem crescido também muito nas outras áreas da empresa, designadamente o car e o home. É o que designamos por estratégia human-car-home. O negócio dos carros, de facto, veio catapultar os resultados da Xiaomi, mas também o desenvolvimento das outras áreas home do ecossistema têm tido um crescimento fantástico.
Em Portugal também temos esse tipo de comportamento. Se no global somos terceiros, em Portugal somos segundos por 14 trimestres consecutivos, e conseguimos continuar a crescer em smartphones mais do que o mercado: este, neste momento, deverá estar com um crescimento menor de 1, 2%, em unidades (estamos a falar em unidades), a Xiaomi apresenta em Portugal um crescimento à volta de 13%. Ou seja, a Xiaomi teve a capacidade de crescer mais do que o mercado na parte dos smartphones. Isso deve-se, acima de tudo, a uma gama muito assertiva naquilo que é a gama média.
Mas há outras categorias que crescem...
Sim, por exemplo, a televisão. Temos muito mais linhas de televisores. Também de wearables, ou as scooters... Isso é um desenvolvimento que vem de trás. Mas quando eu digo novas categorias quero dizer categorias que ganham novos elementos. Por exemplo, há um ano e meio, na categoria do wearables, que representa já 30% do volume de faturação dentro das famílias de ecossistema, trabalhávamos, essencialmente, dois, três equipamentos. Neste momento, oferecemos ao mercado sete equipamentos, desde o mais básico, de 49 euros, até ao equipamento autónomo com 4G, de 249 euros. Amplificámos a nossa gama para muitos segmentos e isso fez com que nós conseguíssemos ter muito mais penetração dessas famílias. Outro exemplo semelhante, que foi uma aposta no início deste ano, foram os tablets.
E o automóvel, quando vai chegar o automóvel elétrico da Xiaomi a Portugal?
O que nós podemos dizer é que, em relação à indústria automóvel e esse terceiro pilar da estratégia de human-car-home, é, sem dúvida, um sucesso no mercado doméstico [chinês]. Nós conseguimos mostrar a nossa inovação não só na construção e na conceção do carro, na tecnologia proprietária da Xiaomi, desde o chassis, a parte das baterias, o carregamento, a condução autónoma, a questão do entretenimento – em termos de eletrónica de consumo, como, por exemplo, os tablets da Xiaomi colocarem-se nas cabeceiras dos carros e quem está atrás pode usufruir do conteúdo trazendo o tablet de casa –, mas, acima de tudo, pela inovação que nós colocámos na fábrica que constrói estes carros, que também foi toda desenhada pela Xiaomi.
O que nós podemos dizer é que, sem dúvida, que os resultados são muito otimistas e já se expressaram nos resultados da empresa no 1.º trimestre, e também já foi assegurado que esta fábrica conseguirá atingir as 120 mil unidades na China no final deste ano. O fundador já disse de forma oficial que tem aqui um horizonte e uma visão a longo prazo em que quer ser Top-5 mundial na indústria de veículos elétricos nos próximos 20 anos. É uma ambição muito grande, mas a companhia está a fazer esses investimentos e acreditamos que, mais cedo até do que nós esperamos, possamos também ter este negócio em mercados que não sejam o doméstico. Mas mais detalhes sobre isto não temos.
Voltando aos devices, entraram novos players no mercado português, designadamente a Google. Sentiram algum impacto?
Não. Nós olhamos para o mercado, essencialmente, também para aquilo que é a nossa promessa, também, para o consumidor: trazer cada vez produtos mais inovadores a um consumidor num mercado maduro cada vez mais exigente. Consideramos que temos de continuar a inovar e trazer inovação.
Nós somos um dos principais parceiros da Google, nós desenvolvemos com a Google... Eles têm a sua estratégia na Divisão de devices, que a mim não me compete comentar quais foram as suas razões, mas a existência de marcas em Android, particularmente, faz com que todos os players tenham uma exigência cada vez maior e, obviamente, construir sempre no consumidor a melhor oferta e a melhor combinação de valor e de equipamento e tecnologia. Nós acreditamos que a nossa tecnologia tem um grande ponto diferenciador, não só na questão da captação de imagem e da customização do Android, porque conseguimos ter este ADN de inovação e introduzir e captar os nossos consumidores e surpreendê-los, obviamente, com esta tecnologia.
E a parceria com a Leica é uma grande mais-valia?
Claro que sim! Nós estabelecemos esta parceria há quase 3 anos que trouxe experiência ao nível de software, da qualidade de captação e, principalmente, da ótica. A ótica em mobile é uma das tarefas, em termos de R&D, mais difíceis que existe pela miniaturização das câmaras. Este ano, fechámos e iniciámos uma operação conjunta de desenvolvimento de ótica para mobile com três centros de desenvolvimento, em parceria com a Leica, onde colocámos cerca de 200 engenheiros do nosso lado neste projeto e criámos estes laboratórios para desenvolver, cada vez mais, a parte ótica na fotografia mobile.
Agora, com [a série] 14T, entramos no que chamamos o Second Step desta parceria que, além de trabalharmos as melhores lentes, trabalhámos o novo software, otimizámos o processamento de imagem, com a Xiaomi a reforçar com a questão da Inteligência Artificial. E colocámos uma ênfase grande numa situação própria de fotografia, que é extremamente difícil, que é a fotografia e o vídeo noturno. E, portanto, este projeto, além da base que nós já trazíamos da Leica, do set-up, do retrato, com as várias distâncias focais, trazemos agora um enfoque muito grande no processamento em baixa luz. E, portanto, o nosso mote da campanha vai ser a fotografia noturna.