O governo garantiu este sábado, em comunicado da presidência do Conselho de Ministros, que "a medida anunciada pelo primeiro-ministro é a de sempre e consistentemente a mesma" e recusou a ideia de embuste, de que tem sido acusado pela oposição.."O Governo e o Primeiro-Ministro foram rigorosos e leais com os Portugueses. Na sua atitude, e no cumprimento dos seus compromissos, em que se inclui a redução de IRS por três vias: a redução das taxas marginais que agora se concretiza nos termos sempre propostos; bem como o IRS Jovem (até 15%, exceto o último escalão) e a isenção de tributação de prémios de desempenho, que serão atempadamente aprovados", diz o comunicado, que antecedeu uma declação de Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS, e uma outra de Hugo Soares, do PSD.."Nenhum membro do Governo ou dos partidos da coligação que o apoia alguma vez sugeriu, indicou ou admitiu outras reduções de taxas, designadamente que tivessem a mesma dimensão, mas a acrescer ao constante na Lei do OE 2024. O Governo está a cumprir rigorosamente a proposta com que se comprometeu perante os Portugueses ao longo de 8 meses e, repetidamente, em campanha eleitoral", garante a nota, que cita a frase de Luís Montenegro na Assembleia da Republica, na quinta-feira. ."O Primeiro-Ministro anunciou: 'uma descida das taxas de IRS sobre os rendimentos até ao oitavo escalão, que vai perfazer uma diminuição global de cerca de 1500 milhões de euros nos impostos do trabalho dos portugueses face ao ano passado'", lembra o comunicado. "Esta afirmação é factualmente verdadeira e indesmentível. É isso que acontecerá na próxima semana", assegura.."Que alguns atores políticos ou mediáticos se tenham equivocado, ficcionando outras reduções de taxas de magnitude muito diferente ou superior (e que seriam orçamentalmente irresponsáveis), é um erro sério, que só a eles os responsabiliza. Um cálculo básico mostrar-lhes-ia que essa sua ficção de redução superior seria totalmente incompatível com o que o Primeiro-Ministro afirmou no Parlamento e com o Programa de Governo. Em vez dos 1500 milhões de euros 'face ao ano passado' (2023), o impacto seria então de 2600 milhões de euros face a 2023. Nunca o Primeiro-Ministro, ou o Governo, o disseram ou sugeriram", acrescenta face às acusações de embuste que se ouviram nas últimas horas, depois do esclarecimento do ministro das Finanças Miranda Sarmento na noite de sexta-feira.."Muito mais grave, porém, é a tentativa de querer disfarçar esse erro, com acusações inadmissíveis e infundadas relativamente ao Primeiro-Ministro e ao Governo, de que faltaram à verdade ou enganaram", defende-se no comunicado, que repudia "essa tentativa de querer disfarçar erros próprios de interpretação, cálculo ou ficção, com imputações incorretas a outros"..Em entrevista à RTP na sexta-feira, o ministro das Finanças clarificou que os 1.500 milhões de euros de alívio no IRS referidos pelo primeiro-ministro esta quinta-feira, no início do debate do programa do Governo, não vão somar-se aos cerca de 1.300 milhões de euros de redução do IRS inscritos no OE para 2024, rondando assim os 200 milhões..Na sequência desta entrevista, o secretário-geral do PS acusou o Governo de estar a enganar os portugueses. "Nós estamos perante um embuste, uma fraude, um Governo a enganar os portugueses. Nós estivemos meses a avisar de que as medidas, de que a candidatura da AD não era credível e esta é a primeira prova, é o primeiro momento em que isso fica claro", acusou Pedro Nuno Santos..Já este sábado, a Iniciativa Liberal acusou o Governo de "fazer igual ao PS" na redução do IRS e o Bloco de Esquerda repetiu a ideia de embuste..Alexandra Leitão, líder parlamentar socialista, por seu lado, defendeu que a proposta do Governo "é um embuste, uma desfaçatez e a prova da falta de credibilidade" do executivo..Considerando que "todo o país foi enganado", Alexandra Leitão anunciou que o PS vai pedir um debate parlamentar de urgência para acontecer já na próxima quarta-feira, com a presença do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento..Já André Ventura, líder do Chega, classificou o "choque fiscal" prometido pelo PSD como "uma desilusão tremenda e tremenda quebra de confiança nos eleitores" e prometeu que o partido usará o seu "poder parlamentar" para chamar o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, "à comissão de Orçamento e Finanças, bem como a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, para explicar a descida de IRS para o próximo ano".