O Kremlin assegurou esta segunda-feira que não negociará com a Ucrânia após a ofensiva lançada por Kiev há quase duas semanas na região fronteiriça russa de Kursk.."Nesta fase, em face desta aventura, não vamos discutir. (...) Neste momento, seria completamente inapropriado iniciar um processo de negociação", disse o conselheiro diplomático do presidente Vladimir Putin, Yuri Ushakov, em declarações ao meio de comunicação social russo Shot..Mykhailo Podoliak, conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha dito na sexta-feira que um dos objetivos da ofensiva na região de Kursk era forçar Moscovo a negociações "justas"..Embora tenha reiterado que Kiev não pretendia ocupar parte do território russo, também observou que, no caso de potenciais negociações, seria necessário encontrar uma forma de colocar a Rússia "do outro lado da mesa"..Hoje, Zelensky insistiu na ideia de que um dos objetivos da incursão ucraniana em Kursk é criar uma zona tampão no território do país agressor.."Neste momento, a principal tarefa das nossas ações defensivas é destruir o máximo possível do potencial russo, do seu potencial de guerra, e maximizar os nossos contra-ataques", explicou Zelensky no seu mais recente discurso noturno.."Isto inclui a criação de uma zona tampão no território do agressor -- a nossa operação na região de Kursk", reconheceu Zelensky..O líder ucraniano argumentou que tudo o que inflige danos ao Exército, ao Estado, à defesa ou à economia da Federação Russa ajuda a Ucrânia a impedir a propagação da guerra e a pôr-lhe fim com "uma paz justa para a Ucrânia"..No entanto, as negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a insistir na exigência de que a Ucrânia aceite a anexação de parte do seu território..Volodymyr Zelensky disse querer desenvolver até novembro - data das eleições presidenciais nos Estados Unidos - um plano que sirva de base para uma futura cimeira de paz para a qual o Kremlin deve ser convidado..Rússia convicta que EUA ordenaram sabotagem dos gasodutos North Stream.O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, afirmou hoje estar convencido que os Estados Unidos da América (EUA) ordenaram a sabotagem dos gasodutos russos Nord Stream, em setembro de 2022, no Mar Báltico.."Mesmo que (...) os ucranianos tenham participado (na ação), é claro que não o poderiam ter feito sozinhos. É claro que, para se realizar um ataque deste tipo, a ordem veio do mais alto nível, como se costuma dizer, e do mais alto nível para o Ocidente é, naturalmente, Washington", avançou Lavrov ao 'media' russo Izvestia..A investigação sobre a sabotagem dos gasodutos apontou para a Ucrânia depois de a imprensa ter noticiado, na semana passada, a emissão pela justiça alemã de um mandado de detenção contra um mergulhador profissional ucraniano suspeito de estar envolvido no caso com outros dois compatriotas..O mandado de captura europeu foi emitido em junho pelo Ministério Público Federal alemão contra o instrutor de mergulho ucraniano que vivia na Polónia, não muito longe de Varsóvia..A justiça polaca confirmou que tinha recebido o mandado da Alemanha contra o ucraniano residente na Polónia, mas informou que este já tinha abandonado o país..Na quinta-feira, as autoridades ucranianas descreveram como "absolutamente absurdo" o potencial envolvimento do país na operação de sabotagem que visou o Nord Stream, numa reação a alegações nesse sentido publicadas pelo jornal The Wall Street Journal..Segundo o jornal norte-americano, que afirmou basear-se nomeadamente em fontes militares ucranianas, o ataque ocorrido nas profundezas do Mar Báltico foi realizado sob a supervisão do comandante-chefe do exército ucraniano da época, Valery Zalouzhny, apesar de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter solicitado que a operação fosse interrompida..Depois de ter revelado os progressos na investigação judicial, a imprensa alemã tem sido mais cautelosa sobre um possível envolvimento de altas autoridades ucranianas..A sabotagem dos dois gasodutos que ligam a Rússia à Alemanha e transportavam a maior parte do gás russo para a Europa ocorreu em 26 de setembro de 2022, sete meses depois da invasão russa da Ucrânia..Quatro fugas de gás, precedidas de explosões subaquáticas, ocorreram com poucas horas de intervalo nos dois gasodutos, que não estavam em funcionamento na altura..A Rússia já tinha deixado de fornecer gás através do Nord Stream 1, no contexto de um conflito energético com os países europeus que apoiam a Ucrânia, e o Nord Stream 2 nunca entrou em funcionamento..Apesar de não estarem operacionais, os dois gasodutos operados por um consórcio do gigante russo Gazprom estavam cheios de gás..A Ucrânia acusou na altura a Rússia de responsabilidade pelas fugas nos gasodutos, acusações que foram devolvidas por Moscovo