António José Seguro assume estar a ponderar candidatura a Belém
Rita Chantre / Global Imagens

António José Seguro assume estar a ponderar candidatura a Belém

Antigo secretário-geral do PS quebrou um longo silêncio de cerca de uma década e diz que estar "tudo em aberto" quanto a uma candidatura a Presidente da República.
Publicado a
Atualizado a

O antigo secretário-geral do PS António José Seguro assumiu esta quinta-feira estar a ponderar neste momento uma candidatura a Presidente da República e que "está tudo em aberto".

Em entrevista esta noite à TVI/CNN, na qual quebrou um longo silêncio de cerca de uma década, António José Seguro foi questionado sobre se estava a ponderar uma candidatura a Belém nas próximas presidenciais depois de o líder do PS, Pedro Nuno Santos, ter referido o seu nome entre as possibilidades para essa corrida eleitoral.

"Está tudo em aberto. Neste momento estou a ponderar", admitiu.

Segundo António José Seguro, depois dessas declarações de Pedro Nuno Santos, várias pessoas vieram ao seu contacto, mas ressalvou que a decisão é sua e em conversa com a sua família, não apresentando qualquer data para a anunciar.

Em entrevista também à TVI/CNN no início do mês de outubro, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, seria um "bom candidato" a Presidente da República, mas que António José Seguro, António Vitorino ou Ana Gomes também são outros bons nomes.

António José Seguro, que liderou o PS entre 2011 e 2014, vai passar a ter um espaço semanal de análise e comentário sobre a atualidade na CNN Portugal, que terá o nome "Liberdade" e irá para o ar todas as quintas-feiras.

Seguro afasta regresso à vida partidária

O antigo secretário-geral socialista António José Seguro afastou esta quinta-feira a possibilidade de regressar à vida partidária e defendeu que a liderança de Pedro Nuno Santos precisa de tempo para se afirmar como alternativa.

Após um longo silêncio e uma semana antes de estrear o seu espaço semanal de comentário na CNN, António José Seguro deu esta noite uma entrevista à TVI/CNN na qual disse não guardar rancores em relação ao processo das primárias do PS que perdeu para o ex-primeiro-ministro António Costa porque "o que se passou em 2014 ficou em 2014".

O antecessor de Costa na liderança do PS desejou "as maiores felicidades" ao futuro presidente do Conselho Europeu -- desejos que estendeu a Maria Luís Albuquerque no cargo de comissária europeia.

Para Seguro, António Costa "tem a arte e o engenho e as características que podem fazer dele um bom presidente do Conselho Europeu", apesar de antecipar que não será um mandato fácil tendo em conta o contexto europeu.

"Neste momento dei um passo no sentido da vida pública, estou a ponderar no sentido da vida política e não tenciono voltar à vida partidária", respondeu, quando questionado sobre a possibilidade de voltar a disputar a liderança do PS.

Segundo o antigo líder do PS, o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, "precisa de tempo" já que foi uma nova geração a que assumiu os destinos do Largo do Rato.

"Precisa de tempo, precisa de espaço, precisa de estabilidade para poder afirmar a sua alternativa. Ele [Pedro Nuno Santos] anunciou que vai lançar uns estados gerais para discutir, apresentar a sua proposta e tem todo o direito de ir a eleições legislativas, apresentar-se e os portugueses decidem e avaliam", defendeu.

Sobre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo dirigente socialista considerou que "agiu muito mal quanto equiparou o chumbo do Orçamento do Estado à dissolução do parlamento", referindo-se à crise política aberta em 2021.

Para Seguro, Marcelo Rebelo de Sousa deveria ter tido "uma atitude mais discreta no sentido de criar condições para que pudesse haver um entendimento" entre o PS e os seus antigos parceiros de geringonça.

"Exigia-se ao Presidente da República mais discrição e ele optou por avisar, por ventura pensando que com isso poderia forçar a aprovar o orçamento", disse.

Na opinião do antigo líder do PS, Marcelo "andou muito bem" no seu primeiro mandato ao ter contribuído para descrispação da politica e teve um "papel muito importante" na gestão da pandemia, mas no segundo mandato "banalizou um pouco a palavra".

Sobre o atual executivo de Luís Montenegro (PSD/CDS-PP), considerou que este é um "Governo de turno que mal chega tem que resolver problemas, emergências", admitindo ser inegável que o primeiro-ministro "começou bem", mas a questão é que "o país tem que resolver problemas estruturais" como o crescimento económico e a produtividade.

Alertando para o facto de as condições de governabilidade se terem deteriorado em Portugal, Seguro lançou para o debate uma possível alteração constitucional precisamente para garantir essa estabilidade governativa.

"Uma das possibilidades é que só haveria chumbo do Orçamento do Estado se houvesse um Orçamento do Estado alternativo", sugeriu, considerando que esta seria uma ideia na lógica de construção de alternativa.

A democracia, de acordo com o socialista, tem neste momento "uma espessura muito fina" e "há muitos portugueses que não confiam nas instituições".

"Alguns vão para a abstenção, outros saem da abstenção para ir votar e muitas das vezes os movimentos populistas aproveitam-se destes casos", alertou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt