Opinião Pessoal (XLV)

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Terminada, por agora, a série sobre a gestão da água destinada a consumo humano, começo, hoje, um conjunto de artigos dedicados a assuntos relacionados com a identificação dos principais riscos que representam ameaças para a Saúde Pública, tanto a nível nacional, como global.

Acompanho de perto as políticas definidas no âmbito da Organização Mundial da Saúde (OMS) desde há 50 anos, quer como consultor e funcionário, quer, a seguir, por ter sido um dos representantes de Portugal junto dos seus órgãos, entre 2001 e 2017. Estou, assim, em condições de olhar para trás, ao estilo de relance pessoal, a fim de testemunhar e interpretar a evolução de sucessivos desafios que constituíram justificados motivos de alerta internacional.

Nos Anos 70 do nosso grande século XX, a OMS centrava a atenção em questões associadas aos programas maternoinfantis e ao planeamento familiar, ao mesmo tempo que propunha a erradicação do paludismo e a promoção da organização dos sistemas de cuidados primários, sem ignorar a importância decisiva do desenvolvimento socioeconómico, incluindo o saneamento básico (água, esgotos e lixo).

Na década seguinte, surgiu, inesperadamente, a primeira pandemia depois da Pneumónica de 1918. Refiro-me ao VIH/Sida. Preocupação imensa que impôs a mobilização adicional de recursos.

Mais recentemente, a seguir à viragem do milénio, a gripe aviária, a SARS, a gripe A, ébola e covid-19 convocaram muitas energias e meios na perspetiva da prevenção e controlo de novas epidemias emergentes. A partir de então, reconheceu-se, finalmente, a importância que as infraestruturas de Saúde Pública adquirem, em termos de segurança nacional e mundial, apoiadas pela imparável inovação nas dimensões científicas e tecnológicas (nomeadamente traduzidas em novos medicamentos antivirais e vacinas).

Agora, a OMS aponta dez tópicos como desafios (riscos iminentes), que exigem medidas preventivas imediatas:
Efeitos provocados pela aceleração das alterações climáticas e da poluição ambiental (fenómenos climáticos extremos);

Doenças crónicas, como a obesidade, a diabetes tipo 2, o cancro, as doenças cerebrocardiovasculares e doenças respiratórias;

Pandemia de gripe;

Fragilidade e vulnerabilidade das localidades habitacionais e de alojamento;

Infeções provocadas por agentes patogénicos resistentes a antimicrobianos;

Epidemias de Ébola ou por outros agentes virais emergentes de natureza zoonótica;

Debilidade dos Sistemas de Saúde, particularmente de cuidados primários;

Hesitação vacinal em crianças ou em adultos;

Dengue e outras epidemias devidas a infeções de transmissão vetorial, como Zika, Chikungunya e outras;

10 VIH/Sida.

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