"Vivia muito bem. Não tinha necessidade nenhuma disto"

Suspeito dos crimes de Aguiar da Beira tem várias propriedades na região e era tido como "bom rapaz"
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Pedro Dias, piloto de aviões que esteve emigrado na África do Sul, é o principal suspeito dos crimes de Aguiar da Beira. O homem, de 44 anos, deixou um cartão de identificação num bolso do militar da GNR que ontem baleou mortalmente. Está referenciado como sendo um homem agressivo, mas em Arouca, onde reside com os pais, toda a gente foi apanhada de surpresa com as notícias de que será o alegado autor da matança.

"Para mim e para a maior parte do povo foi uma surpresa. Que às vezes aconteçam umas peripeciazitas, como é normal na juventude, tudo certo, mas daí até ao que se passou ontem [terça-feira] vai uma distância muito grande", disse o presidente da União de Freguesias de Arouca e Burgo à agência Lusa. "Era bom rapaz e dava-se bem com toda a gente", comentou Fernando Mendes.

Conhecido por Piloto, o suspeito morava com os pais - ele engenheiro; ela professora, segundo avançou o Jornal de Notícias - numa casa próximo da Câmara de Arouca. "Viviam muito bem", afirmou o autarca, comentando que ele "não tinha necessidade nenhuma disto".

Além da moradia no centro da vila de Arouca, que está a ser vigiada pela GNR, o suspeito tem uma quinta na freguesia da Várzea, também no concelho de Arouca, onde, em 2014, a GNR apreendeu mais de meia centena de animais de espécies protegidas e autóctones e várias armas.

Entre os animais apreendidos estava um primata, da espécie callithrix jacchus (sagui), que foi entretanto entregue ao zoo da Maia, e 52 aves, umas autóctones e outras protegidas pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES).

Da ação resultou também a apreensão de quatro armas (duas caçadeiras de canos serrados e duas armas de calibre desconhecido) e diversas munições de vários calibres.

Com treino militar e familiarizado com a região, o suspeito tem condições para sobreviver alguns dias sem ser detetado pelas autoridades, admitiu o major Pedro Gonçalves.

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"Pelas informações recolhidas, estamos a falar de uma pessoa que, além de conhecer bem o terreno, uma vez que ele é [de] muito próximo daqui, tem familiares e tem residência em Arouca", afirmou.

Além da vantagem de conhecer o terreno, a GNR tem informações de que se trata de "um indivíduo que é capaz de sobreviver durante alguns dias, uma vez que tem propriedades, tem pessoas que o poderão abrigar nesta área", acrescentou.

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"Poderá manter-se por aqui durante alguns dias", sublinhou Pedro Gonçalves, aludindo à zona do concelho de S. Pedro do Sul, no distrito de Viseu, que faz fronteira com o concelho de Arouca, no distrito de Aveiro.

A GNR tem certa de 200 militares no terreno a tentar capturar o suspeito, que deverá estar apeado. Pedro Dias foi identificado como um dos dois suspeitos de terem matado um militar da GNR e um civil e ferido outro militar, que está estável e com evolução favorável, e uma mulher, que se encontra em estado crítico e com um prognóstico muito reservado, na madrugada de terça-feira.

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