Inaugurado há cerca de um mês, o alargamento do canal do Panamá continua envolto em polémica. Depois dos problemas relacionados com o atraso de mais de um ano na conclusão das obras e os custos extras que fizeram aumentar o orçamento previsto para mais de 4700 milhões de euros, provocando um desentendimento entre o grupo construtor e a Autoridade do Canal (ACP), agora são as denúncias sobre as condições de segurança que estão a dar que falar. Pelo meio houve ainda um conflito que chegou a levar à paragem da obra, em 2014..Em causa estiveram, entre outros problemas, a qualidade do material utilizado pelo grupo construtor liderado pela empresa espanhol Sacyr e questões de segurança. Segundo uma investigação do The New York Times, os capitães dos rebocadores dizem que não podem escoltar com segurança os navios maiores porque os bloqueios são pequenos com pouca margem para erro, especialmente em condições de vento e correntes complicadas. Outro perigo de segurança reside na resistência da obra. Durante os testes de água no canal, foram reveladas fotografias e vídeos que mostraram a água a jorrar de uma comporta num dos bloqueios do Pacífico - e que ficam próximos das falhas de terramotos..Especialistas e sindicatos referiram também que, para ser bem--sucedido, o novo canal precisaria de água suficiente, de betão durável e fechaduras grandes o suficiente para acomodar com segurança os navios maiores. "Estamos diante de uma situação em que as pessoas que trabalham no canal, e aquelas que passam por ele, estão potencialmente em risco", denunciou o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes, Stephen Cotton..Os problemas que surgiram no decorrer das obras, com inauguração inicialmente projetada para agosto de 2014, acabaram alegadamente por ser resolvidos, com reparações efetuadas pelo consórcio encarregado dos trabalhos..A Sacyr e as empresas associadas ganharam o concurso de ampliação do canal em julho de 2009. O orçamento inicial dado pela ACP ao consórcio foi de 3118 milhões de euros. A derrapagem orçamental levou a um aumento de 1600 milhões de euros na execução da obra. A fatura final só deve ser conhecida dentro de dois ou três anos, e não deverá ultrapassar os 5300 milhões de euros, segundo os analistas. O objetivo da ampliação é duplicar até 2021 os 884 milhões de euros que o canal deverá receber na soma do ano passado e deste, tendo já assegurada a passagem de, pelo menos, 150 navios pós-Panamax (os maiores que após a obras podem navegar pelo canal) ainda neste ano. Em 2017, conta aumentar 200 a 300 milhões de euros o valor ganho com as portagens.