Morte de comando não foi causada por instrução dura, diz major-general

Comandos. Furriel morreu durante exercício. Ex-diretor do curso, major-general Carlos Branco, rejeita "instrução dura" ou "incompetência"
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Só a autópsia ao furriel Hugo Abreu, 20 anos, poderá desvendar a causa da sua morte, no domingo, durante um exercício do curso de Comandos do Exército. O militar, segundo um comunicado, sentiu-se "indisposto durante uma prova de tiro (tiro reativo)" tendo sido de imediato assistido pelo médico que acompanhava a instrução, que lhe diagnosticou "um golpe de calor". O major-general Carlos Branco, antigo diretor do curso de Comandos, "tendo em conta a informação disponível", afasta a hipótese de a morte ter sido provocada por uma "instrução dura".

"Não me parece que tenha havido incompetência profissional", disse ao DN o major-general. Salientando não ter toda a informação sobre o caso, Carlos Branco limitou-se a colocar outras duas hipóteses: "Ou o formando teria algum problema físico que não foi detetado durante os exames médicos ou a avaliação médica ao incidente não foi a melhor", acrescentou o major-general, admitindo que um curso de Comandos é algo que exige uma preparação física e psicológica acima da médica. Porém, o "curso é feito para seres humanos e não super-homens".

De acordo com o Exército, depois de ter sido detetada a indisposição de Hugo Abreu, o militar foi retirado da instrução, tendo sido transferido para a enfermaria de campanha, na zona de Alcohete, onde terá ficado em observação, segundo a mesma nota. Como após o jantar a situação clínica do militar piorou, o médico optou pela sua retirada para um hospital, mas acabou por morrer após uma paragem cardiorrespiratória antes de chegar a ser transferido.

Houve ainda um outro militar que se sentiu indisposto na instrução técnica de combate (progressão no terreno), ao qual também foi diagnosticado com "golpe de calor" e retirado, numa primeira fase para a enfermaria de campanha, e mais tarde, cerca das 23.40 para o hospital do Barreiro.

Ontem, após a morte do furriel, o Exército fez saber que os treinos "não foram suspensos, foram adaptados", o mesmo sucedendo para os próximos dias de calor, com a previsão de realização de mais treinos, igualmente adaptados às condições atmosféricas.

Inquérito aberto

O General Chefe do Estado-Maior do Exército ordenou já um inquérito para apurar as causas em que o "trágico acontecimento ocorreu", pode ler-se ainda na nota, que adianta também que a Polícia Judiciária Militar já se encontra a tomar conta da ocorrência. Nas próximas semanas, os instrutores e o médico de campanha deverão ser ouvidos.

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, manifestou "profundo pesar" pela morte do militar de um curso de Comandos, tendo já transmitido à família do falecido a sua "solidariedade pessoal e do Governo". "Foi com profunda consternação "que o ministro da Defesa recebeu a notícia do sucedido pelo chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou as "mais profundas condolências" aos familiares do militar que morreu, desejando um "célere restabelecimento" ao outro militar que está hospitalizado. O Comandante Supremo das Forças Armadas manifestou "pesar e solidariedade a todos aqueles que sentem com maior dor a perda súbita deste seu camarada e amigo".

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