Incêndio no Funchal: centenas de deslocados e um hospital evacuado
Mais de 200 pessoas já foram retiradas de casa e 234 foram deslocadas do Hospital dos Marmeleiros, na freguesia do Monte, no Funchal, na sequência dos incêndios que lavram no concelho do Funchal, na ilha da Madeira.
Dois bombeiros da corporação de Câmara de Lobos ficaram feridos sem gravidade na sequência de um acidente com um autotanque quando combatiam as chamas. Chegou a ser ponderada a evacuação de um segundo hospital, o Hospital Dr. João de Almada, mas devido à mudança dos ventos a operação acabou por não ser colocada em marcha. As informações foram adiantadas em declarações à imprensa pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque. O responsável informou que a situação está "controlada", havendo ainda três frentes de incêndio a lavrar no concelho do Funchal, e que 174 pessoas receberam tratamento hospitalar. Há um ferido grave a registar, que foi transportado pela Força Aérea para Lisboa, para receber tratamento para queimaduras no Hospital de Santa Maria.
Miguel Albuquerque referiu ainda que 27 moradias ficaram sem condições de habitabilidade e que, além dos 234 doentes retirados do Hospital dos Marmeleiros, foram ainda retiradas por precaução 60 pessoas do lar de idosos de Santa Isabel. Foi ativada uma linha de emergência para a população: o número 926768743 estará disponível 24 horas por dia.
Miguel Albuquerque referiu ainda que foi ativado o fundo de socorro social, no valor de 163 mil euros, para apoiar a reconstrução dos edifícios destruídos.
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O presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, também falou à imprensa ao início da tarde, revelando que o gabinete do primeiro-ministro, António Costa, já foi contactado a propósito da eventualidade de ser necessário enviar meios para apoiar o combate aos incêndios na Madeira. "Estão acionados todos os meios necessários. Quero dizer que já contactámos o gabinete do primeiro-ministro e houve uma disponibilidade para, caso haja necessidade, virem meios do continente para cá, seja nesta fase, seja numa de rescaldo", disse Paulo Cafôfo. Também a ministra da Administração Interna já contactou o presidente do Governo Regional da Madeira no sentido de oferecer ajuda dos meios de combate para os incêndios florestais que lavram em várias zonas da do Funchal, disse à Lusa fonte da tutela.
Situação mais complicada no Caminho do Tanque
Fazendo um ponto da situação no concelho do Funchal, o autarca Paulo Cafôfo declarou que "não tem sido fácil o combate a esta calamidade", porque o ataque ao fogo está a ser efetuado num misto de duas áreas - uma florestal (Parque Ecológico do Funchal) e outra "complicada", que é a urbana. "Temos três frentes: o flanco do Parque Ecológico e, [na freguesia] do Monte, a zona das Babosas, Laginhas e Corujeira", enunciou, mencionando que "a situação mais complicada acontece no Caminho do Tanque", onde muitas casas ficaram incendiadas e houve muita população em pânico. O autarca apontou que "são já dezenas as casas afetadas", embora seja ainda necessário efetuar uma contabilidade das habitações consumidas pelas chamas, "algumas antigas e desabitadas". "Esse levantamento tem de ser realizado para calcular os custos e fazer uma estimativa necessária para recuperação", indicou.
O presidente do município assegurou que não há falta de água para consumo doméstico no concelho e anunciou que a recolha de resíduos urbanos "está cancelada", porque há estradas de várias zonas encerradas e as viaturas da câmara tiveram de ser retiradas do parque dos Viveiros e "estão dispersas pela cidade". O responsável indicou que foi necessário ainda evacuar o bairro camarário das Laginhas e encontrar soluções para realojar os moradores, o mesmo acontecendo com a Estalagem do Monte, que estava "cheia" de hóspedes.
Incêndios sem vítimas mortais
A primeira conferência de imprensa sobre os incêndios foi de Miguel Albuquerque, o Presidente do Governo Regional da Madeira, logo pelas oito da manhã desta terça-feira. O governante revelou não haver registo de vítimas mortais no incêndio que ainda arde no Funchal e adiantou que o plano de contingência regional tinha sido acionado e que todos os meios "estão mobilizados", incluindo os bombeiros, a Polícia de Segurança Pública, as Forças Armadas, a Proteção Civil e a Cruz Vermelha, contando com o apoio de populares e de empresas.
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Plano Municipal de Emergência ativado por unanimidade
O Plano Municipal de Emergência da cidade do Funchal foi ativado, numa decisão votada por unanimidade, informou a Câmara. "Acaba de ser ativado o Plano Municipal de Emergência, pela Comissão Municipal de Proteção Civil, votado por unanimidade", pode ler-se num documento camarário.
O Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) fez hoje um apelo público aos enfermeiros para que estes se dirijam diretamente ao Hospital Central do Funchal, ao invés do hospital dos Marmeleiros que foi evacuado pelas autoridades.
Este Serviço pede também que os utentes com consulta externa marcada para o dia de hoje, não se desloquem à unidade de saúde do Funchal, evitando deste modo o congestionamento da estrutura.
Estradas fechadas
A empresa de transportes públicos Horários do Funchal (HF) informou que há carreiras suspensas no serviço de transporte urbano e interurbano, devido ao encerramento de algumas vias próximas dos incêndios que decorrem na Madeira desde segunda-feira.
Na nota informativa, a HF refere que estão suspensas as carreiras 20, 21, 22, 28, 93 e 94, estando o serviço nos restantes percursos a decorrer com normalidade, "apenas sujeitos a algumas interrupções que possam acontecer em consequência dos encerramentos temporário ou mais permanente de outras vias". Junto à estação da HF na Fundoa de Baixo, um autocarro de passageiros incendiou-se esta manhã, na sequência dos fogos que lavram no concelho, tendo as viaturas sido retiradas do parque da empresa. A Via Rápida, principal via de circulação na Madeira, esteve encerrada por razões de segurança, mas foi reaberta ao início da tarde em ambos os sentidos.