Entre mortos e emigrantes, Portugal perde 31,7 mil habitantes

Os residentes em Portugal tiveram mais filhos em 2016 do que em 2015, mas morreram muito mais pessoas do que nasceram. A idade média dos habitantes é atualmente de 43,9 anos
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Baixa natalidade, maior mortalidade e, embora em menor número, a população em idade ativa continua a procurar trabalho no estrangeiro, ao passo que se mantém o número de quem nos procura. Resultado: somos menos 31 757 habitantes, indicam as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os dados confirmam o decréscimo da população portuguesa prevista pelos sociólogos e demográficos, uma redução que pode ir até aos 2,6 milhões nos próximos 45 anos. Em 31 de dezembro de 2016, éramos 10 309 573 pessoas, menos 31 757 do que em 2015. Nos últimos sete anos, Portugal perdeu 264 mil habitantes. Uma das causas é o acentuar da quebra da natalidade, que se inverteu nos últimos dois anos e foi esse fator que atenuou um pouco a queda da população.

Nasceram 87 136 bebés em 2016, mais 1 526 do que em 2015, ano em que o acréscimo foi quase o dobro (3 133). Comparando o Índice Sintético de Fecundidade na última década, no ano passado voltámos aos valores de 2006/2007, com 1,36 filhos por mulher em idade fértil. Em 2013 a proporção era de 1,21. Portugal tem sido o país da UE com a mais baixa taxa de natalidade, faltando os dados do último ano dos 27 Estados membro para perceber se deixamos de estar no fim da tabela.

A acompanhar a baixa natalidade, regista-se a subida do número de mortes. Morreram 110 535 pessoas (mais 1,9% que os 108 511 em 2015), o que contribuiu para que o saldo natural se mantivesse negativo (-23 409). A este valor, juntam-se as pessoas que saíram do país, muito mais do que as que entraram, o que acentuou na última década.

Migrações estabilizam

O INE indica uma estabilização nos fluxos migratórios, sendo que os que deixam o país são praticamente o dobro do que os que entram. Estamos a falar de migrantes permanentes - quem se desloca para um novo país para aí residir um ou mais anos (ver quadro): 38 373 emigrantes e 29 925 imigrantes. Em relação a quem migra por meses (os temporários), só há estimativas para os portugueses, num total de 58 878. Uma ligeira descida comparativamente a 2015, regressando-se aos valores de 2011, início da crise financeira.

A emigração é um segundo fator que agrava o envelhecimento demográfico do país, já que há menos jovens e os adultos procuram trabalho em outras paragens. E aumenta a esperança de vida, mais 2,44 anos em média na última década - 77,61 para os homens e 83,33 para as mulheres. A idade média dos residentes é 43,9 anos. O grupo dos mais de 84 anos regista mais 12 334 pessoas em 2016 do que em 2015.

Os que têm menos de 15 anos representam 1,4 milhões de habitantes (menos 18 416) e os que têm 65 ou mais somam 2,1 milhões (mais 35 816). Uma tendência que se tem acentuado desde 2006. Desde 2000 que há mais idosos do que jovens. "Nos últimos dez anos é visível o duplo envelhecimento demográfico: a base da pirâmide apresenta um estreitamento, enquanto o seu topo se alarga", sublinham os técnicos do INE.

Há dez anos havia 112 idosos (mais de 64 anos) por cada cada 100 jovens (menos de 15 anos). Atualmente, a proporção é de 151 para 100. Valores que se refletem na população ativa e que agravam as contas da Segurança Social. Havia 26 idosos por cada 100 ativos em 2006, quando atualmente são 33 ( Índice de Dependência de Idosos). Além de que não tem havido renovação etária de quem trabalha. Em 2006, por cada 100 trabalhadores entre os 55 e 64 anos existia 117 empregados entre os 20 e 29, quando atualmente este grupo está em desvantagem, representando 80.

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