Suspeitas de infidelidades e desamores. Terão sido estas as razões que levaram ontem um homem de 32 anos a alvejar a tiro a companheira, de 41, e um homem de 51 que se encontrava com ela, num hostel, na Rua Miguel Bombarda, no centro do Porto. Ambos estão livres de perigo. O atirador barricou-se depois, durante quase duas horas, no interior da guesthouse, acabando por se entregar à polícia que ali montou um aparatoso dispositivo..Por volta das 15.00, Agostinho e a mulher, Cristina Neves, de Almada, estavam no supermercado, a escassos metros do Mercador Guesthouse e "entrou uma senhora em pânico" que pediu para chamar a polícia. "Dizia que estava um senhor na rua a escorrer sangue pela cabeça. E que tinha sido baleado", contou Agostinho Neves, ainda incrédulo com o sucedido e apanhado de surpresa num fim de semana de turismo no Porto. "Foi quando o vimos cá fora com a cara toda ensanguentada." Ouviu na rua que o ferido, o homem de 51 anos, saiu do local do crime pelo seu próprio pé para pedir socorro..Passados 15 ou 20 minutos, o casal ouviu "um grande barulho". Cristina Neves lembra-se de ter "ouvido o segundo tiro que deveria ser o disparo contra a mulher. Parecia um barulho estranho". Foram logo à janela do quarto do hotel. "Vimos uma senhora cheia de sangue e a pé, acompanhada pela polícia, na rua. Ainda vimos a ambulância do INEM chegar para transportar a vítima para o hospital", contou Cristina Neves. À hora de fecho desta edição, o homem já tinha tido alta do hospital. A mulher, atingida de raspão na cabeça e num braço, ainda se encontrava hospitalizada..Entre as versões que corriam entre os vizinhos, a mais comum indicava que "seria crime passional e que o suspeito seria marido ou companheiro da vítima e terá disparado sobre ela e um suposto amante. No local instalou-se um grande aparato policial com dezenas de polícias de intervenção a bloquear o acesso àquela zona da Rua Miguel Bombarda. Além dos carros-patrulha e das carrinhas da PSP para montar os perímetros de segurança..Dezenas de pessoas aglomeraram-se nas ruas contíguas à Miguel Bombarda, conhecida por ser uma rua cultural da cidade do Porto, com livrarias e galerias de arte. Impedidas de passar pelos agentes armados e pelas fitas a vedar o acesso, algumas turistas espanholas questionavam, espantadas, o que teria sucedido. "Não podemos passar? Porquê?", perguntava uma delas. Ao que lhe responderam: "Foi um crime passional. Há feridos.".[artigo:5007264].Pouco depois das 18.00, João Caetano, intendente da primeira divisão do Comando Metropolitana do Porto, leu um comunicado aos jornalistas, mas sem direito a perguntas. Começou por informar que "hoje [ontem] a PSP teve conhecimento de que estaria um indivíduo armado num hostel, na Rua Miguel Bombarda, na cidade do Porto, que teria efetuado disparos". E prosseguiu: "Chegados ao local, verificámos a existência de duas vítimas, com ferimentos de arma de fogo, as quais foram prontamente transportadas ao Hospital de Santo António pelo INEM." O intendente da PSP adiantou ainda que se "constatou que o presumível autor dos disparos se encontrava no interior do hostel". Explicou ainda que "foram efetuadas diligências para estabelecer contacto com o suspeito, o qual foi efetuado pelas 16.40. No seguimento do contacto e negociação com o suspeito, este entregou-se, sendo então detido pela tentativa de homicídio". A PSP apreendeu-lhe depois o revólver que teria sido utilizado para atingir as duas vítimas..À hora de fecho desta edição, o homem encontrava-se a ser ouvido pela polícia. Vai ser presente no tribunal à autoridade judiciária para aplicação das respetivas medidas de coação. Elementos da Polícia Judiciária estiveram no local para investigar os ilícitos criminais.