16 março 2017 às 10h50

Santana ameaça Sampaio com mais um livro de memórias

O ex-líder do PSD e ex-primeiro-ministro tenciona escrever um livro de resposta à biografia de Jorge Sampaio. É o segundo sobre o mesmo tema: 2004.

DN

A revelação foi feita numa entrevista que a Rádio Renascença passará hoje ao fim da tarde. Em causa estão afirmações recentes de Jorge Sampaio sobre o que o levou, em 2004, a dissolver o Parlamento (quando Santana Lopes era primeiro-ministro) e com isso a provocar eleições antecipadas (que deram ao PS, liderado por José Sócrates, a primeira e única maioria absoluta da sua história)

No segundo volume da sua biografia política, escrito pelo jornalista José Pedro Castanheira - e que está prestes a chegar às livrarias - Jorge Sampaio afirmou: "Fartei-me do Santana como primeiro-ministro, estava a deixar o país à deriva, mas não foi uma decisão ad hominem. Ninguém gosta de dissolver o Parlamento e eu tomei essa decisão em pouco mais de 48 horas. Hoje faria o mesmo, porque era preciso."

Numa primeira reação, na SIC Notícias, terça-feira à noite, Santana Lopes desafiou Sampaio para esclarecerem os dois as controvérsias de 2004, publicamente, num debate televisivo.

Agora, na entrevista à RR, promete mais um livro sobre o assunto (em 2006 já tinha lançado "2004 - Percepções e realidades") e ensaia um novo argumento: Jorge Sampaio dissolveu o Parlamento para abrir caminho à eleição presidencial de Cavaco Silva em 2006: "Estou convencido que essa foi a principal razão", afirma o atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).

Em 2005, depois de ser derrotado nas legislativas por Sócrates, Santana voltou à presidência da Câmara Municipal de Lisboa e alimentou a expetativa de ser o candidato do PSD para as presidenciais de 2006 (mas o partido inclinou-se para Cavaco Silva).

Santana Lopes afirma que Sampaio "estava muito empenhado na eleição de Cavaco Silva" e diz mesmo que chegaram a falar disso. "O sistema queria Cavaco Silva", afirmou, dizendo que para Cavaco ser eleito, nas presidenciais de 2006, era melhor que o Governo fosse do PS porque havia a convicção de que os portugueses não punham "os ovos todos no mesmo cesto".

Por outro lado, acrescenta, "o sistema dos poderosos" estava mais com Sampaio do que com ele. E a sua queda em 2004 aconteceu porque o então PR se mostrou recetivo a "algum sector financeiro e alguns empresários".