"Sim. Foi a única pessoa que eu consultei antes de tomar a decisão final. Depois de me ter sido proposto isso pelos outros países", disse o ex-presidente da Comissão Europeia.."Aliás, na altura, com o apoio do parlamento português e com o apoio do Presidente da República de Portugal, o dr. Jorge Sampaio, que expressamente disse que sim, que concordava. Foi a única pessoa que eu ouvi antes", acrescentou José Manuel Durão Barroso numa entrevista que foi hoje publicada na revista E do jornal Expresso e também divulgada pela SIC..A 16 de março de 2003, reuniram-se na ilha Terceira, na base das Lajes, nos Açores, o Presidente norte-americano, George W. Bush, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, o primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar, tendo sido recebidos pelo então primeiro-ministro português, Durão Barroso..A reunião, conhecida como Cimeira das Lajes, levou, quatro dias depois, na madrugada de 20 de março, ao início da intervenção militar no Iraque..Sobre as críticas que lhe foram feitas sobre o seu papel na Cimeira das Lajes, Durão Barroso disse que, na altura, teve "a posição adequada", de acordo com a informação disponível que possuía sobre o assunto.."Tivemos países nossos aliados e amigos, os Estados Unidos, o Reino Unido e a Espanha, que propuseram que nós organizássemos a cimeira", referiu..O ex-presidente da Comissão Europeia disse que, depois, foram verificadas "coisas que não correram bem".."Foram-me apresentados documentos dizendo que havia armas de destruição maciça no Iraque. Eu, aliás, ainda conservo alguns desses documentos. E, afinal, não havia", sublinhou.."Foi-me dito também que estava tudo preparado para uma transição a seguir. Eu nunca tive dúvidas de que seria relativamente fácil deitar abaixo [o ex-Presidente do Iraque] Saddam Hussein. A dificuldade era o dia seguinte. Bom, isso também não se veio a verificar", acrescentou..Durão Barroso disse que, se fosse hoje, "não teria tomado a mesma decisão".."Essa é uma das decisões que teria modificado. Hoje. Mas na altura não tinha essa informação. E entre os nossos aliados, a grande democracia norte-americana e o regime despótico de Saddam Hussein nós não podíamos ser completamente neutrais, devíamos apoiar os Estados Unidos", declarou..Na entrevista, o antigo primeiro-ministro português abordou vários assuntos, como a ajuda financeira internacional a Portugal, a 'espanholização' da banca portuguesa, a atual situação dos refugiados, a sua atuação na Comissão Europeia e a situação económica da Europa, entre outros..O ex-presidente da Comissão Europeia referiu ainda que não volta para a política em Portugal, dedicando-se ao ensino universitário e também ao trabalho no setor privado.