O PS Lisboa recusa pagar uma dívida de 46 989 euros de rendas do espaço onde está instalada a secção do Bairro Alto do partido e o caso já está em tribunal. Os socialistas consideram que quem falhou foi o proprietário da vivenda, que não cumpriu o acordado em 2013, quando foi estabelecido o aumento da renda de 93 para 1390 euros, mediante a realização de obras, que não foram feitas..Em causa está um espaço com quase 1000 metros quadrados junto à Praça das Flores, composto por rés-do-chão, primeiro andar, águas-furtadas e quintal. Arrendado ao PS em maio de 1975, para aí ser instalada a secção do Bairro Alto. As partes acordaram em março de 2013 - já depois de os proprietários terem sido intimados pela Câmara Municipal a fazer obras no local (entretanto desabitado) - em aumentar o valor da renda..Tal foi feito nos termos do Novo Regime do Arrendamento Urbano, aprovado pelo PS em 2006. Mas as divergências começam aqui: "Não posso fazer obras a receber 93 euros", exclama António Manzoni, em nome dos senhorios, argumentando que os socialistas "teriam de começar a pagar [os 1390 euros] para depois serem feitas as obras" - e "eles nunca pagaram"..O PS, pela voz do dirigente Luís Patrão, garante que o pagamento dos 1390 euros ficou condicionado à realização das ditas obras pelos senhorios: "Aceitámos pagar a nova renda com a condição de que a casa estivesse habitável, pois há risco de desabar." Assim, "há um processo judicial interposto pelo PS que está por decidir e, quando for conhecida a sentença, ver-se-á quem tem de pagar o quê", frisa o secretário nacional socialista com o pelouro da administração.."Queremos cumprir, mas queremos que cumpram connosco", insiste Luís Patrão. "O risco de ruir começa logo no telhado... será um colapso estrutural do edifício, dado o estado em que está", diz, qualificando a posição dos senhorios como "mais uma pressão para ver" se o PS desiste do imóvel - o que propôs fazer recebendo cerca de 40 mil euros, segundo conta António Manzoni..Na base desta perceção está o facto de o senhorio ter interposto um "processo executivo" no tribunal para penhora de rendas no valor de 46 989 euros - o valor que alega estar em dívida desde o acordo celebrado. António Manzoni também considera que "dentro do PS existem pessoas que pretendem ficar com a casa para que a possam vender". Na base disso, revela, está "o facto de o advogado do PS já nos ter feito uma proposta de compra por um quinto do valor de mercado, mas sem necessidade de revogação do contrato de arrendamento com o próprio PS"..Luís Patrão contrapõe: "Desminto. Nunca fizemos qualquer proposta de compra. Estamos disponíveis para prescindir do arrendamento se formos indemnizados" sobre um contrato assinado há quatro décadas..Consultada a carta a que se refere António Manzoni, constata-se que o advogado do PS - "tendo em vista procurar uma solução extrajudicial (...) e considerando o eventual interesse dos proprietários na venda do imóvel" - informa-o da existência "de cliente estrangeiro interessado na compra do mesmo" por 300 mil euros, no seu estado atual "e sem prévia resolução do contrato de arrendamento em vigor".