"Tudo o que está a ser preparado do será em conjunto. A campanha foi um balão de ensaio para esta coligação e contagiou distritais e concelhias. Costa acabou por unir mais Passos Coelho e Paulo Portas e esta união agradou aos portugueses". Esta era uma declaração de uma fonte da direção PSD, publicada no DN, a 27 de novembro de 2015. Essa fonte dizia mais: que a oposição ao PS " ser uma luta sem tréguas, muito combativa. Temos noção de que se não estivermos unidos não venceremos a esquerda, e é essa a imagem que se quer passar até chegar, esperamos que muito em breve, o momento das eleições antecipadas"..Passaram apenas cinco meses e, pelo que se viu esta semana no parlamento - nas reações ao Programa de Estabilidade e ao Plano Nacional de Reformas (PNR) - PSD e CDS estão muito longe desse caminho. O que parecia ser, nessa altura, uma estratégia renovação de votos de casamento, desembocou numa indiscutível consumação de divórcio..O PSD avisou logo que não iria suscitar a votação dos diplomas do governo. Logo no início do mês, em entrevista à Antena 1, Passos Coelho deu logo esse sinal, afirmando que "em princípio" não iriam por essa via. Esta semana o vice-presidente da bancada do PSD, Leitão Amaro, correspondeu: "Da parte do PSD, não existem dúvidas de que a maioria de esquerda, de Governo - PS, BE, PCP e "Verdes" -, apoia este caminho errado. Portanto, não víamos necessidade e utilidade em submeter o PE a votação", sublinhou..O CDS manteve suspense até ao último dia - até ser conhecido o conteúdo do Programa de Estabilidade e do Plano de Reformas - e avançou mesmo com um projeto de resolução, no qual recomenda ao governo que os leve a votos. A presidente centrista, Assunção Cristas, que desde que assumiu a liderança do partido não esconde que é uma concorrente direta de Passos, admite a consumação do divórcio. "Se estamos ou não com outras companhias, confesso que cada partido fará a sua análise e desenhará a sua estratégia", vincou este sábado, na inauguração da nova sede em Marco de Canaveses..Um dos estrategas do partido e coordenador do Gabinete de Estudos, Diogo Feio, acha "muito natural" este cenário. "Não digo que seja divórcio, mas sim uma clara autonomia. Temos uma estratégia própria e somos concorrentes de todos os partidos. O grupo parlamentar do CDS foi rápido e certeiro a reagir", assinalou..E com isto, conseguiu obrigar Passos Coelho a correr atrás, tendo de reagir à iniciativa do CDS, ao seu jeito, meio atabalhoado. "Se o Governo entender submeter à votação do parlamento estes documentos, nós não daremos o nosso apoio, porque não concordamos com eles" e "se outro partido qualquer tencionar provocar essa votação - nós não iremos provocar - mas se por iniciativa de algum outro partido, seja o CDS-PP, essa questão for colocada ao parlamento, seremos consistentes com esta nossa avaliação", respondeu, quando questionado pelos jornalistas, na visita à Ovibeja..Apesar das críticas às ideias do governo, que para Passos "não traduzem uma estratégia de futuro para o país, com princípio, meio e fim", o líder do maior partido da oposição não deixou de assinalar que o PNR tem "muitas medidas" com as quais concorda. Uma anuência que não se ouviu de Assunção Cristas.