Passos vai influenciar PPE de Merkel e Orbán a favor de Guterres

Antigo primeiro-ministro socialista considera apoio dos sociais democratas "preciosíssimo"
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O candidato a secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou hoje o apoio do PSD como "preciosíssimo", não só pelo PSD mas "pela influência que irá exercer na família política europeia a que pertence [o Partido Popular Europeu] e que é determinante na política mundial".

Durante um jantar conferência nas jornadas parlamentares do PSD, em Santarém, Guterres confessou que a "solidariedade que Passos Coelho me ofereceu foi não só em relação ao PSD, mas à família europeia a que o PSD pertence. Por isso não me atrevo a pedir mais." O PPE, recorde-se, integra importantes líderes mundiais como a chanceler alemã Angela Merkel e até adversários da política de Guterres como Victor Órban.

O antigo governante socialista foi acarinhado pelos deputados social-democratas como se fosse um histórico do PSD. O deputado Duarte Marques, por exemplo, considerou o socialista um exemplo e disse que o apoio do PSD à candidatura é porque Guterres é o melhor e não "porque fica bem". Antes disso, Guterres já tinha sido aplaudido pelos deputados do PSD à chegada.

Na intervenção, Guterres confessou que o apoio do PSD falou "tão fundo" no seu "coração". Antes disso, mesmo não estando na agenda, nem previsto, Passos Coelho pediu mesmo o microfone para "reafirmar publicamente que o engenheiro Guterres contará com o entusiástico apoio do PSD e, creio, de todas as forças políticas nacionais na sua candidatura a secretário-geral da ONU que o governo português está a preparar."

Passos Coelho acredita que esta "será uma candidatura bem sucedida" e que, uma vez no cargo, conseguirá "dar bem conta do recado".

António Guterres falou, mais uma vez, na problemática das migração, alertando que, neste momento, a "entidade reguladora dos movimentos migratórios são os traficantes". Para o ex-alto comissário para os refugiados da ONU, "vale a pena investir na regulação dos movimentos migratórios", pois "sem migrações regulares" a tendência é que aumentem as "irregulares".

Guterres diz que a Europa não tem sido mais negligente que outras regiões, embora admita a incapacidade dos Estados em lidarem com o problema. Confessou-se um "federalista europeu frustrado" e advertiu que "um país como a Alemanha, sozinho, não vai conseguir resolver esta crise de refugiados".

Em altura de Orçamento de Estado, Guterres - que no momento do fecho desta edição ainda respondia a perguntas e ouvia elogios de deputados - não falou mais uma vez de política nacional, dizendo apenas que se sentia "reconfortado" por ser português e por no país "os partidos políticos relevantes não cederem ao populismo nem à xenofobia".

No final do encontro, Guterres voltou a fugir da política nacional, dizendo apenas que ficou sensibilizado com o convite do PSD e revelando que irá "em breve a uma realização" do PS nesta matéria", logo "não há discriminação em relação a nenhuma força". Questionado sobre se PS e PSD só se conseguem entender quanto ao próprio Guterres, o socialista disse apenas que "o facto de as forças políticas portuguesas como o PS e PSD terem uma posição positiva em matéria de asilo e emigração é porventura muito mais importante do que possam pensar" em relação a si próprio.

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