As transferências bancárias na mira da investigação do chamado "caso Sócrates", da Operação Marquês, foram feitas a partir da Espírito Santo Enterprises, através de offshores. A revelação feita pelo semanário Expresso este sábado parte da investigação jornalística dos Papéis do Panamá..Segundo o Expresso, em causa estão pagamentos de 12,5 milhões de euros. Na Operação Marquês, o Ministério Público investiga o circuito do dinheiro que foi parar às contas na Suíça de Carlos Santos Silva, o amigo de José Sócrates também arguido no processo. Os investigadores acreditam que esse dinheiro se destinava a pagar "luvas" ao ex-primeiro-ministro como contrapartida de decisões, designadamente para a aprovação da nova fase de desenvolvimento do empreendimento de Vale do Lobo, no Algarve..O "trânsito" do dinheiro, ainda segundo o Expresso, passa por Hélder Bataglia, empresário luso-angolano presidente e fundador da empresa Escom..[artigo:5059551].Na Operação Marquês, como o DN noticiou, o Ministério Público enviou para Angola uma carta rogatória para constituir arguido o empresário. E segundo o Observador, nessa carta solicita-se que no interrogatório a Bataglia se esclareça a origem dos referidos 12,5 milhões de euros..Já no início da madrugada deste sábado, a defesa de José Sócrates reagiu à manchete do Expresso, afirmando em comunicado que as suspeitas do envolvimento do antigo governante com offshores do Panamá são "infundadas, abusivas e caluniosas".."O Engenheiro José Sócrates não tem, nem nunca teve, diretamente ou indiretamente, designadamente através de offshores, qualquer relação negocial com o Senhor Hélder Bataglia", escrevem os advogados de Sócrates..A existência do "saco azul" do Grupo Espírito Santo em offshores tinha sido avançada pelo semanário na semana passada, sem que no entanto se fizesse qualquer relação com a Operação Marquês..[artigo:5118114].Já esta sexta-feira, a TVI - que junto com o Expresso faz parte do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação que investiga os Papéis do Panamá - dá notícia de que o "patrão" do BES, Ricardo Salgado, tinha contas offshore nas Ilhas Caimão e no Panamá no valor de 37 milhões de euros. Contas estas que, segundo a mesma fonte, Salgado repatriou desde 2005, mas apenas parcialmente..Quem também se vê envolvido no processo Papéis do Panamá é João Rendeiro, ex-presidente do Banco Privado Português, que segundo a investigação adquiriu parte da sua moradia na Quinta Patiño através de uma offshore criada pela Mossack Fonseca..[artigo:5128883]