"Nas próximas eleições, o CDS deve ir sozinho"

Assunção Cristas prepara-se para ser eleita a sucessora de Paulo Portas à frente do CDS e reafirmou esta noite que "nas próximas eleições, o CDS deve ir sozinho".
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Assunção Cristas assumiu na entrevista à RTP3 que ainda há "cicatrizes" no país. "As pessoas não estavam preparadas para isto", disse referindo-se ao acordo de esquerdas que caracterizou de "fraude" e "engano". "Mas agora é altura de virar a página". Como líder de um partido que está na oposição acrescentou que esta "é uma oportunidade de desmontar a lógica do voto útil, se acham que temos bons políticos", acrescentou.

Fora dos planos está uma nova coligação com o PSD antes das eleições. "Nas próximas eleições legislativas o CDS deve ir sozinho", afirmou, entrevistada por Vítor Gonçalves. Única candidata às eleições, Cristas pretende "falar menos de questões que nos tomaram o discurso, como a dívida ou o défice, e olhar mais para a vida concreta, como se cria um emprego. Não vejo uma família a debater a dívida, debatem como arranjar um emprego".

Fica, porém, escancarada a porta para um futuro entendimento. "O centro-direita voltará a governar se tiver 116 votos", notou, assinalando o precedente aberto por PS, BE e PCP e PEV.

"Do ponto de vista político, é positivo os eleitores poderem escolher entre vários partidos. Projetos que são uma alternativa ao governo que temos agora, socialista alicerçado nas esquerdas radicais", sustentou.

Cristas, militante do CDS há 9 anos, promete uma oposição com "acutilância" e diz que só pensou na liderança depois de Paulo Portas ter anunciado a sua saída. E, garante, vai delegar e partilhar mais por oposição ao estilo "centralizador".

Orçamento comprometido em Bruxelas

Chamada a comentar as declarações de Pierre Moscovici sobre o Orçamento do Estado (OE) português, Assunção Cristas pôs a tónica na possibilidade do plano do PS não poder seguir em frente, deixando uma dúvida: "as medidas já estão comprometidas em Bruxelas e em Portugal não se saber". "A dúvida, intranquilidade e a incerteza não são boas para a economia", declarou.

São declarações extemporâneas? "A sensação que fica, para quem vê de fora, é que lá dentro foi dita alguma coisa que não foi dita cá para fora", respondeu, garantindo que não quer que o OE corra mal, mas que tem "as maiores dúvidas", tal como, aproveitou para relembrar, a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) e a Comissão Europeia.

O caso Maria Luís Albuquerque

Assunção Cristas quer um debate alargado sobre os políticos e as suas incompatibilidades. "A questão de fundo para a sociedade portuguesa tem a ver com o tipo de políticos que queremos ter. Queremos ter políticos de carreira que não têm uma profissão própria? Esse é um debate muito importante para a sociedade portuguesa, mas devem ser as fundações e as associações a fazerem".

O mesmo debate, alargado, pede para a questão do salário dos deputados. São mal pagos? "Não vou classificar, num país onde temos um salário mínimo baixo e um salário médio baixo. Para a política irão os que têm apelo pelo serviço público, mas não apela aos melhores da área".

Eutanásia

"Sou tanto conta o prolongamento desproporcionado da vida de uma pessoa como condeno a eutanásia", respondeu Assunção Cristas, questionada sobre o posicionamento do partido relativamente a esta matéria. "O que vamos fazer é a apresentação de uma moção apresentada pela nossa deputada Isabel Galriça Neto. Depois vai para o Conselho Nacional onde será debatida e o partido decidirá."

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